O ecossistema é a unidade principal de estudo da ecologia e pode ser definido como um sistema composto pelos seres vivos, o local onde vivem e todas as relações que estabelecem entre si e com o meio. Há um equilíbrio fantástico na natureza criada por Deus: tudo está interligado. No entanto, o homem tem interagido com seu habitat de forma danosa e desequilibrada, causando destruição e gerando um dos principais problemas ambientais da atualidade, os quais, segundo grandes cientistas, podem ser irreversíveis.
Na Física, o equilíbrio significa o estado de um corpo que se mantém sobre um apoio sem se inclinar para nenhum dos lados. Isso parece simples e óbvio, mas o homem parece agir mais como um pêndulo, realizando um movimento oscilatório de vaivém: ora em uma extremidade, ora em outra. Contudo, o desejo de Deus para todos nós, em todos os aspectos da vida, é o equilíbrio, demonstrado e ensinado por Ele em toda a sua criação.
Em décadas passadas, vivemos no Brasil o período chamado de "Ditadura Militar", em que se afirmava que éramos cerceados de direitos essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade justa e para a promoção de uma alta qualidade de vida para todos, ou pelo menos para a maioria. Dizia-se que tudo era censurado e reprimido, e isso parecia se refletir até na educação familiar, com pais altamente ríspidos e autoritários, que não conseguiam dialogar com seus filhos e resolviam tudo na base da força.
Clamou-se por mudanças e, hoje, finalmente, saímos das garras daquela ditadura que parecia cruel. Mas será mesmo? Tínhamos tudo para melhorar, crescer, sair do subdesenvolvimento e alcançar patamares mais altos. No entanto, optamos por avançar demais, indo para o extremo oposto: o neoliberalismo. Atualmente, o que se define como democracia, na verdade, não seria uma anarquia? Onde não há limites, onde não se pode dizer "não" a um filho, onde não há respeito nem o cumprimento de regras e normas?
Tornamo-nos uma terra sem lei, onde traficantes ostentam seus fuzis livremente à luz do dia, enquanto as autoridades policiais, impotentes, sentem-se engolidas por um sistema altamente falido. Enquanto isso, os cidadãos de bem vivem enclausurados em suas próprias residências, dependendo cada vez mais de equipamentos de segurança para garantir sua sobrevivência.
No mundo competitivo e consumista em que vivemos, outro desafio é manter o equilíbrio em relação à nossa vida financeira. Como viver sem avareza, sem ser dominado pelo dinheiro e, ao mesmo tempo, sem agir de forma irresponsável nos gastos? Como evitar o consumismo compulsivo? Muitos administram suas finanças de forma desequilibrada e pagam um alto preço por isso. Mas esse não é o desejo do Pai para nós. Seu desejo é que sejamos mordomos equilibrados (Sl 62:10b; Pv 30:8; Mt 6:24).
Poderíamos escrever centenas de páginas sobre o equilíbrio nas diversas áreas da vida—profissional, sentimental, emocional—mas quero finalizar abordando a questão do equilíbrio na vida espiritual.
Para isso, é necessário fazer subdivisões, dada a abrangência e a importância do tema.
1. Equilíbrio entre conhecimento bíblico e devoção
Podemos identificar dois grupos extremistas nas diversas ramificações cristãs:
- O primeiro grupo afirma que os milagres cessaram e que eram apenas para o passado, a fim de identificar Jesus como Deus. Para defender essa tese, mergulham na "letra" e se preocupam excessivamente com a teoria e o conhecimento. Usam palavras rebuscadas para impressionar seus ouvintes, desprezam reuniões de oração e vigílias, e não insistem na oração buscando milagres.
- O segundo grupo, igualmente extremista, desdenha do conhecimento bíblico aprofundado e coloca ênfase excessiva na profecia, em subidas ao monte, revelações e sinais.
Quem está certo? Nenhum dos dois!
Jesus repreendeu severamente os religiosos da época—escribas e fariseus—afirmando que estavam errados porque não conheciam as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22:29).
Precisamos conhecer a Bíblia para não sermos enganados por falsos profetas, pois ela é a única profecia selada (Gl 1:8; Ap 22:18-19). Mas também não podemos ignorar a importância da oração. O próprio Jesus nos incentiva a insistir na oração, como demonstrado na parábola do juiz iníquo (Lc 18:1-14). Afinal, "a letra mata, mas o Espírito vivifica" (2Co 3:6).
2. Equilíbrio entre ministério e família
Outro erro comum é o extremismo na obra ministerial. Há pessoas que, no afã de realizar a "Obra do Senhor", acabam perdendo seus próprios familiares. De que adianta ganhar muitas almas para Deus e perder sua própria família para o Diabo? Isso acontece porque seguem um caminho extremo.
Além disso, nem tudo o que se chama "Obra do Senhor" de fato o é. Para alguns, o ministério não passa de uma simples terapia ocupacional. Prova disso é que, apesar de gastarem energia em diversas tarefas, não vemos frutos que testifiquem a verdadeira Obra de Deus.
Por outro lado, há aqueles que negligenciam completamente seu chamado em nome de uma dedicação exagerada à família. Eles sabem que lidam com vidas e têm uma grande responsabilidade, mas a ignoram, como um médico que faz o juramento de salvar vidas e, depois de um tempo, passa a exercer sua profissão sem o menor compromisso.
Qual é o desejo de Deus?
Que estipulemos nossas prioridades sem negligenciar nenhuma delas. O chamado ministerial deve ser vivido de forma equilibrada.
3. Equilíbrio entre fé e razão
Há aqueles que espiritualizam tudo, colocando qualquer situação na conta de Deus ou do Diabo. Vivem como extraterrestres, distantes da realidade, acreditando em todos os modismos religiosos sem verificar sua autenticidade na Bíblia. Para eles, tudo precisa ter uma explicação sobrenatural e são facilmente enganados por falsos profetas, pois se deixam levar pela emoção.
Em contrapartida, há os que desprezam completamente o mundo espiritual. Vivem como se o céu fosse aqui na Terra, focam apenas no presente e debocham da batalha espiritual, avaliando tudo apenas pela razão.
Precisamos encontrar o meio-termo entre fé e razão. Deus exige santidade, mas não nos tira do convívio com aqueles que vivem em trevas. Precisamos discernir entre enfermidades comuns e aquelas de origem espiritual.
Paulo escreveu a Timóteo:
"Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, amor e de moderação (equilíbrio)" (2Tm 1:7).
O desejo de Deus para nossas vidas, em todas as áreas, é que vivamos de forma equilibrada. Para isso, precisamos do Espírito Santo agindo e reinando em nós, a fim de que nosso pêndulo fique travado ao centro, longe dos extremos. Dessa forma, experimentaremos uma vida equilibrada no centro da vontade de Deus.
Soli Deo Glória
Juvenal M. de Oliveira Netto