Quando alguém permanece muito tempo em
determinada função, cargo ou atividade corre sério risco de entrar num estágio
de paralisia, morbidez, que alguns também chamam de “zona de conforto”. Não que
isto aconteça sempre de forma proposital ou planejada, pelo contrário, talvez a
maioria nem se aperceba que adentrou em tal fase. Este quadro não é saudável
para ninguém. Pode até parecer agradável, pois, esta pessoa se torna confiante,
segura de si. Já não precisa pensar tanto, pois parece que tudo flui
automaticamente. Mas, Deus não nos criou para vivermos estaticamente como um
parasita ou um poste. Assim como a terra gira ininterruptamente em torno de seu
próprio eixo, que chamamos de movimento de rotação, permitindo que tenhamos
alternância entre dia e noite, nós também precisamos estar em movimento
constante. Quais as implicações para
aqueles que estão vivendo desta forma? Como vencermos este obstáculo criado
pela nossa própria natureza humana? São perguntas que precisam ser feitas
constantemente, pois, o prejuízo vai além da vida da própria pessoa. Normalmente
esta paralisia afetará também aqueles que estiverem a sua volta, empregados,
patrões, cônjuges, filhos e pais, líderes e liderados.
Pense numa pista de atletismo em que um grupo de
corredores, ao ouvir o disparo, todos começam a correr; onde a intenção de cada
um deles é vencer. Mas, se você diminui o ritmo ou para, certamente, ficará
para trás, correndo o risco de não conseguir mais se recuperar e nem mesmo
concluir a prova. Quem paralisa, está sentenciado ao fracasso, pois não terminou
a sua missão. Esta regra é válida para todas as áreas de nossa vida, inclusive
a espiritual. Cristãos que perderam o primeiro amor; que não são mais capazes
de chorar por uma alma que está indo para o inferno; que estagnaram num sistema
religioso e perverso; líderes que não conseguem mais entusiasmar os seus
liderados, pois, eles mesmos se acostumaram a lidar com o seu Ministério igual a um trabalho
como outro qualquer; crentes paralisados apesar de todo o potencial que o Pai
lhes concedeu a fim de multiplicarem os seus talentos; ministérios que já foram
frutíferos, mas que hoje se encontram exauridos, como uma terra árida ou como
um vale de ossos secos (Mt 25.14-30).
O Apóstolo Paulo nos dá uma grande lição sobre
viver sempre em novidade de vida (Rm 6.4). Mesmo preso e sem qualquer
perspectiva de futuro, não se entregou a mesmice da rotina da cadeia; mesmo
preso ele continua frutificando ao escrever suas cartas para as Igrejas das quais
tinha ajudado a começar (Fl 3.12). Nem o cárcere foi capaz de estagná-lo. Ele é
um entusiasta. O que o impulsionava a ir sempre adiante? Creio que a sua
convicção de que por mais que se doasse e tentasse realizar o seu melhor, ainda
não era o bastante (Fl 1.21-24). Entendia que a hora que não pudesse mais
impactar a vida de alguém, este seria o seu momento de chegar à sepultura; de
partir para o reino celestial. Estagnação, paralisia tem cheiro de morte; morte
de sonhos; morte de metas; morte de alvos; morte de ministérios; morte de
talentos; morte de essência; morte do belo; morte da criatividade; morte do
sobrenatural; morte de tudo que esteja a sua volta. Morte, neste sentido não
tem nada a ver com o nosso Mestre, que sempre propagou a vida e uma vida
abundante, contagiante (Jo 10.10; I Co 15.58). Que se renova a cada dia. Que
nunca paralisa (Pv 4.18).
Que tal a gente sair um pouco do local onde
estamos agora. Treinar a nossa mente para o novo, ainda que você tenha que
retornar, verás tudo de outra forma. Sempre que permanecemos muito tempo no
mesmo lugar, acabamos nos acostumando com tudo que está ali, até mesmo àquelas coisas
que nos incomodavam no início e que reconhecíamos que precisavam ser modificadas.
Precisamos sair da inércia; experimentar coisas novas; ir um pouco além; voltar
a sonhar; respirar novos ares; voltar a marchar, pois, ainda há muito que fazer.
Juvenal Oliveira
Bela inspiração do Pai e do Espírito Santo. Sabiá escolhas de comparações. Deus continue te abençoando na arte da Pregação.
ResponderExcluirAmém. Eu me incluo nesta, pois todos corremos este risco, afinal de contas o nome já diz tudo "zona de conforto". E quem não é tentado 24h por dia a andar no conforto? É uma luta diária contra a nossa própria natureza. O que não pode acontecer é não reconhecermos que precisamos lutar contra este estágio que apenas parece ser bom. Soli Deo Glória!!!
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