Quem nunca percebeu alguém caminhando pela
rua conversando como se estivesse acompanhada ou quem sabe você mesmo em algum
momento não tenha percebido que seus pensamentos ganharam vida em seus lábios
através das palavras ou do simples balbuciar? Somos muito preconceituosos, não
e mesmo? Durante muito tempo interpretei a pessoa que age dessa maneira como um
ser “anormal”, mas, esse costume é mais comum do que muita gente imagina.
Esse hábito não é recente, muito pelo
contrário, há fortes indícios de que sua origem chega a ultrapassar cerca de 1.000
anos a. C., data estabelecida por inúmeros estudiosos sobre grande parte das composições,
as quais compõem o livro dos Salmos. Esses escritos canônicos ganharam ao longo
dos séculos grande proeminência por religiosos de variados credos e até mesmo
por pessoas alheias a qualquer tipo de religião. Acredito que um dos motivos prováveis
seja em virtude das pessoas se identificarem com as experiências relatadas
pelos seus autores e a maneira como conseguiram lidar com elas. Homens que
decidiram rasgar seus corações e escrever sobre seus dilemas, momentos de
vitórias, conquistas e de júbilo, mas, também de choro, angústia e dor. Tendo
como fator determinante seu relacionamento com Deus em quem encontraram o
devido alento e respostas para suas inúmeras indagações. Me deterei aqui apenas
a um deles, ao de número quarenta e dois.
O autor desse Salmo parece estar vivendo um
período terrível em sua vida. Ele não relata qual o motivo, mas, faz um
contraste de momentos esplêndidos que experimentou no passado com o presente
tão sombrio, parece que estava perplexo. Como poderia diante de tantos dias
festivos, alegres e de vitórias que o meu Deus me proporcionou, agora estar
passando por essa turbulência? Deve ter se questionado. Uma experiência que
praticamente todos nós também vivenciamos em algum instante. Ele repete por
três vezes a expressão: “Por que está abatida ó minha alma? Por que te
perturbas dentro de mim?” É alguém externando sua dor para si, buscando
encorajamento e respostas. É alguém refutando a racionalidade de sua própria
alma. Será que ela estaria lhe pregando uma peça? Ele pergunta e imediatamente
dá a resposta: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e
Deus meu.”, ou seja, deixa transparecer que sua mente o estava boicotando.
Por isso, muitos terapeutas da atualidade confirmam
o que a Bíblia já revela há milênios. Em alguns momentos se faz necessário
romper o silêncio e verbalizar em alta voz o que estamos sentindo, ainda que
seja para você mesmo. Observamos lendo o livro de Salmos esse comportamento supramencionado
se repetir por inúmeras vezes. A boa notícia para quem chegou até aqui é saber
que, em meio a angústia, eles obtiveram a vitória. Permitam-me agora, ir um
pouco além dos ensinamentos terapêuticos tradicionais. O segredo desses personagens
reais não foi apenas o externar, mas, fazê-lo direcionando sua mente a crer no
Deus que já havia provado suficientemente poderoso para mudar toda e qualquer
circunstância por mais adversa que pareça ser. Fale sozinho, sim, é
terapêutico, mas, jamais deixe de falar para Deus. Somente ele tem TODO
o poder para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos (Efésios
3.20).
“Visto
que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos
céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4.14-15)
Juvenal Netto
Boa é esta mensagem!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário. Deus abençoe!
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