“CRER É TAMBÉM PENSAR”
Uma
das coisas que nos distinguem dos animais irracionais é a capacidade que
possuímos de pensar, raciocinar. O filósofo francês René Descartes ficou famoso
pela seguinte frase: “Penso logo existo”. A mente é a parte do corpo humano
mais complexa e difícil de ser estudada e apesar dos avanços tecnológicos do
século XXI, ainda há muitos mistérios que a envolvem e dentre este emaranhado
de coisas desconhecidas estão também a capacidade de crer, ou acreditar que é
uma capacidade nata do ser humano, todos, sem exceção, acreditam em alguma
coisa, seja visível ou não, apalpável, fazendo parte do presente ou futuro,
perto ou distante; fácil ou difícil; em fim, se formos realizar uma entrevista
que alcance toda a população da terra, chegaríamos à conclusão que, na verdade,
todos crêem em alguma “coisa”.
Agora é importante salientarmos que ninguém consegue crer em
qualquer coisa, por mais insignificante que pareça ser sem antes ordenar esta
“crença” através de pensamentos ordenados que o levem a chegar onde deseja.
O escritor da carta aos hebreus afirma no versículo três do
capítulo onze que pela fé, entendemos, quer dizer raciocinamos que foi o
universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir
das coisas que não aparecem. Paulo escrevendo aos Romanos (Rm 12:1) afirma que
o nosso culto deve ser racional, que mesmo buscando a um Deus invisível, que é
espírito, devemos fazê-lo consciente usando a capacidade que Ele mesmo nos deu
do raciocínio.
A fé bíblica não é algo louco, irracional, sem
fundamentação, sem objetivos, mesmo sendo ela invisível abstrata. Pelo
contrário, no capítulo onze, primeiro versículo parte b, da carta aos hebreus
dá a seguinte definição de fé: “é a convicção de fatos que não se vêem”, sim,
invisíveis, mais fatos. Traz a idéia de ordem de pensamentos organizados, que
sabem aonde quer chegar, que tem um alvo, um objetivo, portanto uma
racionalidade.
Crer não é apenas pensar positivo como muitos acreditam.
Acham que é o simples poder da mente que realiza coisas extraordinárias (no
sentido de sobrenatural). Não, não entendemos desta maneira. Quando afirmo que
“Crer é também pensar”, quero dizer o seguinte: Para que a minha fé não seja
tola, ou até tida como louca, é preciso tê-la na mente de forma organizada
através do pensar, não meramente como um pensamento positivo, ou uma energia,
mas levando-a cativa ao senhorio de Cristo, pois ele é o autor e consumador da fé
que possuímos.
Vale à pena, não apenas pensar, pois o pensar é apenas o
início e não o fim, ou ainda, um método para se chegar a um fim único, mas
acreditar naquele que é poderoso para operar infinitamente mais do que tudo o
que pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós (Ef. 3.20). Portanto,
que saibamos utilizar corretamente a nossa fé, com objetivos bem definidos,
usando-a a nosso favor e de outrem, mas principalmente para glorificar o nome
do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Soli Deo Glória
Juvenal M. de Oliveira Netto
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