Diante de um público cada vez mais exigente
neste período pós-moderno, os líderes das igrejas evangélicas no Brasil tem
procurado inovar tanto na maneira como se portam quanto no teor das mensagens a
serem transmitidas nos púlpitos de suas igrejas. Cabe primeiramente ressaltar
que este tipo de exigência a qual se faz referência, não tem relação com a luta por
uma exposição fidedigna as escrituras, mas a uma mensagem que traga algum tipo
de êxtase, que dê uma injeção de ânimo aos mais prostrados e desanimados, como
uma autoajuda disfarçada. Querem ouvir somente coisas boas que não os
confrontes, como aqueles textos das caixinhas de promessas que só possuem
garantia de bênçãos e mais nada.
Como consequência desta exigência surgem os chamados
“profissionais do púlpito”, apóstolos, bispos, pastores, pregadores itinerantes
e outros títulos mais, dados a homens que pregam de acordo com o gosto do
freguês, como que para agradar a pessoas e não a Deus. Apesar de ter sido
mencionado na introdução a questão da premissa por mensagens cada vez mais
atrativas, existem outros motivos pelos quais tem levado muitos pregadores a se
tornarem “profissionais”.
Um ministério bem sucedido hoje é medido
exclusivamente pelo número do seu rebanho. Esta realidade pode mexer muito com
a autoestima de um líder ao ponto de fazê-lo mudar o seu modo de pregar para
atrair mais pessoas para o seu aprisco. Hoje existem estilos para todos os
gostos, animadores de plateia, figurinistas, comediantes, personagens dos mais
variados, desde boiadeiro a pop star. Não
há nada de errado em cada um ter o seu próprio estilo na maneira de transmitir
a mensagem, desde que seja autêntico; fiel às escrituras e tenha como único
propósito o de trazer edificação para todos que o ouvem.
O ministério da Palavra para um considerável
grupo de líderes já deixou a muito tempo de ser ministério e se tornou um mero
emprego como outro qualquer. Para estes o que lhes importa é tão somente
agradar àqueles que irão lhes oferecer o seu sustento; o que mais importa não é
o estado da ovelha e sim se ela está sendo fiel no seu dízimo e assim manter as
contas da congregação em dia e garantir o seu emprego. Não se deseja, em
hipótese alguma aqui, ir de encontro ao ensinamento Bíblico sobre o dízimo e
sim sobre a ênfase que muitos dão a este assunto em detrimento de outros muito
mais sérios e comprometedores descritos nas escrituras.
A falta de temor a Deus tem sido também uma
das causas do surgimento destes profissionais. Pessoas que estudaram tanto e
que se sentem tão capacitadas que desprezaram a humildade e a dependência de
Deus. A falta de temor faz com que elas se achem no direito de falar qualquer
coisa; veem com naturalidade pregar em cima de um esboço sem sequer perguntar a
Deus se é isto mesmo que Ele deseja falar aquele público, naquele momento;
acham desnecessário gastar horas em oração se preparando para pregar o seu
sermão. O Apóstolo Paulo, um homem extremamente culto, quando escreve a Igreja
de Corinto afirma que pregava não baseado na sua intelectualidade, mas na
experiência vivida diuturnamente na presença de Jesus (1ª Coríntios 2. 4-5).
Jonathan Edwards pregou um sermão que foi considerado o maior de todos os
tempos, que tinha como tema: “Pecadores nas mãos de um Deus irado”. A história
conta que Edwards leu todo o seu sermão escrito e que no fim, mesmo sem ter
feito apelo algum, as pessoas vinham aos prantos ao altar entregando suas vidas
a Jesus. Se alguém pegar este mesmo sermão hoje e pregá-lo, será que terá o
mesmo efeito? Certamente que não, pois na verdade não foi o conteúdo de seu
sermão apenas e sim a sua intimidade para com Deus adquirida através de horas
de oração que produzira tamanho efeito.
É lamentável para cristãos fiéis chegarem à
conclusão de que seus líderes se tornaram meros “profissionais do púlpito”. O
que muito cristão gostaria de falar para estes homens e muitas vezes não tem oportunidade
e nem coragem para fazê-lo? Acredita-se que seria mais ou menos o seguinte:
- Mesmo sabendo que são imperfeitos, gostaria
de vê-los se esforçando mais para viver exatamente aquilo que pregam (1ª
Coríntios 9.27);
- Façam tudo debaixo da direção de meu Deus e
não para me agradar, pois fazendo assim estarás me conduzindo na direção certa
e me ajudando a chegar aos céus (Jeremias 3.15);
- Me corrijam, me admoestem, me repreendam,
mas sempre de forma discreta, dentro dos seus gabinetes e nunca indiretamente
em público de cima do púlpito, a não ser que a mensagem de repreensão seja para
todos de uma forma geral;
- Não subjuguem a minha inteligência e o meu
discernimento, pois o Espírito que o iluminam é o mesmo que habita em mim e a
Palavra que usam como referência, eu também a tenho em minhas mãos e a conheço
(1ª Coríntios 12.9);
- Me tratem sempre simplesmente como ovelha,
não como cliente, opositor, crítico, ou qualquer outra coisa que seja, ainda
que pensem diferente, só Deus conhece o meu coração (2ª Timóteo 2. 24-25);
- Nunca tentem me impressionar com gritos,
gestos e outros recursos externos, pois a unção é invisível e perceptível para aqueles que estão em espírito (Atos 4.13);
- Priorizem sempre pessoas e não compromissos ou outros afazeres ligados ou não a religião. Saibam distinguir e dar prioridades as questões humanas e administrativas;
- Temam sempre a Deus, sejam autênticos e não se deixem vencer pela vaidade e a prepotência (Provérbios 9.10; 16.18); e
- Temam sempre a Deus, sejam autênticos e não se deixem vencer pela vaidade e a prepotência (Provérbios 9.10; 16.18); e
- Gastem tempo na meditação da Palavra e na
oração, pois fazendo assim sempre terás um alimento sólido a me oferecer e me
ajudar na caminhada cristã (Ezequiel 34. 1-5).
Portanto, o púlpito é o único lugar onde não
há espaço para “profissionais”, ou seja, para encenações, hipocrisias ou
qualquer outra metodologia humana utilizada com o único propósito de atrair ou
agradar irresponsavelmente as pessoas; inflar o ego; passar uma imagem ilusória
sobre si mesmo; ou até mesmo ganhar dinheiro. O Apóstolo Paulo orienta o seu
filho na fé, o jovem Pastor Timóteo, dizendo o seguinte: “Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas,
repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina." (2ª Timóteo 4.2). Acrescenta-se a esta afirmativa o seguinte: Mesmo que não haja um belo púlpito e uma considerável platéia o pregador deve agir e viver da mesma maneira sempre, sendo, independente de títulos, simplesmente um "Homem de Deus".
Soli Deo Glória!
Juvenal Mariano de Oliveira Netto
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