quarta-feira, 28 de março de 2018

O QUE PODE ESTAR POR TRÁS DO HC DE LULA



Quando olhamos para um iceberg normalmente não conseguimos saber qual o seu tamanho real, pois a parte que costuma ficar visível, fora d’água, é uma pequena parte dele. Utilizei esta ilustração para que você entenda o que está acontecendo no país, em especial no Supremo Tribunal Federal (STF). Estão utilizando a expressividade do nome de um ex-presidente, como o de Lula, para realizarem manobras a fim de livrar da cadeia dezenas de outros réus da alta cúpula. O que está em jogo no momento não é apenas julgar um habeas corpus impetrado preventivamente pelos advogados do Lula. Isto é o que querem que acreditemos. Além de todos os processos que Lula responde e alguns deles, inclusive, já foi julgado e condenado, estão tentando fazer dele um tipo de salvador da pátria dos corruptos do colarinho branco.  Alguns ministros do STF se aproveitando da mudança ocorrida nos componentes do tribunal e de pensamentos contrários aos seus antecessores viram no caso Lula a oportunidade de reverem algo que a corte já havia decidido recentemente que é a decisão do réu começar a cumprir a pena preso após ser condenado em tribunal de 2ª instância.
Em entrevista no programa Roda Viva da rede Cultura, no dia 26/03/2018, o juiz federal Sérgio Moro afirmou que se o STF retroceder e impedir que o réu comece a cumprir a pena preso, após condenação em 2º instância, beneficiaria não apenas o Lula, mas centenas de outros réus já condenados pelo Brasil a fora. Ele afirmou que apenas na sua jurisprudência seriam beneficiadas mais de cento e dez pessoas condenadas por diversos crimes cometidos. Estando nestes meio estupradores, narcotraficantes, políticos, grandes empresários, homicidas, pedófilos, e outros. Ou seja, com a lentidão dos processos e as brechas existentes nas leis para a interposição dos inúmeros recursos, a maioria destes crimes prescreveria e a impunidade continuaria, incentivando estas pessoas que causaram um prejuízo de bilhões de dólares ao país continuarem neste processo de corrupção sistêmica. Uma quantia imensa de dinheiro que poderia ser empregada na saúde e na educação dos brasileiros, melhorando a qualidade de vida, principalmente dos menos favorecidos.
O povo brasileiro não pode aceitar tudo isto passivamente. O que estes ministros estão tentando fazer é totalmente absurdo. Estão julgando de forma parcial, política e por interesses escusos, algo que é inadmissível para uma suprema corte de um país. Uma das características básicas de uma democracia é o funcionamento de todas as instituições de forma harmoniosa, porém independente, algo que não vem acontecendo neste país. Mesmo sabendo que há muita burocracia no judiciário e que isto atrasa e muito o andamento dos processos, nada se explica este atraso demasiado apenas no STF. A maioria dos caciques políticos deste país que estão respondendo a algum processo ainda não foi julgado, parecendo que o foro privilegiado é exatamente no intuito de polpa-los da condenação pela benevolência do STF, pois na demora dos seus julgamentos, a maioria de seus crimes prescrevem. Chegamos à conclusão de que não há independência entre os poderes, pois o STF, na prática, tem acobertado os crimes cometidos pelos componentes do Legislativo. Isto é um câncer para qualquer democracia no mundo.
O Brasil vive um momento crítico de sua história e o que se espera é que não seja preciso um derramar de sangue para que as coisas entrem no eixo. Uma coisa é certa alguma coisa precisa mudar. Veio o mensalão, depois de anos de julgamento e condenações; a coisa não parou e continuaram roubando, manipulando; veio a lava jato e agora tentam boicotá-la de todas as formas. Nós não podemos aceitar isto. Precisamos apoiar o juiz Sérgio Moro e toda a sua equipe (Ministério Público e Polícia Federal), que ariscaram as suas vidas para colocarem na cadeia estes criminosos do colarinho branco que causam mais danos à sociedade do que a maioria dos presos que estão hoje nos presídios brasileiros, pelas altíssimas quantias de dinheiro desviadas dos cofres públicos. Concluo com uma ilustre frase do saudoso Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”
Que Deus tenha misericórdia do nosso país.

