terça-feira, 4 de junho de 2019

O PERIGO DA ESTAGNAÇÃO


Quando alguém permanece muito tempo em determinada função, cargo ou atividade corre sério risco de entrar num estágio de paralisia, morbidez, que alguns também chamam de “zona de conforto”. Não que isto aconteça sempre de forma proposital ou planejada, pelo contrário, talvez a maioria nem se aperceba que adentrou em tal fase. Este quadro não é saudável para ninguém. Pode até parecer agradável, pois, esta pessoa se torna confiante, segura de si. Já não precisa pensar tanto, pois parece que tudo flui automaticamente. Mas, Deus não nos criou para vivermos estaticamente como um parasita ou um poste. Assim como a terra gira ininterruptamente em torno de seu próprio eixo, que chamamos de movimento de rotação, permitindo que tenhamos alternância entre dia e noite, nós também precisamos estar em movimento constante.  Quais as implicações para aqueles que estão vivendo desta forma? Como vencermos este obstáculo criado pela nossa própria natureza humana? São perguntas que precisam ser feitas constantemente, pois, o prejuízo vai além da vida da própria pessoa. Normalmente esta paralisia afetará também aqueles que estiverem a sua volta, empregados, patrões, cônjuges, filhos e pais, líderes e liderados.
Pense numa pista de atletismo em que um grupo de corredores, ao ouvir o disparo, todos começam a correr; onde a intenção de cada um deles é vencer. Mas, se você diminui o ritmo ou para, certamente, ficará para trás, correndo o risco de não conseguir mais se recuperar e nem mesmo concluir a prova. Quem paralisa, está sentenciado ao fracasso, pois não terminou a sua missão. Esta regra é válida para todas as áreas de nossa vida, inclusive a espiritual. Cristãos que perderam o primeiro amor; que não são mais capazes de chorar por uma alma que está indo para o inferno; que estagnaram num sistema religioso e perverso; líderes que não conseguem mais entusiasmar os seus liderados, pois, eles mesmos se acostumaram a lidar com o seu Ministério igual a um trabalho como outro qualquer; crentes paralisados apesar de todo o potencial que o Pai lhes concedeu a fim de multiplicarem os seus talentos; ministérios que já foram frutíferos, mas que hoje se encontram exauridos, como uma terra árida ou como um vale de ossos secos (Mt 25.14-30).
O Apóstolo Paulo nos dá uma grande lição sobre viver sempre em novidade de vida (Rm 6.4). Mesmo preso e sem qualquer perspectiva de futuro, não se entregou a mesmice da rotina da cadeia; mesmo preso ele continua frutificando ao escrever suas cartas para as Igrejas das quais tinha ajudado a começar (Fl 3.12). Nem o cárcere foi capaz de estagná-lo. Ele é um entusiasta. O que o impulsionava a ir sempre adiante? Creio que a sua convicção de que por mais que se doasse e tentasse realizar o seu melhor, ainda não era o bastante (Fl 1.21-24). Entendia que a hora que não pudesse mais impactar a vida de alguém, este seria o seu momento de chegar à sepultura; de partir para o reino celestial. Estagnação, paralisia tem cheiro de morte; morte de sonhos; morte de metas; morte de alvos; morte de ministérios; morte de talentos; morte de essência; morte do belo; morte da criatividade; morte do sobrenatural; morte de tudo que esteja a sua volta. Morte, neste sentido não tem nada a ver com o nosso Mestre, que sempre propagou a vida e uma vida abundante, contagiante (Jo 10.10; I Co 15.58). Que se renova a cada dia. Que nunca paralisa (Pv 4.18).
Que tal a gente sair um pouco do local onde estamos agora. Treinar a nossa mente para o novo, ainda que você tenha que retornar, verás tudo de outra forma. Sempre que permanecemos muito tempo no mesmo lugar, acabamos nos acostumando com tudo que está ali, até mesmo àquelas coisas que nos incomodavam no início e que reconhecíamos que precisavam ser modificadas. Precisamos sair da inércia; experimentar coisas novas; ir um pouco além; voltar a sonhar; respirar novos ares; voltar a marchar, pois, ainda há muito que fazer.  
 Juvenal Oliveira

2 comentários:

  1. Bela inspiração do Pai e do Espírito Santo. Sabiá escolhas de comparações. Deus continue te abençoando na arte da Pregação.

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  2. Amém. Eu me incluo nesta, pois todos corremos este risco, afinal de contas o nome já diz tudo "zona de conforto". E quem não é tentado 24h por dia a andar no conforto? É uma luta diária contra a nossa própria natureza. O que não pode acontecer é não reconhecermos que precisamos lutar contra este estágio que apenas parece ser bom. Soli Deo Glória!!!

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