segunda-feira, 29 de março de 2021

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE XIX

 


Por muito tempo perdurou a ideia de que acreditar nas narrativas da Bíblia e procurar segui-la seria algo para pobres, incultos ou pessoas desesperadas, entretanto, existem evidências, testemunhos que nos levam a crer que a mensagem do evangelho alcançou a todos de forma indistinta, independentemente de fatores sociais, econômicos ou culturais. Aqui será explanado o encontro com Jesus de um homem que ocupava uma posição de destaque na sociedade judaica. Nicodemos era membro do Conselho Judaico, chamado Sinédrio, um Senador que possuía grande autoridade em Jerusalém.  Era um homem influente e com alto poder aquisitivo.

            O Evangelho de João, único a mencionar a experiência vivida por Nicodemos, relata como ele foi ao encontro do Nazareno no intuito de buscar esclarecimentos acerca dos seus inúmeros questionamentos, apesar de exercer a função de “mestre” dentre os religiosos fariseus. Ele começa o seu diálogo reconhecendo que Jesus era mesmo quem dizia ser, isto é, o Filho de Deus, pois, segundo ele, jamais alguém poderia realizar tamanhos prodígios se o Eterno não fosse com ele. No entanto, apesar de possuir convicção sobre essa realidade e de conhecer minuciosamente as Sagradas Escrituras, não tinha a menor ideia sobre o que fazer para ter acesso ao seu Reino. Existem inúmeras pessoas com histórico de vida parecidos com a desse indivíduo, apesar de possuírem diversas graduações em distintas áreas e se relacionarem com grandes intelectuais, usualmente, não são capazes de compreender realidades espirituais. Assim como esse fariseu, até creem em Jesus, mas, não sabem ou não querem saber o que fazer para transformar essa crença superficial em algo concreto, capaz de levá-los a outra dimensão.  

Nicodemos teve a grande prerrogativa de ouvir todo o plano da salvação diretamente dos lábios de Jesus, inclusive do trecho que é considerado por muitos estudiosos como sendo o coração da Bíblia que diz assim: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Jesus deixa muito claro para esse homem que crer nEle é condição fundamental para uma pessoa ser salva, assim como a condenação é certa para aqueles que não crerem (Jo 3.18).

Totalmente diferente dos demais encontros com o Mestre, onde as pessoas se encontravam num estágio de dor e sofrimento provocados por alguma adversidade ou situação, nesse caso, esse homem foi até Jesus simplesmente por estar interessado na sua mensagem. Talvez todo o seu ‘status’, conhecimento filosófico acerca de Deus e poder aquisitivo não fossem o bastante para preencherem o vazio existente em sua alma. Quanta gente enganada acreditando que o “mundo” poderá suprir todas as suas necessidades!

Logo, a experiência vivida por esse líder religioso tem muito a nos ensinar. Primeiro, devemos vencer a prepotência, a altivez de espírito e estarmos sempre dispostos a aprendermos com o Mestre dos mestres, independentemente do nível intelectual alcançado. Segundo, não permitirmos que as tradições religiosas ou até mesmo a “religião” se sobrepujem aos ensinamentos do próprio Cristo. Terceiro, vale a pena renunciarmos a tudo por Jesus. O evangelista João faz menção de Nicodemos por três vezes e, apesar de não haver detalhes mais específicos sobre ele, tudo leva a crer que tenha se convertido ao evangelho e se transformado num discípulo de Cristo (Jo 3.1-21; 7.50 e 19.38-42). Que encontro surpreendente!

Juvenal Netto

quarta-feira, 24 de março de 2021

UM INIMIGO IMPORTUNO

 


Por mais que você venha a se esforçar sobremaneira, jamais conseguirá agradar todas as pessoas a sua volta. Ao longo da vida construímos muitas amizades, mas, inevitavelmente, também formaremos inimigos, alguns declarados, enquanto outros, anônimos e inimagináveis, todavia, todos intimidadores. Para evitar surpresas desagradáveis, seria prudente buscar conhecer minuciosamente quais armas estão à disposição deles. O que conhecem a seu respeito, ou seja, as suas vulnerabilidades? Quais serão as possíveis estratégias a serem empregadas contra ti? Contudo, a informação mais importante de todas é saber quem são e qual o grau de periculosidade de cada um.

Depois dessa introdução, talvez alguns já pensem de imediato naquele que provavelmente é o seu arqui-inimigo. Um anjo caído que teve a audácia de se rebelar contra Jeová. Aquele que arrastou a terça parte dos seres celestiais em seu motim e, sendo lançado na terra, vive incansavelmente tentando destruir as pessoas simplesmente por serem feitas a imagem do seu Criador (Ez 28; Jo 10.10). Não menosprezando, em hipótese alguma, todo o seu currículo infernal e todo o mal que causa diuturnamente a humanidade, existe outro inimigo, além do diabo, que exige de cada um de nós uma atenção toda especial.

O grande apóstolo dos gentios quase sucumbiu diante de sua perspicácia (2 Co 12.7-10). Paulo foi capaz de vencer serpentes, naufrágios, apedrejamentos, imperadores, endemoniados, e, até falsos irmãos, mas, por muito pouco não foi nocauteado por ele. Um inimigo tão íntimo que deita e acorda com você todas as manhãs e não estou me referindo ao seu conjugue. Em alguns aspectos se torna ainda mais terrível que Satanás, o inimigo de nossas almas, pois, este apesar de todo o seu poder não consegue penetrar em nossa mente, isto é, nos conhece apenas por fora, por intermédio de diagnósticos baseados em informações obtidas normalmente através de palavras, gestos e atitudes. Enquanto o primeiro tem livre acesso aos nossos arquivos mais secretos e nos conhece também por dentro.

