No dia 31 de outubro do ano corrente completa-se
meio milênio da chamada reforma protestante quando o monge Martinho Lutero
fixou nas portas da igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, as suas 95
teses contrárias à doutrina da sua igreja na época.
Os princípios fundamentais da reforma
protestante estão baseados em cinco pilares: No latim, chamados de Sola Fide
(somente a fé), Sola scriptura (somente as escrituras), Solus Christus (somente
Cristo), Sola Gratia (somente a graça) e Soli Deo Glória (glória somente a
Deus).
Os reformadores foram teólogos que chegaram à
conclusão de que a igreja estava caminhando distante das verdades contidas nas
Sagradas Escrituras e que deveriam retornar a ela e ao centro da vontade de
Deus.
Fazendo uma análise panorâmica desta igreja hoje
no Brasil, chega-se a triste e lamentável constatação de que ela precisa ser
reformada novamente. É Preciso rever os mesmos princípios que levaram aqueles
corajosos cristãos a enfrentarem um poderoso sistema religioso que poderia,
inclusive, sentencia-los a morte.
Sola
Fide – Princípio de que o homem não é salvo pelas boas obras, mas somente pela
confissão de fé em Cristo. Realmente este ensinamento tem base bíblica, não
obstante, não podem negligenciar as chamadas “boas obras”. Muitos cristãos
protestantes simplesmente não se importam com as obras sociais e utilizam como
desculpa ou escudo a interpretação de forma equivocada da salvação por
intermédio da fé. Tiago afirma que aquele que não estende a mão ao seu próximo
está vivendo um tipo de fé equivocada, falsa. O cristão não pode deixar de
fazer “boas obras”. Não com o intuito de ser salvo, mas, como fruto desta fé
autêntica que possui no senhor Jesus, fazendo-o amar ao seu próximo como a si mesmo
(Ef 2. 8-10; Tg 2. 14-18).
Sola
Scriptura – Princípio que a Bíblia é a única palavra autorizada
e inspirada por Deus e é a única fonte para a doutrina
cristã, sendo acessível a todos. Apesar de se ouvir em muitas igrejas reformadas
que a Bíblia é a sua única regra de fé e prática, não é exatamente isto que se vê
na prática. O que se vê são líderes interpretando-a a seu bel- prazer com
interesses duvidosos. Decisões tomadas em Assembleias atropelando os princípios
bíblicos com o argumento de uma suposta “soberania da igreja”, se baseando em
Estatutos e Regimentos Internos colocando-os em pé de igualdade com a Bíblia. Profecias
aceitas como verdades absolutas mesmo sendo discordantes da Palavra (1Co 14.3).
Ainda há aqueles que utilizam como parâmetro para a igreja, variadas
literaturas contemporâneas de autores renomados como se inspiradas fossem, tudo
em busca do “sucesso”. (Gl 1.8, 2Pe 1.20-21; Ap 22.18-19; Jo 17.17; 2Tm 3.14-17)
Solus
Christus – Princípio que Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade e
que não há salvação através de nenhum outro. Há um grupo no meio desta
igreja que tem se inclinado demasiadamente aos costumes judaicos e vem utilizando
o Antigo Testamento e os seus personagens como principal regra de fé em
detrimento dos ensinos do próprio Cristo (Rm 10.4). Em alguns lugares apesar de
ser utilizado a todo o instante o nome de Jesus, entretanto, parece se
referirem a um homônimo, pois ensinam doutrinas que em nada se parecem com as
do Mestre dos mestres. (Fl 2.10; At 4.12; 1tm 2.5; Rm 10.9)
Sola
Gratia - Princípio de que a salvação vem por graça divina ou
"favor imerecido" apenas, e não como algo merecido pelo pecador
(Ef 2.8-9). O apóstolo Paulo foi mal interpretado por alguns cristãos de sua
época quando falava sobre “graça”. Achavam que estava sendo liberal demais. Da
mesma forma a igreja da atualidade tem confundido liberdade e graça com
libertinagem e liberalismo. Realmente a salvação é através da infinita graça de
Deus, entretanto, isto não exime o pecador da responsabilidade de ter que se
arrepender e mudar de vida ao se render à Cristo (Jo 8.11; 2Co 5.17; Gl 6.15).
Hoje tudo é aceitável no meio da igreja com um discurso de que “estamos vivendo
no período da graça” (Gl 5.13-25).
Soli
Deo Glória – Princípio de que toda a glória é devida somente a Deus, pois
a salvação é realizada unicamente através de sua vontade e ação. A
igreja nos últimos anos vem supervalorizando rótulos denominacionais e seus
líderes, muitas vezes desviando a glória que deve ser dada única e
exclusivamente ao Eterno (Is 42.8; Rm 11.36).
Existem ainda outros pontos importantes a serem
revistos pela atual igreja reformada, mas, será mencionada aqui somente a
questão da volta disfarçada das indulgências. A ênfase ao dinheiro, a dízimos e
ofertas tem crescido assustadoramente, sendo motivo de escândalo para o
evangelho de Cristo. A chamada “doutrina da prosperidade” vem ganhando terreno
e conquistando cada vez mais adeptos e denominações inteiras. Como um cão que
volta ao seu próprio vômito, assim tem se comportado estas pessoas (Pv 26.11).
Esta expressão cai como uma luva, pois da mesma forma que dá náuseas ao se ler
sobre as indulgências na chamada era das trevas da igreja, no período da idade
média, hoje há o mesmo sentimento ao se ver pregações apelativas sobre dízimos
e ofertas partindo de pessoas mal intencionadas que querem negociar as bênçãos
do Todo Poderoso (Ec 5.10; Lc 16.13; 2Co 4.16; 1Tm 6.10; Hb 13.5).
Ainda sobre a questão financeira é um verdadeiro
absurdo os valores cobrados pelos cantores “Gospel” e pregadores itinerantes
(Mt 10.8); Pastores presidentes com supersalários que desfilam com carros
importados e recebem vantagens de país de primeiro mundo, enquanto suas ovelhas
mendigam “bênçãos” dos céus. Não se faz mais nada nesta igreja simplesmente por
amor, quase tudo tem que ser remunerado. O que não falta no meio dela são
oportunistas, pessoas preguiçosas que enxergaram no evangelho um meio de ganhar
dinheiro fácil (2Co 11.9; 1Ts 2.9; At 18.3). Sem contar o tratamento VIP
oferecido por determinadas lideranças as pessoas que contribuem com altos
valores; uma tremenda complacência com pessoas que podem até estar com a vida
irregular que jamais serão repreendidas (Tg 2.1,9).
Por tudo isto e muito mais é possível se
afirmar, categoricamente, que esta igreja intitulada protestante, reformada,
precisa urgentemente ser remodelada. Esta mudança somente acontecerá através de
corações humildes e totalmente submissos ao Espírito Santo; pessoas que se
coloquem como um vaso nas mãos do oleiro, dispostas a serem quebradas e
refeitas; transformadas em vasos de honra para a glória do nome de Jesus (Jr
18.4; 2Tm 2.20-21).
Soli Deo Glória
Juvenal Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário