Por mais que você venha a se esforçar
sobremaneira, jamais conseguirá agradar todas as pessoas a sua volta. Ao longo
da vida construímos muitas amizades, mas, inevitavelmente, também formaremos
inimigos, alguns declarados, enquanto outros, anônimos e inimagináveis,
todavia, todos intimidadores. Para evitar surpresas desagradáveis, seria
prudente buscar conhecer minuciosamente quais armas estão à disposição deles. O
que conhecem a seu respeito, ou seja, as suas vulnerabilidades? Quais serão as
possíveis estratégias a serem empregadas contra ti? Contudo, a informação mais
importante de todas é saber quem são e qual o grau de periculosidade de cada
um.
Depois dessa introdução, talvez alguns já pensem
de imediato naquele que provavelmente é o seu arqui-inimigo. Um anjo caído que
teve a audácia de se rebelar contra Jeová. Aquele que arrastou a terça parte
dos seres celestiais em seu motim e, sendo lançado na terra, vive
incansavelmente tentando destruir as pessoas simplesmente por serem feitas a
imagem do seu Criador (Ez 28; Jo 10.10). Não menosprezando, em hipótese alguma,
todo o seu currículo infernal e todo o mal que causa diuturnamente a
humanidade, existe outro inimigo, além do diabo, que exige de cada um de nós
uma atenção toda especial.
O grande apóstolo dos gentios quase sucumbiu
diante de sua perspicácia (2 Co 12.7-10). Paulo foi capaz de vencer serpentes,
naufrágios, apedrejamentos, imperadores, endemoniados, e, até falsos irmãos,
mas, por muito pouco não foi nocauteado por ele. Um inimigo tão íntimo que
deita e acorda com você todas as manhãs e não estou me referindo ao seu
conjugue. Em alguns aspectos se torna ainda mais terrível que Satanás, o
inimigo de nossas almas, pois, este apesar de todo o seu poder não consegue
penetrar em nossa mente, isto é, nos conhece apenas por fora, por intermédio de
diagnósticos baseados em informações obtidas normalmente através de palavras,
gestos e atitudes. Enquanto o primeiro tem livre acesso aos nossos arquivos
mais secretos e nos conhece também por dentro.
O nosso homem interior, isto é, o nosso espírito,
quer adorar a Deus e ser fiel em todo o tempo, não obstante, está integrado a
uma natureza humana, frágil, inclinada para o pecado, que a Bíblia chama de “carne”.
Parece que numa mesma pessoa existem dois seres antagônicos que se digladiam
constantemente entre si. O apóstolo Paulo escrevendo aos romanos descreve com
muita propriedade sobre esse dilema vivido pelos cristãos, onde a carne milita
contra o espírito e vice-versa, incansavelmente. O próprio Mestre nos advertiu
quanto a esta realidade dizendo: “vigiai e orai para que não entreis em
tentação, pois, na verdade, o espírito está pronto, mas, a carne é fraca” (Mt
26.41). Apesar desse confronto desafiador, o apóstolo conclui afirmando que se
o Espírito Santo estiver reinando na vida dessa pessoa, o seu corpo estará
mortificado para o pecado (Rm 7). O grande diferencial na vida de cada um,
tendo em vista que essa luta acontece com todos, seria quem está sendo mais
alimentado e, consequentemente, mais fortalecido, o espírito através de uma
vida de oração, jejum e meditação na Palavra ou o corpo, com a sua exposição a
todos os prazeres que o diabo disponibiliza gratuitamente nesse mundo gerido
por ele.
Portanto, para vencermos esse inimigo inconveniente
será necessário andarmos segundo o Espírito, subjugando o poder da carne
através de uma vida de santificação, para esses, de acordo com Paulo, já não
haverá nenhuma condenação. Tal proceder na vida do discípulo não é facultativo,
pois, ele precisa ser guiado não mais pelos seus instintos carnais que outrora
o dominavam, mas, agora, pela ação regeneradora do Espírito Santo, o tornando
um homem espiritual. Parece fácil, mas não é. Essa luta precisa ser vencida dia
a dia, se quisermos oferecer um testemunho eficaz acerca do evangelho de Cristo
Jesus.
Juvenal Netto
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