Não podemos cometer o equívoco de transformar a nossa oração em mera
retórica. Lembrando que é impossível enganar a Deus. Se todos orássemos na
mesma proporção pelo qual mencionamos, escrevemos e debatemos sobre o assunto
“oração”, nossas vidas e de muitas outras que estão a nossa volta seriam
bastante diferentes.
A Bíblia está repleta de relatos, definições e experiências de inúmeros
homens que obtiveram êxito, exercitando a sua fé ao estreitarem o seu
relacionamento com o Eterno através de uma vida regada pela oração. Neste texto
utilizarei como exemplo a vida do copeiro que se tornou governador, chamado
Neemias.
Neemias, um judeu que vivia num período pós exílio babilônico (por volta
do ano 445 a. C.), estava vivendo confortavelmente no palácio real, pois
exercia a função de um mordomo de confiança do rei Artaxerxes. Certo dia ele se
encontrou com algumas pessoas de sua cidade natal, as quais perguntou como
estariam vivendo aquele povo. A resposta foi lastimável, pois o relato foi de
uma cidade devastada pela fome, miséria e o caos social. Neemias, a ‘priori’,
deve ter se sentido totalmente impotente diante de um quadro tão desafiador. O
que poderia ele fazer para mudar essa realidade sendo tão limitado? Talvez
neste exato momento ele tenha se lembrado de tudo quanto os seus pais lhe
contaram acerca dos milagres e prodígios operados pelo Deus de Israel no meio
do seu povo. Ele decidiu buscar a face desse Deus.
As Escrituras narram que ele orou e jejuou. Confessou não apenas os seus
pecados, mas, foi além, intercedeu pelos seus compatriotas, suplicando o perdão
e a misericórdia do Pai. Usou na sua oração a própria Palavra, como garantia de
tudo aquilo que Deus havia prometido para os seus ancestrais. Ele estava em
oração por um período aproximado de quatro meses e, agora, foi quando o rei
percebeu a sua profunda tristeza e, inesperadamente, lhe pergunta qual seria o
motivo de seu abatimento e o que ele poderia fazer para ajudá-lo? Neemias, mais
uma vez ora ao Senhor pedindo-lhe orientação e direção, como prova de sua total
dependência dEle, apesar de já estar vivendo em consagração por meses a finco.
A sua resposta ao rei foi surpreendente e digna de ser repetida constantemente:
“ — Se é do agrado de vossa majestade, e se o teu servo acha mercê em tua
presença, peço-te que me envies a Judá para que eu a reedifique.” (Ne 2.5).
Neemias é alguém que retrata fielmente o verdadeiro sentido da palavra
“oração”, ou seja, orar como se tudo dependesse de Deus, não obstante, agir na
mesma intensidade, como se tudo dependesse dele mesmo. Ele acreditou em tudo
aquilo que pediu ao Senhor e, quando o rei foi tocado, ele entendeu que fora
chamado para realizar essa tamanha e desafiadora tarefa de reerguer os muros de
Jerusalém. O resultado foi surpreendente, apesar dos inúmeros obstáculos que
teve que enfrentar. Ele usa mais de uma vez a expressão que demonstra o segredo
de uma liderança tão eficaz em meio a tantas adversidades: “ — Porque a mão do
bom Deus era comigo.”
Portanto, a vida e o testemunho de Neemias nos ensinam que vale a pena
renunciar um estilo de comodidade e bem-estar em prol de cumprirmos a vontade
de Deus, sendo útil para outras pessoas; ensina ainda que a oração não é apenas
uma, mas, a única maneira de atravessarmos as grandes tempestades e os mares
revoltos, chegando bem do outro lado; que precisamos estar focados o tempo
inteiro no objetivo e não permitirmos que os “Sambalates” nos retire do
propósito, enfim, que a Palavra de Deus deve ser conhecida, crida e praticada,
pois nela estão contidas todas as promessas de Deus, em especial, para a vida
de todos aqueles que o buscam com sinceridade.
Juvenal Netto
Excelente. Oração como base de vida.
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