quarta-feira, 17 de abril de 2024

A INTERDEPENDÊNCIA FAZ PARTE DA MISSÃO

 


Um dos grandes dilemas enfrentados pelos homens é compreender o significado de sua existência. Encontrar a resposta para essa indagação não é nada fácil. Entretanto, devido à sua relevância, quem a distingue automaticamente percebe que ela é a chave para inúmeras outras questões, as quais circundam a natureza humana. Identificar qual é a sua missão pode fazer toda a diferença, independentemente da fé ou religião que professe, pois ela é a mola propulsora capaz de manter o seu corpo e alma em movimento contínuo. Você já descobriu qual é a sua?

Moisés nasceu com a exímia função de libertar seu povo de uma escravidão, a qual já perdurava por mais de três séculos (Ex 12.40). Como por norma, quanto mais expressiva, maior será o seu nível de dificuldade. O primeiro obstáculo foi justamente sobreviver ao parto, pois o rei do Egito havia determinado para as parteiras hebreias que matassem todas as crianças do sexo masculino (Ex 1.15-20). No entanto, quem determina a tarefa se incumbe de oferecer todo o suporte necessário. Aquele bebê nasceu e, antes que completasse o quarto mês de vida, foi novamente submetido a outra grande prova, mas Deus estava cuidando de tudo, nos mínimos detalhes (Ex 2.1-10). Moisés obteve todas as ferramentas necessárias para capacitá-lo a cumprir o seu chamado.

Quando Deus viu que seu servo estava pronto, o designou mediante uma grande visão (Ex 3.1-10). A reação de Moisés foi colocar uma série de desculpas, todas no intuito de se esquivar da responsabilidade. Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra! A última delas foi sua limitação quanto à fala. Não se sabe ao certo que dificuldade era essa, talvez uma gagueira. Seguindo o raciocínio lógico e meramente humano, diríamos: é fácil, basta apenas remover esse impedimento, afinal de contas, Deus pode todas as coisas, não obstante, ele não agiu desse modo. A resposta do Eterno para Moisés foi a seguinte: “...Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem... E tu lhe falarás, e porás as palavras na sua boca; e eu serei com a tua boca, e com a dele, ensinando-vos o que haveis de fazer. E ele falará por ti ao povo; e acontecerá que ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus.” (Ex 4.14-16)

À luz da experiência de Moisés, podemos assimilar alguns conceitos. Todos recebem pelo menos uma missão ao nascerem. Quanto maior a relevância desta, maiores serão os obstáculos, por isso, é importante ter muita cautela ao desejar estar no mesmo “pódio” que seu irmão; está disposto a passar também por suas provas? Aliado ao ofício, você receberá toda a estrutura necessária, isto é, não haverá justificativa para se negar a cumprir. Finalmente, e não menos importante, Moisés aprendeu que o significado para sua existência estava exatamente em obedecer ao seu chamado e, para tanto, precisaria depender totalmente de Deus, mas, não apenas isso. Ele não conseguiria fazer nada sozinho. Muitas vezes, cumprir sua missão envolverá também depender de outras pessoas. A formação desse triângulo interdependente na conexão entre Deus, homem e o seu próximo é imperativa para o êxito no comissionamento. Se já tem resposta para a pergunta feita introdutoriamente, reflita ainda nesta: está disposto a executá-la? 

 

Juvenal Netto

sábado, 9 de março de 2024

UM CONVITE INUSITADO

 


Normalmente, ninguém convida um amigo para algo aparentemente ruim, pois queremos fortalecer mais e mais os laços fraternos, principalmente pelo fato de ser tão difícil encontrar um que atenda nossos exigentes requisitos. Entretanto, como o reino de Deus está sempre em oposição aos poderes deste mundo caído, às vezes, o que é ruim sob o prisma deste, é motivo de gozo e contentamento, consoante os parâmetros estabelecidos por aquele.

