segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL: UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL PARA A IGREJA


O sincretismo religioso e o relativismo crescem neste país na mesma proporção que a igreja reformada, talvez numa tentativa dos poderes das trevas em tentar trazer desestabilidade ou banalizar a fé como se todas as religiões fossem iguais. Como esta luta não acontece no mundo visível, a igreja precisa lançar mão de armas espirituais a fim de combater com eficácia os seus opositores.
O apóstolo Paulo escrevendo a igreja de Corinto fala sobre as capacitações disponíveis pelo próprio Deus para equipar a sua igreja com ferramentas apropriadas e, assim poder torna-la mais bem preparada para cumprir a sua missão e enfrentar os seus inimigos no decorrer dos séculos até a volta do Senhor Jesus. Ele termina o capítulo doze encorajando os irmãos a buscarem com zelo os melhores dons, como se ele quisesse transmitir a seguinte mensagem: – Antes de saírem para o combate, deem uma passada no paiol de armamento e escolham armas apropriadas. Aquelas que lhes proporcione maior segurança e as melhores condições de vencer o inimigo.
Uma dessas armas é o discernimento de espírito e Paulo entendia muito bem quanto a sua importância para os cristãos (I Co 12.10). Conjecturando, quem sabe neste momento a sua mente não o tivesse conduzido a uma experiência vivida durante a sua segunda viagem missionária, na região da Macedônia. Paulo, Silas e mais alguns discípulos na cidade de Filipos se encontraram com uma jovem anônima que possuía um espírito de adivinhação (At 16.16-18). E, por incrível que pareça, ela afirmava categoricamente que eles eram servos do Deus altíssimo e que anunciavam o caminho da salvação, ou seja, aparentemente não havia nada de errado com ela. O espírito que atuava nela era tão astuto e sutil que nem mesmo Paulo foi capaz de discerni-lo de imediato. Somente depois de alguns dias é que ele consegue identificar que aquela mulher não estava “sozinha”. Ele repreende aquele demônio que tentava atrapalhar a missão deles de pregar o evangelho naquela cidade. Pelo poder do nome de Jesus o espírito imundo se retirou imediatamente do corpo dela.
Quantos espíritos como aquele que atuava na vida daquela jovem não continuam agindo no meio dos cristãos e até dentro dos templos “evangélicos” no presente século? Tentando da mesma forma nos tirar do foco, que é pregar o evangelho a todo tempo. Tem uma aparência piedosa e utilizam palavras agradáveis. Quem sabe até nos elogiem também. Quantos espíritos desses não tem passado desapercebidos por crentes fiéis, mas que são extremamente ingênuos e desprovidos de discernimento espiritual. Os danos que eles causam a igreja é incalculável, pois lançam contendas, intrigas e o pior, tentam sutilmente descredibilizar a Bíblia afirmando que somente ela não é o bastante; colocando dúvidas quanto a sua inspiração, não estão sorrateiramente tentando banalizar o pecado e o seu poder avassalador na vida dos homens.   
Por isto, é mister que a igreja contemporânea esteja vigilante porque o diabo é capaz de se mostrar até mesmo como um anjo de luz a fim de enganar o maior número de pessoas (II Co 11.14). Como as coisas espirituais somente se discernem espiritualmente, todos nós só estaremos capacitados a distinguir estes espíritos e, assim poder neutraliza-los pela autoridade que nos foi outorgada por Jesus, na medida em que buscarmos mais ardentemente a face de Deus (I Co 2.14; Ef 6.10-18). Ele tem um caminho sobremodo excelente para cada um de nós a fim de podermos cumprir integralmente a nossa missão (I Co 12.31b).

