terça-feira, 27 de março de 2018

SOMOS TODOS ESCRAVOS


Para quem acha que escravidão é coisa da Idade Média, está redondamente enganado, segundo um relatório da ONG Walk Free Foundation, divulgado no site do G1, em 30/05/2016, até então, havia cerca de 46 milhões de pessoas vivendo em regime de escravidão no mundo. Um número considerável de pessoas vivendo dominadas por algum tipo de subserviência. Estes dados se referem apenas aqueles que são obrigados a trabalhar em troca de alimentação, mas, se considerarmos que a definição da palavra escravo inclui também aquele que está submetido a alguma espécie de poder ou a uma força incontrolável, chegaremos à conclusão de que este número é insignificante diante de uma multidão indescritível de escravos espalhados por todo o planeta.
Segundo o relato do apóstolo João aqueles que vivem na prática do pecado são servos do Diabo que vive pecando desde o princípio, em contrapartida, aqueles que decidiram abandonar tal prática, deixaram de ser escravos do pecado e do Diabo, não obstante, passaram a ser escravos do Deus altíssimo (Rm 14.9-11). Espiritualmente falando, todos, sem exceção, são escravos, ainda que inconscientemente.  O apóstolo João faz a seguinte distinção entre ambos: “Os filhos de Deus e os filhos do Diabo” (1Jo 3.1-10). De acordo com os ensinamentos contidos na Bíblia, não existe meio termo ou qualquer possibilidade de alguém se abster desta decisão, ou se rende a um e repele ao outro e vice versa (Mt 6.24).  Isto tudo parece uma verdade difícil de ser digerida, afinal de contas quem é que admitiria ser considerado um escravo? Que termo mais humilhante! Ser um escravo significa não ter vontade própria; ser privado de liberdade; ser um capacho; pessoa desprovida da possibilidade de sonhar. Mas, como sempre há uma exceção às regras existem situações em que ser um escravo é uma prerrogativa.
Moisés liderava o povo pelo deserto após a saída do Egito e Deus lhe dera diversas instruções que eles deveriam observar e cumprir. Uma delas se referia ao tratamento para com os escravos que deveriam servir ao seu senhor por um período de seis anos consecutivos e no sétimo teriam o direito à liberdade. Entretanto, se este escravo decidisse voluntariamente continuar servindo ao seu senhor, ele deveria ter a sua orelha furada para distingui-lo dos demais (Ex 21.1-6). Quem olhasse para ele, saberia que ele era um escravo livre, ou seja, servia por amor e a sua vida já não fazia mais sentido fora da presença do seu senhor.
Quando alguém consegue compreender o tamanho do amor de Deus; a sua infinita misericórdia; a sua inefável graça; a sua fidelidade “apesar de” toda a miserabilidade humana. Quando se entende que os seus mandamentos não são no intuito de privar as pessoas de alcançarem a felicidade ou de puni-las por algum ato desfavorável e sim ensina-las a viverem melhor (1Jo 5.3; Sl 119.143; Dt 10.13). Enfim, quando se compreende o que ele foi capaz de fazer para salvar a humanidade enviando seu próprio filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16; Rm 5.8). Então, entendemos que não há absolutamente nada que possamos fazer que justifique tamanho amor. Normalmente ficamos tão gratos e constrangidos que decidimos voluntariamente nos tornarmos seus servos (2Co 5.14-15). Tornamo-nos “os escravos da orelha furada” para sempre. Que privilégio é este!!!

Juvenal Oliveira

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