domingo, 29 de setembro de 2019

PASTOR CHAMADO OU “CHAMADO PASTOR”


O ministério pastoral é um dos ofícios mais excelentes que existem na sociedade. O pastor é o médico da alma e como tal vive a disposição do seu rebanho vinte e quatro horas por dia, pois não sabe em que momento determinada pessoa irá suplicar-lhe por socorro. No exercício de seu chamado ele acaba sendo psicólogo, terapeuta, conselheiro, pai, árbitro, etc. Quando sobe no púlpito ele é um autêntico profeta; quando pede para as pessoas abrirem as suas Bíblias e aplica um texto com fidelidade, ele está dizendo “assim diz o Senhor”, ou seja, é o próprio Deus falando com a sua igreja. Por isto que o apóstolo Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo, antes de falar sobre as qualificações necessárias para quem também deseja ser um, ele vai dizer o seguinte: “... se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” (1 Tm 3.1). Ser pastor é uma bênção divina!
Hoje, no Brasil, existem centenas de pastores, homens que em algum momento de suas vidas reconheceram o seu chamado e foram consagrados ao ministério. Por mais que as igrejas sejam criteriosas no exame do obreiro utilizando como parâmetro nada mais nada menos que a própria Bíblia, é impossível autenticar o chamado de alguém. Como não aceitar um testemunho contundente acerca do chamado ao ministério pastoral de um candidato que cumpre todos os pré-requisitos para a sua consagração? Na verdade, só Deus, que conhece o homem a fundo poderá confirmar ou não este chamado. É por isto que dentre estes homens existem os “pastores chamados” e os “chamados pastores”. Como identifica-los, principalmente pelo fato de ambos serem humanos e como tais, sujeitos a todo o tipo de falhas e imperfeições?
O pastor chamado estará sempre pronto a ir onde o seu Senhor mandar, mesmo que este lugar seja uma terra seca e árida. Ele utilizará sempre a Bíblia como única regra de fé e prática para conduzir o seu rebanho e jamais a substituirá por qualquer outro pensamento ou filosofia, ainda que estejam fazendo sucesso e dando resultados positivos em outros lugares. Jamais permitirá que o seu ministério se transforme em um mero emprego; trabalhando apenas pelo salário que receberá no final do mês ou supervalorizando o que faz a fim de receber um acima da média. Este pastor, mesmo entendendo que depende totalmente do Senhor, procura estar atualizado e medita dia e noite na Palavra do Senhor a fim de poder oferecer um alimento sólido para o seu rebanho. Este líder ensina dando o exemplo, assim como fez o Mestre. Ele tem cheiro de ovelha, pois são elas que dão sentido ao seu ministério. Este verdadeiro homem de Deus é capaz de chorar junto dos que choram e se alegrar com aqueles que estão felizes. Não faz acepção de pessoas, em hipótese alguma, tratando-as de igual modo, independente de suas condições socioeconômicas. Busca incansavelmente ser um imitador de Cristo ainda que reconheça que jamais chegará à perfeição. Os pastores chamados também são aqueles que estão nas estatísticas como os que mais sofrem, mas adoecem físico e emocionalmente, pois se doam por inteiro aquele que os convocou para toda a boa obra. Quanto aos “chamados pastores”, estes também hão de receber a sua recompensa, pois estão lidando com vidas que são a menina dos olhos de Deus.
À vista disso, afirmo enfaticamente que haverá uma recompensa para todos vocês amados pastores chamados. Deus, o justo juiz, julgará a causa de cada um dos senhores. Ainda que não haja qualquer tipo de reconhecimento humano, saibam que Jesus está contemplando todo o esforço, dedicação, abnegação, empenho e amor que têm demonstrado em sua obra. Dentre tantas recompensas, assim cremos, quem sabe os seus nomes não venham a ser inseridos também naquela lista honrosa da carta aos Hebreus, capítulo onze: “... (Homens) dos quais o mundo não era digno” (Hb 11.38a). No final de tudo, ouviremos um coro em uníssono de todos vocês afirmando categoricamente que valeu a pena ter sofrido tanto por amor a Cristo. (1Co 15.58).

Juvenal Oliveira




terça-feira, 24 de setembro de 2019

PRECISO ESTAR CONECTADO PARA SOBREVIVER


   Até o final do século passado era muito comum serem disponibilizadas variadas revistas nas salas de espera dos centros comerciais para os clientes utilizarem enquanto aguardavam pelo atendimento. Hoje, o passatempo que mais atrai os clientes já não é mais o mesmo. Passou a ser o acesso à ‘internet’, com a liberação gratuita através do sinal de wi-fi. Parece que as pessoas necessitam permanecer conectadas ao mundo cibernético a todo o tempo. Conexão passou a ser uma das palavras mais empregadas na atualidade.