O apóstolo Paulo escreve duas cartas pastorais para o seu filho na fé, Timóteo. Suas orientações, baseadas nas experiências vividas no campo missionário e na inspiração recebida pelo Espírito Santo, tinham for finalidade principal capacitar aquele novo obreiro de modo a poder cumprir com excelência o ministério que recebera do Senhor Jesus. Aparentemente, Timóteo, apesar de apresentar características que comprovariam seu chamado, mesmo assim necessitava ser supervisionado por alguém com uma bagagem como a que Paulo possuía. Na sua segunda carta, Paulo relembra seu aprendiz de como ele fora ungido e, automaticamente, capacitado para liderar aquele rebanho em Éfeso. Alguns estudiosos afirmam que Timóteo era muito tímido e precisava vencer essa limitação para prosseguir na missão de conduzir a igreja aos seus novos desafios. Para tanto, necessitaria de poder, intrepidez, derramados pelo Espírito Santo ao que o busca; amor pelas almas perdidas e equilíbrio emocional (2Tm 1.6-7). Características fundamentais para enfrentar as perseguições que sempre assolaram a igreja cristã até hoje. Paulo não esconde nada de Timóteo. Abrindo um parêntese aqui, hoje, há uma tendência de romantizar demais o cristianismo, talvez, quem assim o faça, seja por receio de assustar e desencorajar os novos discípulos. Apresentam um evangelho triunfalista, onde não há possibilidade alguma para sofrimentos, exceto se essa pessoa estiver vivendo em desobediência a Deus, ou seja, uma meia verdade.

Paulo encoraja Timóteo, convidando-o a participar com ele dos sofrimentos oriundos da pregação do Evangelho (2Tm 1.8). Jesus fez algo parecido com seus discípulos ao deixar bem claro para eles que assim como o perseguiram, o difamaram e o maltrataram até a morte, e, morte de cruz, também fariam o mesmo com todos os seus seguidores (Jo 15.20). Se Paulo simplesmente fizesse o convite sem expor as motivações, poderíamos dizer que ele estaria desanimando seu aluno, mas não é isso que acontece. Ele aponta novamente para Cristo, aquele que padeceu e morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou, vencendo a morte de uma vez por todas e o mesmo acontecerá com todos que o seguirem (2Tm 1.10-12).  

Desta forma, se sofrermos neste mundo por estar obedecendo à Palavra, buscando incansavelmente a santidade, não por vanglória ou por medo do inferno, mas com a admirável motivação de nos tornarmos cada vez mais parecidos com Cristo, glorificaremos a Deus em todo o tempo e seremos mais que vencedores  (1Pe 2.19-25; 3.14-17).  

Juvenal Netto

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

BODAS DE ALEXANDRITA

Como agradecer a Deus por tudo aquilo que tem feito por nós?! O dia vinte e quatro de janeiro, especificamente, a partir do ano de 1998, se tornou uma data sublime para mim e para a minha esposa. Nesse célebre dia, no templo da Primeira Igreja Batista em São Pedro da Aldeia-RJ, selamos nossa união diante de Deus e várias testemunhas. A motivação maior, a qual nos deu toda convicção para proferirmos reciprocamente no altar aquelas frases tão ilustres e, em simultâneo, tão desafiantes, foi o grande amor que o Senhor fez brotar em nossos corações mutuamente. Este sentimento tem sido um dos pilares para prosseguirmos firmes no cumprimento do juramento, o qual fizemos: “... até que a morte nos separe”. Não existe casamento perfeito, partindo do pressuposto quanto à imperfeição generalizada, característica inerente a todos os seres humanos. Por isso, existem outros pilares para solidificar gradativamente o relacionamento conjugal e devem ser observados atentamente. O maior deles é a presença daquele que instituiu a família, digo, o Deus criador de todas as coisas. Atitudes, como perdão, respeito, reconhecimento, altruísmo, enaltecimento das virtudes e acertos em detrimento das falhas e imperfeições, além de muitas outras. A Bíblia nos fornece ferramentas, em forma de orientações, voltadas exclusivamente para o matrimônio e cita as responsabilidades peculiares do marido e da esposa (Ef 5.22-33). Tudo isso só é exequível na vida do casal mediante estarem juntos aos pés de Cristo, mortificando diariamente sua natureza adâmica.

Hoje, completamos Bodas de Alexandrita, uma pedra preciosa rara e valiosa, conhecida por sua capacidade de mudar de cor dependendo da iluminação. Suas características nos ajudam a refletir sobre todos esses anos juntos. Como foi importante nos adaptarmos às diversas fases do relacionamento: sem filhos; com filhos pequenos, depois adolescentes e agora adultos. Nestes ajustes, compreendemos o quão importante é rever conceitos. Reconhecermos como as mudanças são extremamente necessárias, desde que visem sempre o aperfeiçoamento de ambos e corrobore para o fortalecimento do relacionamento. Nossas prioridades atuais não são mais as mesmas de fases já ultrapassadas e esse entendimento é imprescindível para manter a chama acesa. Neste período de transição, com as nossas filhas adultas e independentes, precisamos nos preparar para não sofrermos tanto o impacto do que chamam de “síndrome do ninho vazio”. A atenção total deve se voltar para o cônjuge, como era no início, pois, os filhos, assim como os pássaros, criam asas e voam; que voem mesmo cada vez mais alto.

