quarta-feira, 17 de abril de 2024

A INTERDEPENDÊNCIA FAZ PARTE DA MISSÃO

 


Um dos grandes dilemas enfrentados pelos homens é compreender o significado de sua existência. Encontrar a resposta para essa indagação não é nada fácil. Entretanto, devido à sua relevância, quem a distingue automaticamente percebe que ela é a chave para inúmeras outras questões, as quais circundam a natureza humana. Identificar qual é a sua missão pode fazer toda a diferença, independentemente da fé ou religião que professe, pois ela é a mola propulsora capaz de manter o seu corpo e alma em movimento contínuo. Você já descobriu qual é a sua?

Moisés nasceu com a exímia função de libertar seu povo de uma escravidão, a qual já perdurava por mais de três séculos (Ex 12.40). Como por norma, quanto mais expressiva, maior será o seu nível de dificuldade. O primeiro obstáculo foi justamente sobreviver ao parto, pois o rei do Egito havia determinado para as parteiras hebreias que matassem todas as crianças do sexo masculino (Ex 1.15-20). No entanto, quem determina a tarefa se incumbe de oferecer todo o suporte necessário. Aquele bebê nasceu e, antes que completasse o quarto mês de vida, foi novamente submetido a outra grande prova, mas Deus estava cuidando de tudo, nos mínimos detalhes (Ex 2.1-10). Moisés obteve todas as ferramentas necessárias para capacitá-lo a cumprir o seu chamado.

Quando Deus viu que seu servo estava pronto, o designou mediante uma grande visão (Ex 3.1-10). A reação de Moisés foi colocar uma série de desculpas, todas no intuito de se esquivar da responsabilidade. Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra! A última delas foi sua limitação quanto à fala. Não se sabe ao certo que dificuldade era essa, talvez uma gagueira. Seguindo o raciocínio lógico e meramente humano, diríamos: é fácil, basta apenas remover esse impedimento, afinal de contas, Deus pode todas as coisas, não obstante, ele não agiu desse modo. A resposta do Eterno para Moisés foi a seguinte: “...Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem... E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer. E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus.” (Ex 4.14-16)

À luz da experiência de Moisés, podemos assimilar alguns conceitos. Todos recebem pelo menos uma missão ao nascerem. Quanto maior a relevância desta, maiores serão os empecilhos, por isso, é importante ter muita cautela ao desejar estar no mesmo “pódio” que seu irmão; está disposto a passar também por suas provas? Aliado ao ofício, você receberá toda a estrutura necessária, isto é, não haverá justificativa para se negar a cumprir. Finalmente, e não menos importante, Moisés aprendeu que o significado para sua existência estava exatamente em obedecer ao seu chamado e, para tanto, precisaria depender totalmente de Deus, mas, não apenas isso. Ele não conseguiria fazer nada sozinho. Muitas vezes, cumprir sua missão envolverá também depender de outras pessoas. A formação desse triângulo interdependente na conexão entre Deus, homem e o seu próximo é imperativa para o êxito no comissionamento. Que cumpramos nossa missão, bem como sejamos instrumentos para que outros também alcancem este objetivo. 

 

Juvenal Netto

sábado, 9 de março de 2024

UM CONVITE INUSITADO

 


Normalmente, ninguém convida um amigo para algo aparentemente ruim, pois queremos fortalecer mais e mais os laços fraternos, principalmente pelo fato de ser tão difícil encontrar um que atenda nossos exigentes requisitos. Entretanto, como o reino de Deus está sempre em oposição aos poderes deste mundo caído, às vezes, o que é ruim sob o prisma deste, é motivo de gozo e contentamento, consoante os parâmetros estabelecidos por aquele.

O apóstolo Paulo escreve duas cartas pastorais para o seu filho na fé, Timóteo. Suas orientações, baseadas nas experiências vividas no campo missionário e na inspiração recebida pelo Espírito Santo, tinham for finalidade principal capacitar aquele novo obreiro de modo a poder cumprir com excelência o ministério que recebera do Senhor Jesus. Aparentemente, Timóteo, apesar de apresentar características que comprovariam seu chamado, mesmo assim necessitava ser supervisionado por alguém com uma bagagem como a que Paulo possuía. Na sua segunda carta, Paulo relembra seu aprendiz de como ele fora ungido e, automaticamente, capacitado para liderar aquele rebanho em Éfeso. Alguns estudiosos afirmam que Timóteo era muito tímido e precisava vencer essa limitação para prosseguir na missão de conduzir a igreja aos seus novos desafios. Para tanto, necessitaria de poder, intrepidez, derramados pelo Espírito Santo ao que o busca; amor pelas almas perdidas e equilíbrio emocional (2Tm 1.6-7). Características fundamentais para enfrentar as perseguições que sempre assolaram a igreja cristã até hoje. Paulo não esconde nada de Timóteo. Abrindo um parêntese aqui, hoje, há uma tendência de romantizar demais o cristianismo, talvez, quem assim o faça, seja por receio de assustar e desencorajar os novos discípulos. Apresentam um evangelho triunfalista, onde não há possibilidade alguma para sofrimentos, exceto se essa pessoa estiver vivendo em desobediência a Deus, ou seja, uma meia verdade.