O nosso homem interior, isto é, o nosso espírito, quer adorar a Deus e ser fiel em todo o tempo, não obstante, está integrado a uma natureza humana, frágil, inclinada para o pecado, que a Bíblia chama de “carne”. Parece que numa mesma pessoa existem dois seres antagônicos que se digladiam constantemente entre si. O apóstolo Paulo escrevendo aos romanos descreve com muita propriedade sobre esse dilema vivido pelos cristãos, onde a carne milita contra o espírito e vice-versa, incansavelmente. O próprio Mestre nos advertiu quanto a esta realidade dizendo: “vigiai e orai para que não entreis em tentação, pois, na verdade, o espírito está pronto, mas, a carne é fraca” (Mt 26.41). Apesar desse confronto desafiador, o apóstolo conclui afirmando que se o Espírito Santo estiver reinando na vida dessa pessoa, o seu corpo estará mortificado para o pecado (Rm 7). O grande diferencial na vida de cada um, tendo em vista que essa luta acontece com todos, seria quem está sendo mais alimentado e, consequentemente, mais fortalecido, o espírito através de uma vida de oração, jejum e meditação na Palavra ou o corpo, com a sua exposição a todos os prazeres que o diabo disponibiliza gratuitamente nesse mundo gerido por ele. 

Portanto, para vencermos esse inimigo inconveniente será necessário andarmos segundo o Espírito, subjugando o poder da carne através de uma vida de santificação, para esses, de acordo com Paulo, já não haverá nenhuma condenação. Tal proceder na vida do discípulo não é facultativo, pois, ele precisa ser guiado não mais pelos seus instintos carnais que outrora o dominavam, mas, agora, pela ação regeneradora do Espírito Santo, o tornando um homem espiritual. Parece fácil, mas não é. Essa luta precisa ser vencida dia a dia, se quisermos oferecer um testemunho eficaz acerca do evangelho de Cristo Jesus.

Juvenal Netto

domingo, 7 de março de 2021

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE XVIII

 


Por mais presunçosa e narcisista que uma pessoa seja, se for questionada sobre seus méritos para adentrar ao céu o que você acha que ela responderia? Certamente a maioria delas diria que o que fizeram ainda não foi o bastante para alcançar esse prêmio. Para aqueles que não compreendem as Escrituras, ver alguém afirmar que possui convicção acerca de sua salvação chega a ser considerado uma blasfêmia. Como pode uma pessoa com tantas falhas ter a certeza de que Deus lhe dará acesso ao seu reino?  Convido você a adentrar comigo na história de um criminoso o qual fora resgatado de forma espetacular pelo carpinteiro de Nazaré.

Qual seria a sua reação se alguém te dissesse que um homem passou toda a sua vida a margem da sociedade, cometendo pequenos delitos, mas, se arrependeu de tudo isso pouco antes de morrer e conseguiu entrar no céu? Muita gente afirmaria insistentemente que isso seria impossível ou, no mínimo, Deus seria injusto. É um pensamento lógico baseado nas leis que regem as civilizações ao longo dos séculos. O que muitos não conseguem enxergar é que Deus, o criador de todas as coisas, o grande “El Shadday”, reina de forma absoluta e estabelece suas próprias leis. O seu senso de justiça está há anos-luz a frente do intelecto humano. É inadmissível a criatura ponderar sobre a forma de agir do seu criador (Rm 9.20). Quanto à possibilidade acerca da entrada do homem no seu reino, Ele estabeleceu critérios os quais são imutáveis e inquestionáveis.

O Evangelho de Lucas descreve de maneira peculiar o encontro “forçado” entre dois ladrões com Jesus os quais foram levados para serem crucificados com Ele, sendo um posto a sua direita e o outro a sua esquerda (Lc 23.39-43). O evangelista não chega a mencionar sequer os seus nomes, mas, apenas que eram salteadores, motivo pelo qual estavam sendo sentenciados à morte. Um deles zombava do Mestre e foi severamente repreendido pelo outro que, além de reconhecer o seu delito, pediu humildemente para Jesus que se lembrasse dele quando fosse estabelecer o seu reino. A resposta do Filho do Homem para aquele malfeitor arrependido foi: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (Lc 23.43)

Que lições extraordinárias podemos extrair desse encontro inusitado! Para um coração verdadeiramente arrependido jamais haverá barreira que o impeça de alcançar a graça e a misericórdia de Jesus. Não importa o tamanho do delito ou da infração cometida.  Os homens são implacáveis, mas, Deus é a essência do amor (Is 1.18). A porta da salvação estará aberta para todos, indistintamente, até o momento do seu último suspiro de vida, não obstante, fechada para sempre após esse momento, por isso, que a Bíblia nos adverte a considerar o “hoje” como se fosse o último dia (Hb 3.7-8, 9.27).

Portanto, a luz das Sagradas Letras, os requisitos para alguém adentrar ao céu não são as nossas qualidades, méritos ou boas obras. Se esses fossem os parâmetros a serem seguidos, ninguém seria capaz de chegar lá, pois, a Bíblia afirma que todos pecaram e foram separados da comunhão com Deus (Rm 3.23). Aqueles dois homens ao lado de Jesus representam hoje as nossas escolhas quando somos confrontados com as boas novas do evangelho. O primeiro, escarneceu e pagará um altíssimo preço por essa decisão néscia. Já o segundo, decidiu crer, se arrepender e alcançou a incorruptível coroa da vida, apesar de possuir um passado tenebroso. Ao sermos colocados diante de Jesus, hoje, qual será a minha e a sua decisão? Não podemos esquecer que essa resposta será crucial para definir onde passaremos a eternidade.

Juvenal Netto