Por fim, concluímos, expressando mais uma vez toda nossa gratidão ao nosso Senhor e Mestre Jesus de Nazaré, por nos unir, fazer frutificar (Débora, Esther...), sustentar e renovar todos os sentimentos que nutrimos um pelo outro. Aproveitamos a oportunidade para testemunhar diante daqueles que nos circundam o quão magnífico é esse projeto chamado, família, apesar de todas as nossas limitações e imperfeições. Quero declarar mais uma vez todo o meu amor e admiração que sinto por minha esposa, uma mulher virtuosa, com imensuráveis qualidades, motivos pelos quais percebo que a escolha como companheira foi uma decisão indubitável. Deus é bom!


Juvenal Netto

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

MENSAGEM DE FIM DE ANO 2023-24

 


Estamos atravessando mais um ciclo, 2023 passou como um relâmpago e quanta coisa vivenciamos. Os acontecimentos são tão intensos que a nossa mente já não consegue acompanhá-los. Alguns enxergam esse período com certo grau de misticismo, enquanto outros o veem apenas como uma mudança no calendário. O importante é respeitar o momento de cada um. Particularmente, considero a virada de ano um período muito propício para realizarmos uma parada estratégica com o intuito de rever conceitos, restabelecer metas e tentar corrigir os inúmeros erros, além de dar aquela respirada funda para buscar um oxigênio novo e revigorador para reiniciarmos essa nova fase. Preciso ser responsável para não transmitir uma mensagem fantasiosa, surreal, triunfalista, pois todos estão experimentando na pele a realidade deste mundo globalizado e cada vez mais inclinado para uma Nova Ordem Mundial, ainda que muitos a considerem pura teoria da conspiração. Também não quero expressar uma visão realista de futuro, tão somente baseada em fatos recentes, pois, isso seria nostálgico e ninguém quer pensar dessa maneira num momento de festa e celebração como essa, então, empregarei algumas palavras que possam corroborar individualmente na aplicação para a chegada deste novo ano.

A primeira delas é a GRATIDÃO. É comprovado cientificamente que aqueles que a praticam com frequência experimentam como resultado uma melhor qualidade de vida e saúde mental. Paremos de focar naquilo que não alcançamos ou não obtivemos êxito e exercitemos a gratidão. Se você se esforçar um pouco, conseguirá perceber que mesmo em meio as lutas, sempre há algo a agradecer. Obrigado meu Deus por nos conceder mais um ano de vida!

A segunda é a . Podemos constatar na prática diária que em alguns momentos nossa força, estratégia, inteligência e até mesmo o poder aquisitivo, não serão suficientes para nos conduzir a vitória. Fé, é a convicção absoluta de que existe um Deus Todo-Poderoso, que apesar da sua grandeza, sendo o criador de todas as galáxias, possui a capacidade e o interesse em ouvir a cada ser humano que o busque com um coração contrito e sincero. Capaz de reverter as situações mais inusitadas da vida.

A terceira é a ESPERANÇA. Coirmã da fé, ela nos proporciona ver os acontecimentos por uma lente otimista. As circunstâncias dizem não tem solução e todas as portas parecem estar fechadas, mas, a esperança insiste em contradizer tudo isso e nos fazer seguir em frente em pleno deserto, apesar das inúmeras vozes insistirem que o que vemos é apenas uma miragem.

A quarta é a PERSEVERANÇA, prima das duas anteriores. O mais importante não é começar bem e sim concluir com êxito total. Para tanto, nosso olhar não pode se desviar do objetivo final e jamais se distrair ou se empolgar com metas secundárias alcançadas. O descanso é para ser usufruído apenas na linha de chegada, antes disso, pode ser indício para o fracasso.

A quinta é o PROPÓSITO. Viver sem propósito é desperdiçar o tempo e tornar a vida sem sentido. Não há nada de errado em estabelecer metas, ainda que não a alcancemos. O propósito é o combustível da existência humana, sem ele, simplesmente, paralisamos e perdemos o entusiasmo. Viver sem propósito algum é ser apenas um vegetal. Por mais insignificante que ele pareça ser para os outros, o que importa é o quanto ele vai nos impulsionar.

