O Brasil possui a maior população católica do
mundo, segundo pesquisa realizada em 2010, pelo Pew Research Center, um
centro de pesquisa com sede em Washington. Acredita-se que esta realidade foi
fruto do trabalho intenso realizado por missionários portugueses desde a
chegada deles aqui por volta do ano de 1500. Não querendo desmerecer, em
hipótese alguma, a influência exercida pelos católicos no Brasil, mas, um dado
importante deve ser levado em consideração ao se realizar um senso como este.
Existe um grande percentual de pessoas que afirmam pertencer à igreja católica,
talvez por vergonha de assumirem que não seguem a nenhuma religião, não
obstante, comparecem esporadicamente aos templos e pouco sabem sobre a sua
religião e doutrina. Estes se auto denominam “católicos não praticantes”. Este
termo até bem pouco tempo atrás era exclusividade deles. Todo aquele que
afirmava ser um cristão protestante, já estava implícito que era praticante.
Nas últimas décadas houve um crescimento exorbitante
das igrejas protestantes no país, surgindo também uma nova forma de denomina-las.
Hoje, apesar das incontáveis ramificações, nomes e doutrinas, normalmente elas
são intituladas como “evangélicas”. Só fazendo um parêntese, muitas delas não
poderiam ser consideradas como tal pelas divergências teológicas proeminentes
que apresentam. Toda esta expressão numérica mexeu com a cultura e até mesmo
com o linguajar dos brasileiros, que, até então, eram influenciados somente
pelos católicos. Em meio a esta explosão numérica, surge também uma nova
categoria de “cristãos”, os evangélicos não praticantes. É isto mesmo, parece
mentira, mas, é verdade! Pessoas que, ao serem questionadas sobre qual seria a
sua religião, respondem que são “evangélicas”, mesmo sem estarem comprometidas
com qualquer que seja a denominação religiosa. Daí advém a seguinte pergunta: É
possível alguém ser um evangélico não praticante?
A
intenção aqui não é entrar no mérito da soteriologia, a doutrina da salvação,
pois, isto é muito peculiar, exemplo disto é a experiência de um dos ladrões
crucificados com Jesus que recebera a redenção nos seus últimos instantes de
vida (Lc 23.43). Mas, é, no mínimo, intrigante ver uma pessoa afirmar ser uma
seguidora de Cristo, entretanto, sem ter compromisso algum com Ele e com a sua
noiva, a igreja. Se esta falta de prática se resumisse apenas a frequência nos
cultos, algo, que também por si só já é bem questionável, mas, normalmente vai
além desta inconstância (Hb 10.25). Um não praticante tende a voltar às velhas
práticas mundanas e abomináveis aos olhos de Deus (1Jo 2.15-17). Seu
comportamento tende a ficar cada vez mais parecido com o daqueles que não o temem e já não se nota diferença alguma entre ambos. Pior ainda do que isto, é
a perda gradativa da comunhão com o Senhor, pois esta pessoa já não ora e nem lê a
Bíblia mais com frequência como dantes. O resultado é o esfriamento, mesmo estando
consciente de todas as implicações que envolvem a vida daqueles que se
distanciam do Eterno.
Por conseguinte,
chega-se a conclusão de que as pessoas que se enquadram neste grupo, estão andando
na corda bamba e correm sério risco de serem recebidas pelo Noivo no dia do Juízo
com a seguinte saudação: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniquidade.” (Mt 7.23).
Juvenal Oliveira