O livro de Atos dos Apóstolos,
escrito por Lucas, conta a história dos primeiros passos da igreja após o
Senhor Jesus ser assunto aos céus. Uma trajetória marcada por injúrias, tribulações,
perseguições e martírios, não obstante, de triunfos, milagres e crescimento,
proporcionalmente a tudo isso, fazendo se cumprir o que Jesus havia prometido
(Mt 16.18). Depois da morte de Estevão, um dos primeiros mártires, houve uma
grande dispersão dos discípulos para a Fenícia, Chipre e Antioquia. Esta,
considerada a terceira maior cidade do império romano, onde os discípulos
passaram a evangelizar não apenas os judeus, mas, também os gentios. Muita
gente se converteu nessa cidade e ali os discípulos começaram a ser chamados de
“cristãos” (At 11.26).
Com o crescimento da igreja,
logo surgiu o primeiro embate, pois, um grupo de judeus queria obrigar os
gentios convertidos a serem circuncidados e a cumprirem toda a lei de Moisés.
Depois de uma reunião, realizada em Jerusalém com os apóstolos e presbíteros,
sob a liderança de Tiago, líder da igreja, decidiram por não exigir tais
ordenanças, estabelecendo algumas diretrizes específicas (At 15). Começava a se
formar o corpo doutrinário da igreja cristã, fundamentado mais tarde nos livros
que compõem o Novo Testamento. Iniciaremos uma série de reflexões sobre
fundamentos da fé cristã, motivados principalmente pela pluralização
doutrinária e pela banalização do evangelho existente em meio a centenas de
denominações cristãs que surgiram nos últimos anos no Brasil.
Na mesma proporção em que o
número de cristãos aumenta, segundo os últimos censos realizados, menos
conseguimos identificá-los. Seus hábitos, costumes e comportamentos estão cada
vez mais parecidos com os daqueles que não professam a fé em Cristo Jesus. Cabe
ressaltar que estamos nos referindo a observância dos ensinamentos do Mestre
(doutrina) e não meramente a usos e costumes estabelecidos pelo homem. Nesta
reflexão abordaremos sobre a utilização inadequada de palavras, jargões,
gírias, etc. Qual deve ser o padrão para o vocabulário utilizado pelo cristão?
O apóstolo Paulo nos responde a esta pergunta, dizendo o seguinte: “Ora, nessas mesmas coisas andastes vós
também, noutro tempo, quando vivíeis nelas. Agora, porém, despojai-vos,
igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem
obscena do vosso falar.” (Cl 3.7,8). Em sua carta aos efésios ele
também faz menção a esse assunto, assim: “Não
saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa
para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que
ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia
da redenção.” (Ef 4.29,30). Apesar de ser em um contexto mais abrangente,
podemos sim, utilizar também a passagem de Mateus 12.33-37, quando Jesus nos
adverte quanto ao emprego impróprio das palavras, que ele chama de “frívolas”,
e suas consequências para aqueles que as utilizam com frequencia.
Sendo assim, amados irmãos em
Cristo Jesus, não banalizemos o efeito negativo que existe em determinadas
palavras, em especial, aquelas consideradas obscenas (popular “palavrão”). Esforcemo-nos
para dar um bom testemunho em meio a grande nuvem de testemunhas que nos
cercam, utilizando sempre um vocabulário apropriado a santidade que o Senhor
requer de cada um de nós (Hb 12.14).
Juvenal Netto