A sexta é a RETIDÃO. Em especial, no Brasil, em todo o tempo somos tentados a pegar os atalhos. Nos rendermos ao “Sistema Corrupto”. Até mesmo os juízes, de onde deveria partir o exemplo, são os primeiros a agir com desonestidade e partidarismo. Em contrapartida, A justiça de Deus é simplesmente infalível. A conta de toda essa imundícia vai chegar mais cedo ou mais tarde. Se conseguirem se safar neste mundo, certamente não escaparão no vindouro. No final, apenas ali, todos terão que reconhecer a lei da semeadura, isto é, o que se planta, colhe. Deus honrará todo aquele que permanecer firme, optando por uma vida reta, mesmo diante de tanta sedução.

A última palavra, não menos importante, é o AMOR. Não qualquer tipo de amor, pois até mesmo o significado dessa palavra vem ganhando outros sentidos totalmente antagônicos aos legítimos. O amor a ser alcançado e buscado como alvo para as nossas vidas deve ser o bíblico, descrito brilhantemente pelo apóstolo Paulo:

 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.” (I Co 13.4-8)

 

Um Feliz e próspero 2024 para todos os nossos amigos.

Juvenal Netto e família

sábado, 14 de outubro de 2023

QUE TODOS SE CURVEM A ARTE DO ENSINO

 

O que seria da humanidade se não houvesse pessoas vocacionadas e empenhadas a nobre tarefa de transmitir conhecimento?  O mundo, através dos séculos, vem passando por transformações significativas, as quais impactam diretamente as populações, contribuindo para obtermos excelência na maneira de viver e isso só é possível pela existência dos professores.

Alguns definem o ensino apenas como uma profissão. São as pessoas com propósito exclusivo de se dedicarem ao aprendizado de uma matéria, chegando ao ponto de conseguir dominá-la, e, assim, realizar a disseminação da mesma para outros de forma remunerada, fazendo desta o exercício de seu sustento. No entanto, tamanha sua expressividade, não podemos deixar de encará-lo por outros ângulos. Ele pode ser definido também como um dom. Gente que nasceu com a capacidade intrínseca de ensinar com maestria. Pessoas com esta virtude tendem a conseguir maior êxito, pois, transmitem as informações de maneira mais clara, obtendo como resultado um melhor aproveitamento de seus alunos. Quando a arte de ensinar extrapola ao puro recebimento de um dom ou as questões meramente remuneratórias, movida por amor intenso, ela ganha uma nova conotação e se transforma em um ministério. Alguém com o coração em chamas, desejando ser instrumento de Deus com o intuito de ajudar outras pessoas a progredirem em determinada área (s) de sua vida. O renomado escritor e médico psiquiatra, Augusto Cury, escreveu o livro “Mestre dos mestres”, cujo título se refere a Jesus de Nazaré, o Mestre por excelência. Os seus ensinamentos iam além de pensamentos filosóficos, ou apenas didáticos. Eles eram pedagógicos na essência, sempre com o propósito de bem servir ao próximo, alcançando a plenitude, isto é, seu corpo e alma/espírito. Além do mais, se perpetua por séculos afinco e continua norteando milhares de vidas na atualidade.

No sistema de energia elétrica toda a carga é transmitida via fios condutores por quilômetros de distância, desde a sua origem até chegar ao destino.  Do mesmo modo, independentemente das classificações mencionadas anteriormente, o professor exerce um papel proeminente para a sustentação e avanço da sociedade. Ele é esse fio condutor, responsável por ligar gerações através dos séculos, fazendo chegar o conhecimento adquirido aos lugares mais longínquos da Terra.

Para expressar todo nosso reconhecimento, admiração e respeito por cada brasileiro, o qual se dedica a tarefa ímpar de transmitir seus aprendizados a outrem, com ou sem diplomas acadêmicos, conclamo a todos a aplaudirem de pé esses exímios educadores. Que Deus esteja revigorando as vossas forças, aperfeiçoando seus ministérios e os conduzindo de fé em fé até a trajetória final.  O maior bem que um ser humano pode deixar neste mundo, ao passar por ele, é o seu legado e vocês têm essa oportunidade. Façam isso sem medir esforços, pois, a recompensa um dia virá.  Deus abençoe a todos os Professores do nosso amado Brasil!

