sexta-feira, 30 de junho de 2023

FALAR SOZINHO, É COISA DE GENTE DEMENTE?

 


Quem nunca percebeu alguém caminhando pela rua conversando como se estivesse acompanhada ou quem sabe você mesmo em algum momento não tenha percebido que seus pensamentos ganharam vida em seus lábios através das palavras ou do simples balbuciar? Somos muito preconceituosos, não e mesmo? Durante muito tempo interpretei a pessoa que age dessa maneira como um ser “anormal”, mas, esse costume é mais comum do que muita gente imagina.

Esse hábito não é recente, muito pelo contrário, há fortes indícios de que sua origem chega a ultrapassar cerca de 1.000 anos a. C., data estabelecida por inúmeros estudiosos sobre grande parte das composições, as quais compõem o livro dos Salmos. Esses escritos canônicos ganharam ao longo dos séculos grande proeminência por religiosos de variados credos e até mesmo por pessoas alheias a qualquer tipo de religião. Acredito que um dos motivos prováveis seja em virtude das pessoas se identificarem com as experiências relatadas pelos seus autores e a maneira como conseguiram lidar com elas. Homens que decidiram rasgar seus corações e escrever sobre seus dilemas, momentos de vitórias, conquistas e de júbilo, mas, também de choro, angústia e dor. Tendo como fator determinante seu relacionamento com Deus em quem encontraram o devido alento e respostas para suas inúmeras indagações. Me deterei aqui apenas a um deles, ao de número quarenta e dois.

O autor desse Salmo parece estar vivendo um período terrível em sua vida. Ele não relata qual o motivo, mas, faz um contraste de momentos esplêndidos que experimentou no passado com o presente tão sombrio, parece que estava perplexo. Como poderia diante de tantos dias festivos, alegres e de vitórias que o meu Deus me proporcionou, agora estar passando por essa turbulência? Deve ter se questionado. Uma experiência que praticamente todos nós também vivenciamos em algum instante. Ele repete por três vezes a expressão: “Por que está abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” É alguém externando sua dor para si, buscando encorajamento e respostas. É alguém refutando a racionalidade de sua própria alma. Será que ela estaria lhe pregando uma peça? Ele pergunta e imediatamente dá a resposta: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.”, ou seja, deixa transparecer que sua mente o estava boicotando.

Por isso, muitos terapeutas da atualidade confirmam o que a Bíblia já revela há milênios. Em alguns momentos se faz necessário romper o silêncio e verbalizar em alta voz o que estamos sentindo, ainda que seja para você mesmo. Observamos lendo o livro de Salmos esse comportamento supramencionado se repetir por inúmeras vezes. A boa notícia para quem chegou até aqui é saber que, em meio a angústia, eles obtiveram a vitória. Permitam-me agora, ir um pouco além dos ensinamentos terapêuticos tradicionais. O segredo desses personagens reais não foi apenas o externar, mas, fazê-lo direcionando sua mente a crer no Deus que já havia provado suficientemente poderoso para mudar toda e qualquer circunstância por mais adversa que pareça ser. Fale sozinho, sim, é terapêutico, mas, jamais deixe de falar para Deus. Somente ele tem TODO o poder para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos (Efésios 3.20).

“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4.14-15)

Juvenal Netto

sexta-feira, 23 de junho de 2023

A IMPORTÂNCIA DE UM AMIGO

 



O psicólogo americano Abraham Maslow se tornou referência na psicologia humanista por criar na metade do século passado a “Teoria da hierarquia das necessidades humanas”, também conhecida como a Pirâmide de Maslow, a qual define cinco níveis graduais de necessidades a serem alcançadas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de autorrealização. Ele coloca as necessidades sociais em terceiro nível, compreendendo a importância dos relacionamentos afetivos na vida dos indivíduos. A amizade é definida pelos dicionários como um relacionamento que as pessoas têm de afeto e carinho por outra, caracterizada por lealdade, reciprocidade, intimidade, ajuda mútua, compreensão e confiança.

A simples definição supramencionada não é o suficiente para definirmos em nossa rede de relacionamentos quem poderá ser classificado como nossos amigos. Como fazer ou quais outros critérios adotarmos para poder identificá-los? É muito difícil distinguir um amigo quando as coisas estão indo bem, pois, nessas horas muitos se mantêm por perto e até se colocam à disposição para ajudar, caso, seja necessário, isto é o que afirmam categoricamente. Contudo, normalmente são nos momentos de dor e sofrimentos que os verdadeiros amigos se revelam.