Juvenal Netto

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O CALABOUÇO SOMBRIO DA DEPRESSÃO




Não existe pior cárcere do que o produzido pela própria mente. A sociedade enfrenta dois grandes desafios na atualidade que é a depressão e a ansiedade. O problema é tão desafiador que chega a unir ciência, por meio dos diversos especialistas na área e a fé, com um emaranhado de religiões. Todos em busca de uma solução, cura ou uma resposta para este sofrimento invisível que é a segunda causa dos suicídios no planeta. Segundo últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) somente no Brasil hoje são 12 milhões de pessoas (5,8%) sofrendo com a depressão. Ela é a principal causa de incapacidade em todo o mundo.
Para lidarmos com este problema, o primeiro passo é reconhece-lo como um caso de saúde pública, ou seja, é uma doença como outra qualquer, com algumas exceções. Quando alguém está com problemas no coração, logo busca um cardiologista, mas, quando está sofrendo com uma melancolia crônica ou ansiedade compulsiva não quer buscar ajuda em um especialista em saúde mental (psiquiatra, neurologista, psicólogo, etc.). Principalmente no meio cristão, ainda existem muitos tabus a serem vencidos. Parece ser inadmissível para o povo de Deus aceitar que alguém em plena comunhão com o Senhor e vivendo em santidade seja capaz de viver em tristeza profunda ou com transtorno de ansiedade. O diagnóstico é dado de imediato: – Isto só pode ser espiritual!!! Algum pecado escondido, fraqueza na fé ou até mesmo a ação de demônios.  Lógico, que pode ser por todos estes motivos supramencionados, mas, isto não deve ser uma regra a ser seguida.  O cristão que toma remédios a vida inteira e não é curado da hipertensão é diferente daquele que sofre de depressão ou transtorno de ansiedade? Nem todas as doenças físicas e emocionais serão curadas. Para todo o óbito sempre haverá uma “causa mortis”. Este é o ciclo da vida independente de religião ou qualquer outro fator. Agora, ao se tratar de uma enfermidade espiritual, que é a mais danosa, a sua cura dependerá exclusivamente de cada um de nós (Ez 18.32). Esta realidade não deve mudar em nada a fé que temos em Cristo de que ele tem poder para curar quem, quando e como quiser. E o fato dEle não curar pode significar muito mais do que o tamanho da nossa fé.  Talvez haja algum propósito, mas, chegará o momento em que compreenderemos todas as coisas (ICo 13.12).
Outro fator a ser observado é sabermos diferenciar um simples momento de tristeza ou de dor que todas as pessoas sentem por variados motivos, de uma situação patológica. Não se pode cair no erro de banalizar a depressão.  Por isso que é essencial o acompanhamento de um profissional para avaliar se o caso exige ou não a utilização de medicamentos.
E onde entra a fé nisso tudo? A Bíblia é extraordinária. Ela não esconde as fraquezas dos homens por mais impressionantes que sejam os seus testemunhos, como, por exemplo, Jó, Elias e Davi. Independente da causa que tenha disparado o gatilho da depressão ou do transtorno de ansiedade ou até mesmo quando não há causa alguma e sim a consequência de um fator genético, a fé em Cristo será muito mais que um paliativo; será uma fortíssima aliada. A resposta de Jó para a sua esposa que sugeria que ele amaldiçoasse o seu Deus e morresse diante de tanto sofrimento e dor foi:
“Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” (Jó 2.10)
Jó ficou em melancolia profunda até o ponto de pedir a morte pelas circunstâncias tenebrosas que teve de encarar e questionou quanto ao porquê do seu sofrimento, mas, se manteve firme crendo que o seu Deus não o abandonaria jamais (Jó 19.25). O profeta Elias após ter triunfado sobre 450 falsos profetas, foge diante da ameaça da esposa do rei Acabe e pede a morte em meio a uma exaustão espiritual que o levou a depressão. Deus envia um anjo para alimentar o seu filho enfermo, demonstrando que não havia se esquecido dele. O reanima, encorajando-o a concluir a sua missão na terra (IRs 19.1-18).
Portanto, meus amados, Deus não nos prometeu uma viagem tranquila e sem turbulências, mas, que chegaríamos ao nosso destino (Rm 8.31-39). O mais importante é não abrirmos mão da nossa fé inabalável em Cristo Jesus. Se você vive este momento sombrio, continue buscando a sua face, crendo que ele pode agir em seu favor e de inúmeras maneiras, inclusive, colocando pessoas certas para lhe oferecer todo o suporte que precisar. E, caso não venha a obter a cura, lembre-se que no céu, com toda a certeza, estas enfermidades jamais entrarão. Nunca se esqueça que Ele é o nosso socorro bem presente na hora da angústia (Sl 46.1).

Juvenal Netto