Os brasileiros ainda se recuperavam dos danos
causados pela pandemia quando sofrem novos solavancos. Primeiro os baianos,
depois os mineiros e recentemente os petropolitanos são atingidos por fortes
chuvas, responsáveis por ceifar inúmeras vidas, destruir casas, deixando centenas
de desabrigados. O país inteiro se solidarizou com essas famílias e chorou ao
acompanhar as imagens dramáticas desses episódios. Ainda enterrávamos nossos
mortos e vivíamos nosso luto quando fomos surpreendidos com mais uma notícia
trágica, agora do outro lado do mundo. A Rússia declara guerra a Ucrânia.
Com a dor e a tristeza em ver nossos semelhantes
passando por tanto sofrimento, surgem os questionamentos e as tentativas de
encontrar uma resposta que justifique os sucessivos eventos de natureza
destrutiva que nos atingem neste período. O que não falta é gente arriscando
algum palpite e procurando culpados, e, especificamente, os cristãos, o que tem
a dizer sobre tais acontecimentos? Um grupo se levantará apressadamente
colocando toda a culpa no pecado e na desobediência do homem. Apesar de não
estarem totalmente errados pensando desse modo, é preciso ser mais criterioso e
não avaliar de forma tão simplista os percalços da vida. Será que em meio as
vítimas não havia nenhum servo fiel a Deus? Por certo, muitos cristãos foram
submetidos as mesmas dores que os ímpios e alguns não resistiram, partindo para
a glória. Outro grupo, que os chamarei carinhosamente de “os escatológicos de
plantão”, passarão a analisar cada detalhe dos acontecimentos, tentando
encontrar relação com as profecias bíblicas. Alguns chegam à beira de uma “cartomancia
evangélica”.
Em primeiro lugar, tragédias iguais ou até piores
do que essas já vem acontecendo há algum tempo. Elas apenas corroboram com as
afirmativas do Mestre quanto aos sinais que precederiam a sua volta e se
intensificarão à medida que nos aproximamos desse grande dia. É preciso
compreender que determinados eventos continuarão a acontecer se assim estiver
previsto na agenda do Todo-Poderoso e nenhuma oração conseguirá impedir.
O cristão não pode interpretar tais fenômenos da
mesma forma que o homem natural como se a vida na terra fosse um ponto final. O
palco principal da história da humanidade não é aqui, mas, as vezes, pensamos e
agimos como se fosse. Sofrimentos, derrotas e perdas mexem com as pessoas e
isto é normal, pois somos humanos, entretanto, nosso olhar precisa ser transcendente,
afinal de contas o corpo retornará ao pó, mas, a alma seguirá para o juízo (Ec
12.7). A tragédia para muitas pessoas será o grito do Eterno pedindo que olhem
para cima. Uma derradeira oportunidade para se arrependerem de seus pecados e assim
possam experimentar a graça de Cristo. Por
esta ótica, se as multidões ouvirem a voz de Deus, redundando em salvação de
almas, todo o sofrimento terá valido a pena, senão, será o prenúncio de que ele
é apenas uma pequena amostra do que está por vir.
“Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26)
Juvenal Netto
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