sábado, 31 de outubro de 2020

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE IX

 


Nesse tempo de pandemia muitas pessoas passaram pela amarga experiência de serem obrigadas a ficar em quarentena por terem contraído o coronavírus. Algumas delas distantes até mesmo de pessoas da sua própria casa. Neste artigo iremos contar a história de um homem que vivia numa quarentena infinita até o dia em que teve um encontro com o “Médico dos médicos”, chamado Jesus de Nazaré (Mt 8.1-4; Mc 1.40-45 e Lc 5.12-16).

O evangelho, segundo Marcos, narra o modo como Jesus ficou profundamente compadecido diante de um homem prostrado aos seus pés o qual lhe suplicava pela cura de sua lepra, uma doença altamente contagiosa e incurável que difere da que nós conhecemos hoje como hanseníase. O que impressionou sobremaneira o Senhor, além de seu estado de humilhação, foi a sua postura de fé: “— Se quiseres, pode purificar-me” (Mc 1.40). Aquele leproso em nenhum momento questionou se Jesus tinha ou não poder para curá-lo, isto é, condicionou seu restabelecimento apenas a pré-disposição do Mestre em atender-lhe a súplica. Sua atitude nos remete a carta escrita aos Hebreus a qual enfatiza que sem fé é impossível agradar a Deus, pois, é necessário que aquele que se aproxima dEle creia que ele existe e que se torna premiador dos que o buscam (Hb 11.6).

O leproso pede para ser purificado e não curado, talvez, pelo fato dos hebreus acreditarem que a lepra estaria correlacionada ao pecado. Independente dessa concepção judaica, fato é que existem algumas características que os tornam semelhantes. Ambos causam separação e distanciamento; seus efeitos criam deformidades e são terrivelmente mortais (Rm 6.23; Ef 2.12-19).

Não conhecemos maiores detalhes sobre a vida pregressa desse homem, mas, levando-se em conta todos os protocolos adotados pela comunidade para impedir o contágio da doença, pode-se chegar a algumas conclusões.  Esse indivíduo, bem como, as demais pessoas atingidas pela lepra, viviam miseravelmente, independentemente, de seu poder aquisitivo ou classe social. O isolamento social talvez fosse ainda mais doloroso do que a própria sentença de morte. Hoje, apesar de termos perdido centenas de pessoas para a COVI-19 e de não haver cura para a mesma, a sua letalidade nos humanos é baixíssima se comparada com a doença daquela época. As pessoas que contraíam a lepra eram colocadas numa quarentena por tempo indeterminado. Além do isolamento, sabiam que havia poucas hipóteses das coisas retornarem ao normal e o pior, a possibilidade de nunca mais manterem contato com os seus familiares, dar um último adeus. Imaginem que situação deplorável, aguardar silenciosamente a chegada da morte em condições sub-humanas? Quanto vazio, desespero e dor! Pior do que os efeitos produzidos no corpo, como feridas, deformações, coceiras, etc., eram os causados na alma.

Logo, chegamos à conclusão de que Jesus não curou apenas sua lepra, mas, ao fazer isso, lhe restituiu a alegria de viver. Restaurou os  seus relacionamentos, concedendo-lhe a oportunidade de ser reinserido em seu meio social. Enfim, seu proceder após ter sido curado, demonstrou que a sua experiência foi ainda mais profunda. Anunciou a todos com tamanha alegria acerca do seu encontro com Jesus, demonstrando, significativamente, que fora revigorado também na alma, ou seja, venceu o dano da segunda morte (Ap 2.11). Aleluia!

Juvenal Netto

terça-feira, 20 de outubro de 2020

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE VIII


 

Alguém ousaria mensurar a profundidade do amor de Deus? Na verdade, por mais que nos esforcemos isso seria praticamente impossível. Imaginem o quanto é difícil apenas descrevê-lo com toda a riqueza dos idiomas e dialetos existentes no mundo inteiro, quanto mais medirmos o seu grau de intensidade em relação ao Criador? Dentre milhares de testemunhas, queremos destacar aqui a figura de uma samaritana, a qual foi impactada pelo extraordinário amor de Cristo (Jo 4.1-30).