   Quando alguém busca se conectar, dentre tantas coisas, ela está à procura de informações; ela quer estar por dentro dos últimos acontecimentos, das novidades do momento; ela está buscando obter uma visão ampliada do mundo. Para a maioria dos usuários da grande rede estar conectado é tão prazeroso que a ideia que tem a respeito dela é a de que os seus corpos reagirão a isto, produzindo substâncias químicas naturais como a endorfina, a serotonina, a dopamina e a oxitocina. O grande problema nessa conexão, que parece ser o paraíso da felicidade, que ela é viciante assim como as substâncias entorpecentes. A sensação de bem-estar e prazer, lamentavelmente, só dura enquanto houver o “sinal”. Caiu a rede, a alegria logo vai embora junto e o que sobra é uma grande sensação de vazio. Por tudo isto, parece que o mundo virtual possui um gigantesco íman que tenta sugar a todos, sem qualquer distinção. A humanidade ao fazer uso dele não conseguiu ainda chegar ao clímax do prazer e do contentamento, apesar dele tentar passar esta ideia para as pessoas que vivem conectadas. Será possível existir alguma coisa mais atraente e abrangente? Existe alguma conexão ainda mais notável do que esta? São perguntas que muitos estão fazendo.

   Certamente, há uma conexão muito mais profunda. A que nos une ao mundo espiritual. O acesso a este é totalmente gratuito e ilimitado, mas, não são apenas essas as características que distinguem um do outro. O mundo espiritual pode ampliar a nossa visão ao ponto de compreendermos que tudo aqui é transitório (1Jo 2.15-17); apto a preencher totalmente o vazio existencial que todos os seres humanos possuem, trazendo paz, gozo e alegria duradouros (Jo 7.38).

   Portanto, para subsistir neste mundo cruel e tenebroso é preciso estar conectado. Não somente a grande rede, que é apenas um paliativo. Cada um deve procurar estar atado, ligado sim, mas, aquele que desceu do seu trono de glória; se vestiu de homem; morreu em nosso lugar, assumindo toda a nossa culpa, Jesus Cristo de Nazaré (Fl 2.5-11). Nele estaremos plenamente libertos, pois é poderoso o suficiente para satisfazer as mais profundas necessidades da nossa alma. Para se conectar é simples. Basta crer, confessar os seus pecados e se render inteiramente, tendo-o como seu senhor e salvador (Rm 10.9). A partir de então, sempre haverá sinal disponível para aquele que o buscar de todo o coração. Neste caso, estar conectado, significará sobreviver e vencer neste ambiente hostil, dominado pelo pecado, no qual estamos todos inseridos (Ap 2.11; 21.8).
Juvenal Oliveira


quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O PECADO DA OMISSÃO


Augustus Hopkins Strong, o grande teólogo batista, define o pecado como a falta de conformidade com a lei moral de Deus quer em ato, disposição ou estado. Diz ainda que os sacrifícios mosaicos pelos pecados de ignorância e de omissão e, especialmente pela pecaminosidade em geral, são evidencia de que o pecado não se limita simplesmente ao ato, mas inclui algo mais profundo e permanente no coração e na vida (Lv. 1.3; 5.11; 12.8). A palavra “pecado”, "hamartia", no grego, significa ERRAR O ALVO, isto é, não atingir a meta estabelecida ou não alcançar o fim desejado. Utilizando um linguajar mais popular, pecado é tudo aquilo que desagrada a Deus. O Novo Testamento está repleto de textos que falam sobre o pecado, no entanto, não menciona nada a respeito de haver classificações quanto ao seu grau de gravidade, no quesito, necessidade de arrependimento e, consequentemente, na liberação do perdão de Deus. O que pode variar de acordo com aquilo que o homem fizer, serão as consequências do seu ato. Mais, na prática, parece que os homens não compreendem isto muito bem, pois, acabam classificando-o como pecado, pecadinho e pecadão. (Rm 3.23, 6.23, 7.11, 8.3; Tg 1.15; 1Pe 2.24; 1Jo 1.8-9, 2.2, 3.4).
Existe um tipo de pecado que costuma passar despercebido e tratado com descaso por muitos “cristãos” que é o pecado da omissão. Jesus ao ser interpelado por um teólogo judeu que queria tão somente o colocar a prova, lhe contou a seguinte história:
Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;” (Lc 10.30-34).
Jesus utiliza nesta história a figura de três homens, sendo, dois religiosos praticantes e um não praticante, que, se fôssemos contextualizar, os primeiros seriam membros de alguma igreja “evangélica” e o último alguém que não expressa fé alguma. O erro cometido por estes dois religiosos aqui não foi por fazerem alguma coisa errada, pelo contrário, foi exatamente por deixarem de fazer. Ignoraram a pessoa que precisava de ajuda. Talvez tivessem pensado: – Isto não é problema meu. Alguém vai aparecer para ajuda-lo. Ou então: – Deve ser consequência da vida de pecado que ele vive e Deus está por castiga-lo. Ou ainda: – Quando chegar ao templo vou orar por ele para que Deus faça uma grande obra em sua vida. Uma frase muito empregada por estes “cristãos” que vivem se omitindo é: “Vamos orar”. Mas, eles falam isto apenas para se verem livres do problema ou lançar toda a responsabilidade em Deus. Quanta omissão em nossos arraiais!!! “Eu não vou fazer.” “Não irei decidir.” “Esta responsabilidade não é minha.” “Alguém chame os responsáveis, por favor.”
Portanto, Jesus ensina aquele doutor da lei que não basta ter um profundo conhecimento acerca de Deus e as suas leis, mas, que é preciso ir além; ter um coração sensível e disposto a lhe obedecer e fazer a sua vontade. As palavras finais do Mestre para aquele catedrático e que serve para todos nós hoje: “Vai e procede tu de igual modo” (Lc 10.37).
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4.17).
Juvenal Oliveira