O Estado desenvolve políticas
públicas de assistência social, através de seus variados programas, com o
intuito de oferecer suporte mínimo de dignidade, principalmente aquelas pessoas
pertencentes as camadas mais baixas da sociedade, cuja renda é insuficiente
para lhes prover as suas necessidades básicas. Qual seria o papel da igreja
diante dessa realidade? Será que tudo o que temos feito é o suficiente?
Existem inúmeros projetos
sociais em andamento, conduzidos pelas nossas convenções, alguns deles
espalhados pelo mundo, como é o caso do PEPE, um programa socioeducativo para
crianças na faixa etária pré-escolar e suas famílias. Existem ainda muitos
outros em nosso território, como, por exemplo, o projeto cristolândia, que atende
os dependentes químicos, em especial, aqueles abandonados pela família e
sociedade. Projetos dos quais muito nos alegra como povo Batista. Todavia,
quando voltamos o nosso olhar para as igrejas locais, podemos constatar que
temos capacidade para avançarmos um pouco mais nesse ministério. Existem pelo
menos dois fatores que dificultam a nossa expansão nas atividades relacionadas
a ação social. O primeiro, não necessariamente nessa ordem, é a concepção de
alguns cristãos de que a responsabilidade é toda do Estado e não da igreja. A
outra, é uma ideia equivocada quanto a doutrina da salvação pela graça. Ouvimos
tanto essa verdade de modo a combatermos o falso ensino da salvação pelas obras
enraizado em nossa cultura que gera em muitos, um sentimento de que a
responsabilidade da igreja se restringe apenas a pregação do evangelho. Damos
muita ênfase aos versículos oito e nove, do segundo capítulo da carta de Paulo
aos Efésios e nos esquecemos do versículo seguinte, quando afirma que somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus
para fazermos boas obras, as quais, Deus preparou para que nós as praticássemos
(Ef 2.8-10). O que muda para nós em relação à prática das boas obras é apenas a
motivação, pois a fazemos não para ser, mas, porque fomos salvos.
Jesus nos deixou o exemplo de
amor ao próximo e de como a igreja deve agir, fazendo uma obra completa, isto
é, precisa tratar não apenas o problema da alma,
mas, também cuidar das demais necessidades intrínsecas aos seres
humanos. Certa feita, Ele estava diante
de uma multidão perdida, a qual necessitava ouvir acerca da mensagem do seu
reino. Todavia, além dessa necessidade eminente, havia outras básicas, como a
falta de alimento. Ele realiza a multiplicação dos pães. Sacia-lhe a fome e, só
então, a deixa ir embora (Mt 14.13-21).
Neste primeiro domingo de maio,
comemoramos o dia da assistência social, com certeza, um momento muito oportuno
para refletirmos, não sobre aquilo que já fazemos, mas, se realmente tem sido o
bastante, diante da realidade que cada igreja local vivencia. Instante em que
devemos transformar nossa oração em ação e realizarmos um pouco mais de modo a
nos tornar um corpo mais visível e atuante em meio a uma sociedade tão carente
e necessitada.
Juvenal Netto
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