Paulo encoraja Timóteo, convidando-o a participar com ele dos sofrimentos oriundos da pregação do Evangelho (2Tm 1.8). Jesus fez algo parecido com seus discípulos ao deixar bem claro para eles que assim como o perseguiram, o difamaram e o maltrataram até a morte, e, morte de cruz, também fariam o mesmo com todos os seus seguidores (Jo 15.20). Se Paulo simplesmente fizesse o convite sem expor as motivações, poderíamos dizer que ele estaria desanimando seu aluno, mas não é isso que acontece. Ele aponta novamente para Cristo, aquele que padeceu e morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou, vencendo a morte de uma vez por todas e o mesmo acontecerá com todos que o seguirem (2Tm 1.10-12).  

Desta forma, se sofrermos neste mundo por estar obedecendo à Palavra, buscando incansavelmente a santidade, não por vanglória ou por medo do inferno, mas com a admirável motivação de nos tornarmos cada vez mais parecidos com Cristo, glorificaremos a Deus em todo o tempo e seremos mais que vencedores  (1Pe 2.19-25; 3.14-17).  

Juvenal Netto

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

BODAS DE ALEXANDRITA

Como agradecer a Deus por tudo aquilo que tem feito por nós?! O dia vinte e quatro de janeiro, especificamente, a partir do ano de 1998, se tornou uma data sublime para mim e para a minha esposa. Nesse célebre dia, no templo da Primeira Igreja Batista em São Pedro da Aldeia-RJ, selamos nossa união diante de Deus e várias testemunhas. A motivação maior, a qual nos deu toda convicção para proferirmos reciprocamente no altar aquelas frases tão ilustres e, em simultâneo, tão desafiantes, foi o grande amor que o Senhor fez brotar em nossos corações mutuamente. Este sentimento tem sido um dos pilares para prosseguirmos firmes no cumprimento do juramento, o qual fizemos: “... até que a morte nos separe”. Não existe casamento perfeito, partindo do pressuposto quanto à imperfeição generalizada, característica inerente a todos os seres humanos. Por isso, existem outros pilares para solidificar gradativamente o relacionamento conjugal e devem ser observados atentamente. O maior deles é a presença daquele que instituiu a família, digo, o Deus criador de todas as coisas. Atitudes, como perdão, respeito, reconhecimento, altruísmo, enaltecimento das virtudes e acertos em detrimento das falhas e imperfeições, além de muitas outras. A Bíblia nos fornece ferramentas, em forma de orientações, voltadas exclusivamente para o matrimônio e cita as responsabilidades peculiares do marido e da esposa (Ef 5.22-33). Tudo isso só é exequível na vida do casal mediante estarem juntos aos pés de Cristo, mortificando diariamente sua natureza adâmica.

Hoje, completamos Bodas de Alexandrita, uma pedra preciosa rara e valiosa, conhecida por sua capacidade de mudar de cor dependendo da iluminação. Suas características nos ajudam a refletir sobre todos esses anos juntos. Como foi importante nos adaptarmos às diversas fases do relacionamento: sem filhos; com filhos pequenos, depois adolescentes e agora adultos. Nestes ajustes, compreendemos o quão importante é rever conceitos. Reconhecermos como as mudanças são extremamente necessárias, desde que visem sempre o aperfeiçoamento de ambos e corrobore para o fortalecimento do relacionamento. Nossas prioridades atuais não são mais as mesmas de fases já ultrapassadas e esse entendimento é imprescindível para manter a chama acesa. Neste período de transição, com as nossas filhas adultas e independentes, precisamos nos preparar para não sofrermos tanto o impacto do que chamam de “síndrome do ninho vazio”. A atenção total deve se voltar para o cônjuge, como era no início, pois, os filhos, assim como os pássaros, criam asas e voam; que voem mesmo cada vez mais alto.

Por fim, concluímos, expressando mais uma vez toda nossa gratidão ao nosso Senhor e Mestre Jesus de Nazaré, por nos unir, fazer frutificar (Débora, Esther...), sustentar e renovar todos os sentimentos que nutrimos um pelo outro. Aproveitamos a oportunidade para testemunhar diante daqueles que nos circundam o quão magnífico é esse projeto chamado, família, apesar de todas as nossas limitações e imperfeições. Quero declarar mais uma vez todo o meu amor e admiração que sinto por minha esposa, uma mulher virtuosa, com imensuráveis qualidades, motivos pelos quais percebo que a escolha como companheira foi uma decisão indubitável. Deus é bom!


Juvenal Netto