De acordo com informações obtidas no site “aBíblia.org”, havia na palestina na época de Cristo, aproximadamente, de 25 a 30 mil habitantes. O que o apóstolo João faz questão de registrar é como Jesus demonstrou de maneira muito peculiar a grandeza do seu amor por uma vida em meio a uma comunidade com tanta gente. João afirma que eles estavam na região da Judéia e que Jesus decidiu voltar para a Galiléia. O itinerário mais seguro seria prosseguir pelo vale do rio Jordão, inclusive, essa rota era a mais utilizada pelos judeus, mas, o Mestre resolve seguir por outro caminho, o qual implicaria em passar obrigatoriamente pela província de Samaria. Cansado da viagem, decide parar num poço e lá se encontra com uma mulher e lhe oferece a “água da vida”. Talvez você se pergunte, mas, o que tem de tão especial nisso? Primeiro, Jesus, sendo Deus, não para na fonte das águas apenas porque estava com sede ou cansado. Ele é onisciente e sabia que uma pessoa infeliz estaria naquele exato momento ali, ou seja, ele não se importava apenas com as grandes massas, gastou o seu precioso tempo em evangelizar uma única vida. Segundo, havia uma barreira quase mortífera entre judeus e samaritanos, pois, esses eram considerados imundos porque não haviam guardado a linhagem de Israel, tendo se relacionado com outros povos no passado. Terceiro, ensinou uma mulher, algo que era considerado abominação para os fariseus, chegando ao ponto de afirmarem que seria melhor queimar a “Torá” do que ensiná-la a alguém do sexo feminino. Quarto, essa cidadã deveria possuir uma péssima reputação na cidade, pois já havia se relacionado com cinco homens e mantinha agora um relacionamento ilícito com mais um. Todo aquele que se atrevesse parar para conversar a sós com ela na rua, como fez o Senhor, certamente, teria muitas dificuldades diante de toda a sociedade judaica. Quinto, em nenhum momento Jesus lhe acusa pelos seus pecados, mas, começa o diálogo lhe oferecendo a oportunidade de obter a resposta para todos os seus dilemas, pois, compreendeu que as suas atitudes eram produto de um grande vazio existencial.

Por isso, diante da exposição destes cinco fundamentos supramencionados, podemos afirmar, conclusivamente, que o amor de Jesus por cada um de nós é incomensurável. Fazendo um paralelo com a terceira lei de Newton que diz o seguinte: “a toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto”, diante da ação de amor e carinho demonstrados pelo Messias, a reação daquela samaritana foi: “— Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.” (Jo 4.15). Essa pobre mulher representa toda a humanidade sedenta, ainda que de forma imperceptível, pela água capaz de saciar a alma, assim como, o convite feito por Jesus a ela é ampliado a cada um de nós. Qual será a sua reação diante dele? Lembre-se, que a resposta implicará na sua eternidade.

 Juvenal Netto

sábado, 10 de outubro de 2020

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE VII

 



Vocês se lembram de um quadro do programa Silvio Santos chamado “a cabine do Silvio” onde uma pessoa era colocada num ambiente a prova de som e o apresentador fazia perguntas, as quais eram normalmente se o participante gostaria de trocar um objeto por outro? Quando a luz vermelha acendia, ele tinha que responder apenas “sim” ou “não”. Esse quadro fez muito sucesso e era muito engraçado, principalmente, pelo fato de a pessoa aceitar trocar um objeto de muito valor por um insignificante. Lógico que isso era uma forma divertida de conduzir um ‘show’ suja finalidade era o entretenimento, mas, na realidade, muitas vezes as pessoas também se equivocam em suas escolhas de forma surpreendente. Hoje nós analisaremos juntos o encontro confrontador de um jovem muito rico com Jesus (Mt 19.16-22; Mc 10-17-22 e Lc 18.18-23).

Esse encontro é mencionado nos evangelhos sinóticos, onde um rapaz abastado procurou Jesus para perguntar-lhe sobre o que seria necessário fazer para alcançar a vida eterna. Marcos acrescenta ainda um detalhe, afirmando que ele se ajoelhou, ou seja, aquele indivíduo reconheceu a autoridade de Jesus como sendo o Deus encarnado.  A resposta do Mestre foi objetiva, lhe dizendo que era necessário apenas guardar os mandamentos e chega a citar alguns deles. O homem refutou de imediato: “— Tudo isso tenho observado; que me falta ainda?” (Mt 19.20). A resposta foi incisiva: “— Vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me.” O jovem fica triste e se retira, pois, era muito rico. O que esse encontro tem, especificamente, a nos ensinar?

Diante de Deus não basta nos rendermos apenas aparentemente. Existem pessoas com a postura parecida com a daquele homem, se ajoelham constantemente, não obstante, os seus corações permanecem endurecidos; o seu espírito continua insurgente. É preciso se render por inteiro. Tudo indica que aquele jovem cumpria os mandamentos, sim, entretanto, de forma, ritualista, “religiosa”, talvez, levado por uma motivação equivocada. Jesus lhe ensina que o segredo não é apenas cumprir, mas, o porquê cumprir. Não pode ser algo mecânico, superficial.

        Os evangelistas se limitam apenas em narrar o fato, o diálogo que aconteceu entre Jesus e um indivíduo interessado, aparentemente, em saber como viver eternamente. Não podemos acrescentar nada sobre o que está escrito na Bíblia, no entanto, acredito que possamos conjecturar. Após a reação negativa do moço, Jesus adverte os seus ouvintes quanto ao perigo das riquezas (Mt 19.23-30). Fala sobre o quanto difícil é para um rico entrar no céu, entretanto, diante da perplexidade dos seus discípulos ao ouvirem tal afirmação, faz questão de ressaltar que para Deus não há impossibilidade alguma.  Baseados nessa explicação de Jesus, podemos pressupor que Ele não tinha a intenção de constranger aquele rapaz a doar realmente todos os seus bens. Ele queria apenas verificar se o seu desejo em lhe servir sobrepujava as demais coisas que o cercava.