Juvenal Oliveira
Apenas um cidadão brasileiro


terça-feira, 27 de março de 2018

SOMOS TODOS ESCRAVOS


Para quem acha que escravidão é coisa da Idade Média, está redondamente enganado, segundo um relatório da ONG Walk Free Foundation, divulgado no site do G1, em 30/05/2016, até então, havia cerca de 46 milhões de pessoas vivendo em regime de escravidão no mundo. Um número considerável de pessoas vivendo dominadas por algum tipo de subserviência. Estes dados se referem apenas aqueles que são obrigados a trabalhar em troca de alimentação, mas, se considerarmos que a definição da palavra escravo inclui também aquele que está submetido a alguma espécie de poder ou a uma força incontrolável, chegaremos à conclusão de que este número é insignificante diante de uma multidão indescritível de escravos espalhados por todo o planeta.
Segundo o relato do apóstolo João aqueles que vivem na prática do pecado são servos do Diabo que vive pecando desde o princípio, em contrapartida, aqueles que decidiram abandonar tal prática, deixaram de ser escravos do pecado e do Diabo, não obstante, passaram a ser escravos do Deus altíssimo (Rm 14.9-11). Espiritualmente falando, todos, sem exceção, são escravos, ainda que inconscientemente.  O apóstolo João faz a seguinte distinção entre ambos: “Os filhos de Deus e os filhos do Diabo” (1Jo 3.1-10). De acordo com os ensinamentos contidos na Bíblia, não existe meio termo ou qualquer possibilidade de alguém se abster desta decisão, ou se rende a um e repele ao outro e vice versa (Mt 6.24).  Isto tudo parece uma verdade difícil de ser digerida, afinal de contas quem é que admitiria ser considerado um escravo? Que termo mais humilhante! Ser um escravo significa não ter vontade própria; ser privado de liberdade; ser um capacho; pessoa desprovida da possibilidade de sonhar. Mas, como sempre há uma exceção às regras existem situações em que ser um escravo é uma prerrogativa.
Moisés liderava o povo pelo deserto após a saída do Egito e Deus lhe dera diversas instruções que eles deveriam observar e cumprir. Uma delas se referia ao tratamento para com os escravos que deveriam servir ao seu senhor por um período de seis anos consecutivos e no sétimo teriam o direito à liberdade. Entretanto, se este escravo decidisse voluntariamente continuar servindo ao seu senhor, ele deveria ter a sua orelha furada para distingui-lo dos demais (Ex 21.1-6). Quem olhasse para ele, saberia que ele era um escravo livre, ou seja, servia por amor e a sua vida já não fazia mais sentido fora da presença do seu senhor.
Quando alguém consegue compreender o tamanho do amor de Deus; a sua infinita misericórdia; a sua inefável graça; a sua fidelidade “apesar de” toda a miserabilidade humana. Quando se entende que os seus mandamentos não são no intuito de privar as pessoas de alcançarem a felicidade ou de puni-las por algum ato desfavorável e sim ensina-las a viverem melhor (1Jo 5.3; Sl 119.143; Dt 10.13). Enfim, quando se compreende o que ele foi capaz de fazer para salvar a humanidade enviando seu próprio filho para morrer em nosso lugar (Jo 3.16; Rm 5.8). Então, entendemos que não há absolutamente nada que possamos fazer que justifique tamanho amor. Normalmente ficamos tão gratos e constrangidos que decidimos voluntariamente nos tornarmos seus servos (2Co 5.14-15). Tornamo-nos “os escravos da orelha furada” para sempre. Que privilégio é este!!!

Juvenal Oliveira