Juvenal Netto


sábado, 30 de setembro de 2023

SINGULARIDADES DO DISCÍPULO DE CRISTO (GENEROSIDADE – SÉRIE VI)

 


O Universo todo espera com muita impaciência o momento em que Deus vai revelar o que os seus filhos realmente são (Rm 8.19). Estas foram palavras utilizadas pelo apóstolo Paulo escrevendo aos romanos. Existe uma grande responsabilidade delegada por Deus aos seguidores de seu Filho. Diante de tantos aspectos acerca da sua doutrina, um deles é o exercício da generosidade. O cristão não foi chamado apenas para ter seu nome escrito no livro da vida e andar numa redoma espelhada, admirando sua própria imagem constantemente.

O sentido da palavra “generosidade” possui inúmeras definições, no entanto, será observado nesta reflexão apenas o de se dispor a sacrificar os próprios interesses em benefício de outem. A virtude de uma pessoa generosa não está, necessariamente, atrelada a ser adepta a uma religião. Até mesmo um ateu pode possuir habilidades e dons naturais que o caracterizem como tal. Todo ser humano possui certo grau de egoísmo inerente a sua natureza, uma das consequências do pecado. Não obstante, o que se espera daqueles que tiveram um encontro com o Mestre, são atitudes predominantemente altruístas.

Para determinados cristãos, exercitar a compaixão não é tão difícil, tendo em vista que mesmo antes de se converterem, já eram inclinados a prática de ajudar ao próximo. Em relação a outros, é um desafio constante, uma luta travada entre sua natureza carnal e a ação do Espírito Santo. Para se tornar um aprendiz obediente, o discípulo de Cristo deve compreender que demonstrar amor pelas pessoas vai muito além de pregar-lhes o evangelho. O Mestre jamais deixou de ensinar prioritariamente seus ouvintes sobre o que deveriam fazer para herdar o reino do céu. Entretanto, demonstrava toda sua generosidade, pois, entendia perfeitamente que sua obra deveria ser completa, alimentando corpo e alma/espírito. À semelhança de Cristo, somente seus discípulos estão habilitados a exercer esta virtude no sentido mais profundo.

O mundo pós-pandemia se tornou ainda mais enfermo, em especial, o acometimento de doenças que envolvem diretamente a mente. Os terapeutas têm contribuído sobremaneira, utilizando todo o conhecimento adquirido para prestar auxílio a esses cidadãos. Todavia, por muitas vezes, além dessa ajuda, necessitaremos da intervenção divina. As pessoas estão extremamente carentes, assustadas e desesperançadas. Os relacionamentos, hoje, predominantemente virtuais, não são capazes de suprir as carências por serem frios, sem calor humano, portanto, ineficazes.  

Que o Espírito Santo nos encha de fervor espiritual, ajudando-nos a vencer a indiferença e a frieza que assolam o mundo. Não duvidamos que esta é a vontade do Pai, pois, fomos chamados para cumprir este propósito (Jo 15.16). Então, o que compete a cada um de nós (cristãos) é buscar incessantemente sua face, dispostos a sermos seus instrumentos para glória de Jesus.

Juvenal Netto

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

UM MINISTÉRIO INVISÍVEL NÃO MENOS EXCELENTE

 


Embora os judeus acreditassem na existência de pelo menos sete céus, o apóstolo Paulo faz menção a apenas três (2 Co 12.2). Acredita-se que o primeiro seja o que vemos a olho nu; o segundo, composto por inúmeras galáxias, somente visto mediante o uso de equipamentos; já o terceiro, é o trono do Altíssimo, o qual, será desfrutado apenas pelos salvos, após o Juízo Final. Entretanto, todas às vezes em que um simples mortal se dirige ao seu Criador, através da oração, um fenômeno magnífico acontece. O seu reino vem até nós, criando uma espécie de ponte, uma linha de transmissão direta entre o céu e a terra (Mt 18.18).

É possível verificar na Bíblia algumas categorias de oração e uma delas é a intercessão (Jo 17.20). Há cristãos muito dedicados a essa prática, transformando-a em um autêntico Ministério (serviço), objetivando sempre trazer algum benefício ao próximo (Tg 5.16). A seguir, será utilizada uma narrativa bíblica, fazendo um paralelo para demonstrar a relevância desta oração.

O povo de Israel saiu do Egito sob a liderança de Moisés e começou a peregrinar pelo deserto. Em dado momento, eles se depararam com uma tribo de beduínos, liderados por um homem chamado Amaleque, provavelmente descendentes de Esaú. Houve um empasse e o confronto era inevitável. Moisés mandou Josué escolher os homens e partir para a batalha, enquanto isso, ele, Arão e Hur subiriam ao monte com o bordão de Deus. Assim procedeu seu Comandante. No decorrer da peleja, quando Moisés, em posse do bordão, levantava a mão, Israel prevalecia, no entanto, ao baixá-la por conta do cansaço, era o inimigo quem triunfava. Então, Arão e Hur pegaram uma grande pedra e fizeram Moisés se sentar nela, enquanto se posicionavam um de cada lado dele. Eles mantiveram a mão de Moisés sempre erguida até a vitória final, desempenhando uma função de extrema importância ao ajudar o líder de seu povo a cumprir sua missão (Ex 17.8.16).