        Quantas pessoas estão tristes, assim como esse jovem, porque, apesar de temerem a Deus, perceberam que os seus corações estão divididos. Estão dominadas por um relacionamento impróprio ou por um sentimento doentio, quem sabe por vícios, enfim, atitudes e situações reprováveis aos olhos do Eterno.

Isso posto, vale a pena refletir se vale realmente a pena trocar uma eternidade com Deus por todas essas coisas temporais e passageiras? Qual será a sua resposta? “SIM” ou “NÃO”?

 

“O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1Jo 2.17)

 

Juvenal Netto

sábado, 3 de outubro de 2020

ENCONTROS NOTÁVEIS – SÉRIE VI

 


Existem momentos em que o silêncio de Deus é mais avassalador do que o pronunciamento de suas maiores sentenças. Uma pobre viúva se questiona pela perda tão precoce de seu filho. — Por que isto foi acontecer justamente comigo, Senhor? Possivelmente, esta deve ter sido a sua indagação por incontáveis vezes.  Acompanhem comigo neste artigo o encontro restituidor vivido pela viúva de Naim (Lc 7.11-17).

Não existe ocasião mais difícil de se pronunciar uma só palavra a alguém, como acontece nos momentos em que ela venha a perder um ente querido. Todas as palavras somem de nosso vocabulário e parece que tudo o que viermos a dizer, mesmo que seja com as melhores das intenções, se tornarão oratórias vazias e ineficazes. Que frases de estímulo surtirão efeito diante de uma mãe, viúva, a qual acabara de perder o seu único filho?  Diante da nossa total incapacidade de aliviar essa dor, o que nos resta nessa hora é apenas oferecer um ombro amigo. Um abraço silencioso, simbolizando que entendemos perfeitamente que nada do que ousarmos pronunciar, fará cessar tamanho sofrimento ou mudar as circunstâncias.

O evangelho de Lucas registra acerca de um encontro de duas multidões, a primeira seguia a Jesus em direção a entrada da cidade de Naim e a outra acompanhava a pobre viúva, num cortejo fúnebre. Essas multidões eram antagônicas entre si, ou seja, a primeira representava possibilidades como, por exemplo, vida, esperança, paz, alegria e vitória, estando ao lado de Cristo. Já a segunda, era a encarnação da derrota, da tristeza, do desespero, enfim, da própria morte. Se fosse descrever a sua situação atual, qual dessas multidões mais se assemelharia contigo?

A Bíblia diz que Jesus se compadeceu diante do sofrimento demonstrado pela viúva ao ver as suas lágrimas. Decidiu naquele exato momento intervir no trajeto daquela multidão. Toca no defunto e o ressuscita, devolvendo-o para a sua genitora.

As nossas lágrimas para os demais humanos é apenas um sinal de fraqueza, fragilidade e sofrimento, mas, para Jesus, é a expressão mais autêntica do quanto somos carentes e dependentes de sua grandeza. É o nosso pedido de socorro mais urgente! É a criatura apelando pela benevolência de seu Criador. É a decodificação de que precisamos urgentemente do poder que somente Ele tem. É a linguagem mais perfeita de um ser caído implorando para ser resgatado. Elas estão quase sempre presentes por ocasião de uma intervenção divina.

Somente um e mais ninguém poderia mudar o percurso daqueles que acompanhavam o cortejo fúnebre. Existem verdadeiras multidões que teimam em continuar nessa mesma direção, ou seja, andam rumo ao vazio existencial, a destruição, ao fracasso, conscientes ou não, o seu itinerário final será a morte, caso não busquem ajuda. Nunca nos esqueçamos que Jesus tem poder suficiente para mudar a nossa trajetória de vida. O que será mais difícil que ressuscitar um falecido?

No instante em que aquelas inúmeras pessoas testemunham um morto retornando à vida, ficam extasiadas e dizem: “— Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.” (Lc 7.16). Jesus, ao realizar esse milagre, deixa claro não apenas para aquelas pessoas as quais presenciaram esse acontecimento, mas, para todas as gerações vindouras que Ele veio para transformar morte em vida; para garantir que a sentença de morte eterna a qual pairava sobre a humanidade acabava de ser cancelada. Para aqueles que creem nEle, a morte já não apavora mais, pois, agora ela deixou de ser um ponto final e passou a ser apenas uma vírgula, isto é, o recomeço de uma nova vida num lugar onde não vai haver pranto, dor, tristeza ou decepção, mas, regozijo eterno.

Portanto, Saia hoje mesmo dessa multidão que simboliza os fracassados e embarque na multidão daqueles que decidiram seguir a Jesus, pois, com Ele a vitória é certa! A decisão é exclusivamente nossa (Rm 8.31-39).

 

Juvenal Netto