Jó era um homem íntegro e temente a Deus. Um dos fazendeiros mais ricos de sua época (Jó 1.1-3). Conjecturando aqui, pois, a Bíblia não fornece este detalhe, talvez por isso sua casa fosse constantemente frequentada por diversos moradores da cidade. Em um curto período aquele homem perdeu tudo, suas riquezas, filhos e a saúde. Jó estava sendo provado. Fazendo um breve parêntese, é isso mesmo, provação é algo para gente que teme a Deus (I Pedro 1.6-9). A diferença para o incrédulo é o fim da linha, para este é condenação, enquanto para aquele, é receber tudo em dobro e a vida eterna. Voltando ao tema principal, agora sua casa na fazenda já não é mais tão frequentada, sua lista de amigos começa a sofrer reduções, mas, ele recebe a visita de três candidatos a amigos, seus nomes são: Elifaz, Bildade e Zofar. Jó estava só, enfermo e carente, necessitando urgentemente de um ombro amigo, no entanto, aqueles homens chegaram estendendo o dedo acusador. Ficaram o tempo todo insistindo que tamanho sofrimento só poderia ser consequência de algum erro cometido por ele diante de Deus, ou seja, metaforicamente, oferecendo uma corda para quem tem motivos de se enforcar. Sua lista de amigos sofre mais cortes, agora só lhe resta sua esposa. Para sua surpresa, ela chega para ele e sugere que amaldiçoasse o seu Deus e morresse (Jó 2.9). Excepcionalmente, no caso deste homem, pôde constatar que não possuía amigo algum, no entanto, refletiu o quanto eles fazem falta.

Por isto, devemos manter todos os esforços para construirmos amizades verdadeiras, reconhecendo que todo relacionamento possui uma via de mão dupla, isto é, eu e você precisamos fazer a nossa parte, nos tornando ombro amigo na vida de outras pessoas. A situação de Jó só não foi ainda mais dramática porque ele possuía um superamigo, Jeová Shammah (O Deus que sempre presente está), quem lhe estendeu a mão e não deixou que perecesse.

Juvenal Netto

domingo, 4 de junho de 2023

CUIDADO COM ALIANÇAS PRODITÓRIAS

 

Muita gente se equivoca e sofre pesadas consequências ao confundir bondade com ingenuidade. Existem princípios espirituais que se sobrepõem a quaisquer outros que sejam estabelecidos pelo homem. Um deles é que a luz jamais se misturará com as trevas (Salmos 1.1). Onde ela chega, obrigatoriamente as trevas são dissipadas. Seria como colocar água e óleo em um liquidificador e bater para formar uma substância homogênea. Eles sempre estarão separados e distintos.

Josafá foi ungido rei sobre Judá (Reino do Sul) aos 35 anos e reinou por 25 anos no período aproximado de 870 a 848 a. C. Ele tinha um coração ousado em seguir os caminhos do Senhor. Se preocupou em ensinar os preceitos de Deus ao designar seus príncipes e levitas para as cidades circunvizinhas de modo a cumprirem essa missão (II Cr 17.7-9). Obteve vitórias expressivas sobre seus inimigos; contra os moabitas e amonitas de forma sobrenatural, após convocar o povo para jejuar e buscar ao Senhor. Um reinado marcado por glórias, riquezas e conquistas, construindo fortalezas e cidades-armazéns. Josafá demonstrou através de sua liderança que temia ao Senhor, por isso foi tão bem-sucedido, não obstante, cometeu dois erros da mesma natureza ao fazer aliança com dois reis pagãos, primeiro, com Acabe e depois, com Acazias, ambos reis de Israel (Reino do Norte). Mesmo sendo alertado pelos profetas quanto a desaprovação do Senhor, insistiu nessa empreitada e pagou um alto preço pela sua teimosia.

Fazendo uma analogia entre Josafá e os dois reis de Israel, diria que o primeiro representaria hoje a Igreja enquanto os outros, o mundo. Antes de prosseguir, é preciso deixar claro que a palavra “mundo” empregada aqui não significa “pessoas” e sim um sistema orquestrado por Satanás, onde os indivíduos se tornam simples marionetes em suas mãos. Uma das inúmeras estratégias desse ser maligno é tentar costurar alianças entre a Igreja de Cristo e o mundo. Tentar desprezar e desqualificar as suas diferenças, principalmente, através do relativismo, onde tudo é questionável e não há verdade absoluta. Como ele é inteligente e estratégico, nem sempre se mostrará de forma clara e limpa, ou seja, muitas vezes se apresentará dissimuladamente como se pertencesse ao mesmo meio, apenas utilizando nomes diferentes os quais podemos também chamá-los de denominações ou religiões. Infelizmente, seu estratagema tem dado resultado, assim como aconteceu com Josafá, mesmo em posse das Sagradas Escrituras onde estão contidas todas as diretrizes para aqueles que querem andar nos caminhos do Senhor, muitos têm cedido à tentação e acabam por fazer alianças com esse mecanismo sinistro. O resultado dessa prática já foi profetizado e aqueles que optarem por esse caminho receberão a sua devida recompensa.

Portanto, se alguém pensa que a Bíblia pode ser modificada ou que o Diabo e seus seguidores, isto é, os demônios, podem vir a se converter, lamento informar-lhes de que estão equivocados (I João 2.15-19). Quem insistir em andar de mãos dadas com eles, fazendo alianças que o Senhor jamais aprovaria, consequentemente, experimentarão o juízo do Eterno, pois ele é amor, mas, também fogo consumidor (Hebreus 12.29).

Juvenal Netto