A semelhança da experiência daqueles israelitas, a Intercessão exerce sustentação para os demais Ministérios nas igrejas, em especial, aos Pastorais. Diante da luta espiritual onde todos os cristãos são submetidos, ininterruptamente, ela contribui para o fortalecimento dos missionários, concedendo-lhes sabedoria, força e intrepidez para cumprirem a grande missão de pregar o evangelho aos povos não alcançados. Por se tratar de uma guerra contra principados e potestades, não adianta utilizar armas humanas. É preciso recorrer a instrumentos adequados.

O Ministério de Intercessão é uma das ferramentas mais poderosas a ser utilizada pela igreja de Cristo. Lucas, escrevendo acerca dos primeiros passos da igreja primitiva, comenta sobre a prisão do apóstolo Pedro (At 12.9-19). Aos olhos humanos era impossível ele escapar, entretanto, diante do poder intercessor da igreja, Deus enviou um anjo e o arrancou de lá de maneira inacreditável. A intercessão parece não ter tanta relevância, talvez, for ser exercido frequentemente no anonimato (Mt 6.6). Os irmãos chamados para exercerem este Ministério, devem ter ciência quanto a necessidade de utilizarem armas apropriadas, como, a oração e a fé (Ef 6.10-19). Essas armas devem ser empregadas com toda ousadia através da intimidade com Deus, sendo alcançadas por vidas totalmente consagradas a ele.

Portanto, apesar de sua invisibilidade, o Ministério de Intercessão é indispensável para a conquista dos objetivos impostos pelo Mestre a sua igreja, bem como dos traçados pela nossa Junta de Missões Nacionais.

Juvenal Netto

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

SINGULARIDADES DO DISCÍPULO DE CRISTO (SEXO NO RELACIONAMENTO – SÉRIE V)

 


O vocabulário humano é muito limitado quando se trata de definirmos os atributos de Deus. Os teólogos mais brilhantes que o mundo já conheceu, escreveram milhares de páginas tentando esquadrinhar sua natureza, no entanto, nenhum deles conseguiu decifrá-lo na sua plenitude. Não conhecemos quase nada sobre o que fora criado, tendo em vista o número de galáxias existentes no universo, entretanto, focando apenas na Terra, é o suficiente para nos rendermos as maravilhas de tudo aquilo que gira em torno da vida. Uma delas provavelmente é a relação sexual, diria um percentual bastante considerável da população mundial. Inclusive, há comprovações científicas quanto aos dezessete benefícios proporcionados por ela a nossa saúde. O aumento nos níveis de serotonina, hormônio associado ao bom humor, é um deles, ou seja, diminui a irritabilidade, a ansiedade e a depressão.

Não há nenhuma sombra de dúvidas sobre o criador de algo tão prazeroso para as pessoas, entretanto, Deus estabeleceu parâmetros a serem observados quanto as suas práticas. Elas devem ser, exclusivamente, entre seres humanos, heterossexuais e monogâmicas, digo, praticada entre pessoas de sexo oposto; apenas entre um homem e uma mulher e por casais, devidamente unidos através do matrimônio (Lv 18.20-23; Rm 1.26,27; I Co 5.1-11, 6.9-19, 7.2; I Tm 1.10). Além destas, há ainda a abominação de relações que envolvam parentes mais próximos e aquelas onde não há consentimento de uma das partes (Dt 22.25). Todo relacionamento fora destes padrões são veementemente reprovados pelo Eterno e considerados imoralidade sexual. Aqueles que o desobedecerem, sofrerão as devidas consequências de seus atos em tempo oportuno. Cabe destacar a diferença entre pecar e viver em pecado. O salário para aqueles que vivem desse modo é a morte (Rm 6.23).

Deus é o único ser perfeito, absoluto em sabedoria e criou as regras supramencionadas não por um rigor barato e punitivo, mas, pelo amor e zelo que possui sobre a obra criada. Cremos que ao delimitá-las, não somente em relação ao assunto em pauta, mas, também, aos demais, ele busca o melhor para cada um de nós. Mesmo que não houvesse razão alguma para suas restrições, ainda assim, devemos aceitá-las sem quaisquer questionamentos, pois, a criatura jamais poderá se contrapor ao Criador (Rm 9.20).

