Existe uma tendência nos seres humanos a somente
acreditarem no sobrenatural a partir de algo palpável, visível. Há centenas de
anos antes de Cristo já era comum o homem construir os seus “deuses” feitos de
barro, metal, madeira, pedra, etc. (Jeremias 10.1-5). Eles precisavam
materializar sua fé através desses instrumentos, ainda que construídos por suas
próprias mãos. Infelizmente, atualmente ainda nos deparamos com essa triste
realidade. Além dos ídolos, ainda existem os amuletos que são bastante
diversificados como, por exemplo, água do rio Jordão, sacos de terra trazidos
de Israel, fotografias, lenço ungido, peças de roupa e dezenas de outros. Convido-te
a observar atentamente a experiência vivida por uma pessoa que a Bíblia chama
de “oficial do rei” o qual foi até Jesus para interceder pelo seu filho que
estava à morte.
O apóstolo João detalha a forma como esse homem
sai da cidade de Cafarnaum e caminha por vinte e quatro km até chegar à cidade
de Caná da Galiléia para buscar uma solução para o seu dilema (João 4.43-54). Ele
se aproxima de Jesus e lhe pede para descer com ele até sua casa onde estava o
menino. O Mestre o repreende, pois, percebeu que sua fé era muito superficial.
Uma fé condicionada ao auxílio de algum agente coadjutor. Para aquele homem Jesus
só poderia operar o milagre estando presencialmente. O pai estava tão
desesperado que nem sequer atentou para a repreensão, insistindo com o Senhor
para acompanha-lo. Como Ele é rico em misericórdia e se alegra quando vê alguém
determinado em lhe buscar, disse para o oficial: “—Vai, o teu filho vive”. Tudo
indica que a admoestação que a princípio parecia dura, produziu amadurecimento em
sua volúvel fé, pois, ele acatou de imediato a ordem recebida. Ao chegar em
casa ficou sabendo através dos seus servos que a febre do garoto havia ido
embora e constatou que isso aconteceu exatamente na hora em que Jesus havia falado
com ele.
Que lições podemos absorver a partir da
experiência vivida por esse indivíduo? Uma grande fé não se constrói a partir
de amuletos ou qualquer outro instrumento visível, muito pelo contrário, ela se
caracteriza exatamente pela inexistência de quaisquer sinais humanamente
detectáveis. A palavra proferida por Jesus após sua ressurreição diante da
incredulidade de um de seus discípulos que exigia ver as marcas dos cravos em
suas mãos foi a seguinte: “—Porque me viste, Tomé, creste;
bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29). Bastou uma
palavra do Mestre e o milagre aconteceu, corroborando com o que disse o profeta
Isaías: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa
fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Is 43.13)”.
A advertência recebida por aquele pai aflito não
funcionou como uma desilusão em sua fé ainda imatura, mas, como um tanque de
gasolina, fazendo-a efervescer. Ele perseverou. Aceitou humildemente a correção
e alcançou a benevolência do Senhor.
Assim sendo, para alcançarmos o favor de Cristo é
preciso unicamente crermos que ele pode fazer qualquer coisa se assim for de
sua vontade. Ele não precisa de adereços, penduricalhos ou qualquer outro modo
de assistência, mas, tão somente de uma fé genuína aliada a uma postura perseverante,
pedindo, buscando e batendo em sua porta (Mt 7.7-8). Que encontro aperfeiçoador!
Juvenal Netto
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