O insensato pensa e age enxergando apenas o tempo
presente como se o amanhã fosse algo imaginário. Ele empenha todas as suas
energias em projetos imediatistas e ignora totalmente as consequências futuras
de suas ações do momento sejam elas boas ou ruins. Ele quer vencer e conquistar
hoje ainda que isto implique em derrotas sucessivas e mais significantes lá na
frente. No entanto, o sábio procede diferente. Ele valoriza a sua vida em todos
os momentos. Procura viver intensamente, mas, está consciente que suas decisões
e escolhas de hoje poderão impactar de forma irreversível no seu futuro.
Seguindo nessa linha de pensamento, as vezes, é preciso perder para ganhar, foi
o que aconteceu com um homem chamado Estêvão.
Segundo matéria publicada no site da revista
“Super Interessante”, do dia 3 de outubro de 2017, somente nos três primeiros
séculos cerca de dois mil cristãos foram mortos pelo governo romano apenas por
professarem sua fé em Cristo. Calcula-se que dezenas de milhares já foram
mortos pelo mesmo motivo em todo o mundo. O que justificaria tantas pessoas
decidirem, voluntariamente, colocar suas cabeças a prêmio ao se tornarem
seguidores de Jesus? Para o mundo elas não passam de fanáticas religiosas ou
portadoras de alguma deficiência mental, mas, para aqueles que acreditam nas
Escrituras e no Deus responsável por ela é a decisão mais sensata a ser tomada
por um habitante humano na terra, como foi o caso desse personagem.
A Bíblia não informa os detalhes sobre o momento
da conversão de Estevão, mas, deixa claro que ele foi um homem cheio de fé e do
Espírito Santo, escolhido para formar a primeira equipe diaconal da igreja
primitiva (At 6.1-7). Esse discípulo teve o privilégio de ser tremendamente
usado por Deus através de sinais e prodígios e isto despertou inveja por parte
de um grupo de judeus religiosos o qual arranjou testemunhas falsas para o incriminar
junto ao Sinédrio. O Diácono Estevão é convocado para se defender diante
daquelas acusações e acaba sendo protagonista de um dos maiores textos
apologéticos do Novo Testamento. Ele faz uma exposição minuciosa da relação do
povo judeu com Yahweh a partir dos patriarcas, chegando aos profetas e de como
foram usados para falar sobre a vinda do messias, mas, perseguidos e mortos por
esse mesmo povo. Os principais do Sinédrio não gostaram do que ouviram e
ficaram furiosos. Nesse interim, Estevão olha para o céu e vê a glória de Deus
e Jesus de pé a sua direita. Ele foi apedrejado até a morte, enquanto,
ajoelhado orava se rendendo e clamando ao Senhor para que não lhes imputasse
aquele pecado.
Uma pessoa desprovida de discernimento espiritual
talvez fosse induzida a crer que sua pregação tenha sido em vão, tendo em
vista, ter obtido como recompensa por tão grande devoção uma morte lenta e
cruel, normalmente, imposta aos piores assassinos. — Onde está o seu Deus?
Outros devem ter indagado. Aos olhos míopes do mundo, ele era somente mais um
aventureiro que perdera sua vida por uma causa insignificante. — Para quê
morrer desse jeito, pois, por certo teria ainda uma longa jornada pela frente?
Entretanto, diante dos olhos do Eterno, aquele homem se tornaria mais que
vencedor e como prêmio receberia a coroa da vida. Uma recepção sobremaneira
significativa e calorosa, pois Jesus ficou de pé para tal, como quem recebe a
um príncipe, capaz de anestesiar toda a dor das inúmeras pedradas que golpeavam
o seu frágil corpo.
Logo, chegamos à conclusão de que Estevão e tantos
outros vitimados pela perseguição cruel e sangrenta devido a sua fé não pode
ser considerado vencido, perdedor ou lançado a própria sorte, mas, verdadeiro
mártir o qual será devidamente recompensado, fazendo-se cumprir as palavras do
Mestre: “Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas
qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará. Porque, que
aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si
mesmo?” (Lc 9.24-25)
Juvenal Netto
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