Em algumas traduções da Bíblia, a palavra “conhecer” é utilizada para definir o ato sexual (Gn 4.25, 19.8; Nm 31.18, 31.35, 19.25), ou seja, é algo muito profundo que une muito mais que corpos, envolve a alma e o espírito (Mt 19.5,6). Praticado no casamento, é uma bênção divina que transcende a finalidade de procriação, isto é, deve ser desfrutado ao máximo, proporcionando prazer a ambos os sexos, não obstante, deve ser acompanhado de respeito mútuo, amor e carinho que excede a uma simples atração física (Gn 26.8).

É muito natural que pessoas descrentes ignorem os princípios deliberados pelo Criador, realizando diversas práticas envolvendo o sexo, tais como: estupro, bestialidade, incesto, fornicação, adultério, homossexualidade, prostituição e toda sorte de pornografias. No entanto, quando voltamos nosso olhar para a igreja cristã, não podemos encarar tais atos com naturalidade. O pecado precisa ser confrontado e denunciado não com a intenção medíocre de expor, humilhar ou massacrar os indivíduos, mas, para produzir arrependimento, cura e libertação. Como foi dito inicialmente, o sexo é muito atrativo, por isso, se constitui em uma ferramenta muito utilizada por satanás para causar destruição. Mal utilizado, ele gera inúmeras enfermidades, as quais, vão desde a, doenças físicas, passando pelas emocionais, até chegar ao ápice, as espirituais, com desdobramentos envolvendo a eternidade.

Sendo assim, o discípulo de Cristo não pode ignorar suas orientações, as quais, possuem fundamentação nas Escrituras e devem nortear nosso estilo de vida. Alguns tentam, maquiavelicamente, esconder os textos correlacionados, outros caminham de forma ainda mais sorrateira, imprimindo e disseminando uma falsa Bíblia sem os referidos trechos. Deus sempre colocou diante de nós a escolha entre a bênção e a maldição (Dt 11.26-28). O que o sexo tem proporcionado aos cristãos desta geração? Pense nisso com muito carinho!

Juvenal Netto

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

EVANGELIZAR OS EVANGELIZADOS UM DESAFIO DUPLO

 


A matemática é vista como ciência exata, por estar inserida numa área de conhecimento fundamentada na lógica e na precisão. Quem nunca ouviu a expressão: “Os números nunca mentem”? É difícil discordar desde que eles sejam utilizados sem considerar nenhum outro parâmetro. Apesar de não errarem, há a possibilidade de serem manipulados consoante os interesses a alcançar. Essa prática é muito usual justamente por se sustentar na exatidão dos cálculos.

Os últimos censos realizados no Brasil revelam um crescimento expressivo do número de evangélicos, no entanto, será que esses dados correspondem à realidade? É preciso esclarecer que não há questionamentos aqui quanto ao resultado, provavelmente, fruto de uma pesquisa individual onde o entrevistado apenas responde qual é a sua religião. Nesse caso, os números podem apresentar distorções, pois, a questão não é tão simples assim. Para ratificar esse recenseamento, obrigatoriamente muitos outros indicadores deveriam ser observados.

Esses números supramencionados ratificam que a igreja tem sido eficiente na proclamação do evangelho, não obstante, pode não estar obtendo o mesmo rendimento no discipulado. Como podemos chegar a essa constatação? Quando observamos o estilo de vida de grande parte desses novos discípulos, muitos deles não congregam ou o fazem irregularmente; não se engajam na missão da igreja; conhecem a Bíblia superficialmente; continuam com o mesmo comportamento de antes e não estão preparados para formar outros discípulos. O apóstolo Paulo na sua segunda viagem missionária retorna a algumas cidades, como Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, com o intuito de fortalecer a fé daqueles novos cristãos (At 14.21,22). Ele enxergava a necessidade de gastar mais tempo para preparar melhor aquelas pessoas. A igreja precisa atentar para o ir, sim, mas, não ignorar a necessidade de retornar para ver como estão as sementes plantadas; se elas germinaram ou não, e acompanhar de perto o seu crescimento. Principalmente depois da pandemia, é possível ver nitidamente como as igrejas recém-organizadas precisam de apoio. Obreiros carecendo urgentemente de auxílio, em todos os sentidos. Nesse contexto ainda há aqueles que tiveram algum contato com o evangelho há mais tempo, portanto, não devem ser considerados recém-convertidos. Ainda assim, estes casos podem ser enquadrados na mesma situação que os novos na fé por viverem do mesmo jeito.

