terça-feira, 12 de abril de 2016

O GRANDE DESAFIO DE LUTAR CONTRA O “SISTEMA”



Todos estão inseridos em algum tipo de sistema ou sistemas. Esta palavra tem uma definição muito ampla e até complexa. Por isto será dado a seguir algumas definições que serão o norte para o que se quer abordar neste texto. Segundo os dicionários, dentre outras definições, um sistema é um conjunto de elementos interdependentes de modo a formar um todo organizado; conjunto das instituições econômicas, morais, políticas, religiosas e profissionais de uma sociedade a que os indivíduos se subordinam. Estes sistemas não seguem um padrão de comportamento preestabelecido, normalmente opera paralelamente ou inserido dentro do padrão adotado por estas instituições através de seus regimentos, isto é, não é identificado superficialmente.

Em praticamente todos os setores da sociedade existem os sistemas formados não de um dia para o outro, mas no decorrer de anos. Para que todos entendam aonde se quer chegar, serão dados alguns exemplos de sistemas. Sistema político brasileiro, que engloba todos aqueles que fazem parte direta ou indiretamente da política em todas as esferas; a Imprensa onde estão inseridos todos os jornalistas, emissoras de rádio e TV e todos aqueles que oferecem o suporte para o seu pleno funcionamento; um órgão administrativo seja ele público ou privado; uma federação esportiva com todos os seus atletas, dirigentes; uma determinada categoria trabalhista; uma instituição eclesiástica, etc. Poderia aqui exemplificar muitos outros, mas esta não é a finalidade. Por que é tão difícil combater os sistemas ou aniquilá-los, nos casos de sistemas perniciosos? Existem algumas especificidades nestes sistemas que o tornam quase que indissolúveis.

Em primeiro lugar ele não costuma ser comandado apenas por uma pessoa, não existe um chefe ou líder bem definido, normalmente a sua linha de comando segue enraizada não necessariamente na vertical, seguindo uma cadeia hierárquica, mas ele pode estar sob o domínio de um grupo na horizontal que tenham um relacionamento interdependente. Destruir um inimigo invisível se torna bem mais difícil.

Em segundo lugar ele não obrigatoriamente será fiel às leis, normas, estatutos, regimentos, etc., pois o seu surgimento em algumas instituições é exatamente para intrujar os regulamentos e encurtar o trajeto para chegar aos seus objetivos, sejam eles lícitos ou ilícitos. Pode ser que um determinado sistema tenha na sua origem boas intenções, para facilitar a vida de seus componentes, entretanto, infelizmente quando utilizamos a palavra “sistema” neste contexto é sempre de forma depreciativa. Todos os sistemas têm como característica a aparência de ser pautado exclusivamente na lei, mas ao se examinar alguns deles mais a fundo, constatar-se-á que existem manobras para o tornarem legítimo. Podem até estarem alicerçados nas leis, entretanto, poderão não passar no crivo da ética e da moralidade.

Em terceiro lugar ele já nasce grande com os seus tentáculos entranhados por toda a parte, ficando inclusive muito difícil de ser identificado e onde se delimita o seu começo e o seu fim. Como arrancar uma planta com raízes tão profundas; não adianta apenas cortar-lhe o tronco, se a raiz permanecer, logo ela brotará e, ainda, crescerá com mais força. Muitos têm falhado em lutar contra o sistema, pois pensam que ao cortarem o seu tronco, sem arrancar-lhes a raiz, poderão derrota-lo; substituem algumas pedras do tabuleiro, no entanto, não conseguem vencer o jogo.

Em quarto lugar, apesar de muitos sistemas terem se formado sem nenhuma orquestração, quando ele se instaura acaba trazendo consigo muitos interesses para um grupo considerado de pessoas pertencentes à instituição. Estes interesses não se resumem apenas em pecúlio, mas em poder, status, facilitações das mais variadas possíveis, influências não apenas no sistema em si, como também em outros sistemas interligados a outras instituições. Acabar com o sistema implica em mexer na vida de muita gente; implica em retirá-las da zona de conforto; implica em fazê-las buscar o crescimento através da competência e do profissionalismo em detrimento da influência, do conchavo; implica em acabar com os nepotismos, que apesar deste termo ser específico para o meio político, pode ser empregado também para outras instituições, inclusive religiosas, pois o fim é o mesmo.

Em quinto lugar, para se formar um sistema é necessário que a sua cúpula se torne interdependente, cúmplices, a fim de manter esta ligação quase que de maneira escrava. Trabalha de tal modo que se atingir apenas um de seus integrantes, irá trazer muitos outros juntos como efeito dominó, por isto, a tendência em um sistema é sempre haver o corporativismo protecionista; uma blindagem quase impenetrável.

Estes “sistemas” a que se refere são excessivamente danosos à sociedade, pois favorecem alguns e trazem prejuízos a maioria; impedem o crescimento de toda uma sociedade pelo ciclo vicioso que adota, impedindo que os mais capacitados criem asas, evoluam, cresçam até chegar ao seu limite e, assim venham a contribuir muito mais para a coletividade; adoece muita gente bem intencionada pelo sentimento de impotência e que buscam tão somente vislumbrar um futuro melhor e mais igualitário; gente que sabe do potencial que tem e que poderia ir muito além; a competividade desleal e seletiva impostas pelos sistemas impedem o crescimento e o progresso das instituições.

Muitos já lutaram incansavelmente contra os sistemas ao ponto de perderem as suas próprias vidas, não obstante, pouquíssimos conseguiram vencê-lo definitivamente. Um exemplo claro e bem presente é o caso do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Benedito Barbosa Gomes. Quantos sonhos devem ter invadido a sua mente quando foi nomeado para o STF? Sonhos de poder realizar as mudanças necessárias na sua instituição que refletiriam de forma positiva para todo o país. Estes sonhos foram frustrados quando se viu isolado e vencido, mesmo sendo o presidente da mais alta corte da república, não lhe restou outra opção senão abrir mão do seu cargo para não tornar-se cúmplice de um sistema, no mínimo, perverso.

O que dá esperança em lutar contra estes gigantes é saber que os homens de bem não estão sós, em todas as instituições por este Brasil a fora existem pessoas íntegras, que não se renderão aos sistemas e continuarão lutando, até a morte, se preciso for, para colocarem na lona estes “Golias” que desafiam o povo constantemente. Quando Joaquim Barbosa “Jogou a toalha”, todos os brasileiros se abateram e ficaram cabisbaixos, pois sabiam da sua importância ao ocupar aquela cadeira e como era um exemplo a ser seguido por todos os brasileiros, mas, dentro de pouquíssimo tempo Deus levanta um SÉRGIO MORO, mostrando para todos que não estão sozinhos nesta luta e que no fim o bem sempre prevalecerá contra o mal.



Juvenal Mariano de Oliveira Netto.

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