Desse modo, ao voltarmos nossa atenção para a campanha de Missões Nacionais de 2023, constatamos que a igreja precisa cumprir a Grande Comissão trabalhando em pelo menos duas frentes. Anunciar o evangelho aqueles não evangelizados, os quais nunca tiveram contato com o plano da salvação. No entanto, à semelhança do grande apóstolo dos gentios, retornar aos lugares e pessoas já evangelizados para fortalecer sua fé. A missão é árdua, mas o Senhor é conosco e nos fará prosseguir até a cumprirmos cabalmente. Então, poderemos gritar com todo ímpeto: Maranata, ora vem Senhor Jesus!

Juvenal Netto

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

SINGULARIDADES DO DISCÍPULO DE CRISTO (AMOR INCLUSIVO – SÉRIE IV)

 


A humanidade sempre passou por ciclos distintos e com o avanço bombástico da tecnologia da informação esse processo tornou-se mais dinâmico. Muitas alterações comportamentais têm surgido e com elas novos conceitos, os quais são disseminados utilizando técnicas para influenciar o maior número de pessoas possível em um curto período. Um dos métodos é o emprego constante de determinadas palavras-chave.

Falar sobre amor é tremendamente complexo. Muitos poetas conceituados já escreveram livros inteiros no intuito de nos trazer uma compreensão mais profunda. No entanto, a melhor definição que alguém pôde dar até hoje sobre ele foi através do apóstolo Paulo (I Co 13). Para se tornarem autênticos, os conceitos precisam ser acompanhados de ação e não apenas oratória, essa é a grande questão. Alguns dizem que amar é uma decisão e não somente um sentimento, instável e circunstancial. Mesmo que isso seja verdade, uma coisa é decidir, outra, bem diferente, é colocar em prática essa atitude, o que é extremamente radical. As palavras de Paulo ecoam na história devido ao seu testemunho, dando sentido e autenticidade a cada frase elaborada por ele.

A onda do momento é falar sobre ‘inclusão’, no entanto, quando o assunto é amor, para o cristão ele deve suplantar esse nível. A preocupação daqueles que a defendem, costuma ser elementar e voltada apenas para o presente, sem se preocuparem com regras e possíveis consequências. O amor verdadeiro deve ser muito mais abrangente, tratando o homem como um ser completo, possuidor de corpo, alma e espírito. O que adianta um indivíduo experimentar toda a “felicidade do mundo” de forma transitória e ter um final infeliz e desastroso? Enquanto Paulo foi aquele que melhor definiu, Cristo foi o que inquestionavelmente melhor demonstrou esse nobre sentimento. Jesus se preocupava com todos, indistintamente, e andava no meio de pecadores, como prostitutas, cobradores de impostos e mendigos. Foi um revolucionário para sua época, no bom sentido da palavra, inserindo até mesmo as mulheres numa cultura que a tratava como um ser de terceira classe. No entanto, seu padrão de amor por essas pessoas ia além de uma inserção temporária a determinado grupo sociológico. Jesus estendeu sua mão perdoadora para uma mulher adúltera, mas, conclui seu diálogo com ela dando a seguinte advertência: “Vá e não peques mais.” (Jo 8.1-11). Seu olhar compassivo não fixa apenas no presente, mas, foca a eternidade, onde almeja levar a muitos. A semelhança do Mestre, o cristão deve amar o próximo em níveis muito mais profundos do que os estabelecidos pelo mundo. O amor autêntico e verdadeiro é aquele que distingue a pessoa de seus atos e comportamentos. Como um pai disposto a mar seu filho até o fim irrestritamente, não obstante, com o mesmo empenho em corrigi-lo toda vez que se fizer necessário, visando o seu bem futuro.

Que o Espírito Santo inunde nosso ser de tal maneira que amemos as pessoas sem qualquer preconceito ou distinção, o que não significa aceitar com passividade seus erros. Aquele que ama, verdadeiramente, fala a verdade e aponta a direção correta a ser seguida. Nesse “Cruzeiro” chamado vida, mais importante do que as instalações do navio é chegarmos com segurança em um porto seguro. Essa é a inclusão completa, mostrar o caminho pelo qual cada um chegará a cidade santa, ao paraíso preparado por Deus para aqueles que o amam.

Juvenal Netto