quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O BÔNUS E O ÔNUS DE QUEM SERVE A DEUS


Uma das historias bíblicas mais lindas que já foi motivo de filmes e seriados na tv é a experiência vivida por José, um dos filhos de Jacó. Os fatos que envolvem a trajetória de vida deste homem espetacular encantam até mesmo aqueles que não gostam de religião.

José teve sua vida marcada por sonhos. Ainda adolescente, com cerca de dezessete anos, ele teve um sonho diferente de todos que já tivera até então, e, resolveu conta-lo a seus irmãos. Só havia um problema, o sonho revelaria um futuro onde eles e até mesmo o seu pai se inclinariam diante dele. Numa cultura judaica em que se levava muito a serio a questão dos direitos dos filhos mais velhos, admitir que um pirralho, muito mais novo seria senhor dos demais, era simplesmente algo inadmissível.
O sonho de José não era fruto de uma imaginação fértil ou de influências da sua rotina de vida, mas uma revelação do próprio Deus. Era um projeto audacioso em que o levaria a assumir a figura de um governador que exerceria comando além das próprias fronteiras do povo egípcio, ou seja, ele seria um dos homens de maior notoriedade da sua época. Que privilégio! Quem não gostaria de uma ascensão como esta? Muito dinheiro, fama, poder, status. Este seria um tipo de “bônus” que despertaria os desejos de muita gente. Pelo jeito José não tinha muita noção do que representava aquele sonho e muito menos do que teria que passar até a sua concretização. Entre a conquista daquele precioso “bônus”, infelizmente haveria um doloroso “ônus” a ser pago.
José foi humilhado e vendido como escravo pelos seus irmãos que o chamavam ironicamente de “o sonhador” (Gn 37.19). No Egito foi trabalhar na casa do comandante da guarda de faraó que assediado por sua mulher, injustamente, foi parar no calabouço, pois ela contou uma versão invertida dos fatos. Aquilo que parecia ser o fundo do poço, na verdade, seria o instrumento de Deus para concretização dos seus planos na vida do seu filho. Na prisão ele decifra os sonhos do padeiro e do copeiro do rei (Gn 40. 5-13). Logo depois faraó teve também um sonho que nenhum dos seus magos conseguiu decifrar. Então aquele copeiro contou a ele como José tinha decifrado o seu. Faraó manda chamar José que dá a interpretação do seu sonho. Ele designa a José como governador sobre todo o Egito e passa a ser um dos homens mais poderosos da sua época (Gn 39.44). José foi o instrumento que Deus usou para impedir que milhares de pessoas morressem, inclusive toda a sua família, pela escassez de alimento que assolava a terra naquele período.
É muito bom sonhar. Ter bons planos para o futuro. Querer alcançar a excelência. Chegar ao topo, mas poucos estão dispostos a pagar o preço. Querem apenas o bônus e se negam a ter que pagar o ônus.
Eu não sei quais são os seus sonhos para o futuro, mas uma coisa é certa você tem que estar preparado para a trajetória que terá que percorrer até a linha de chegada. Normalmente precisaremos vencer obstáculos, oposições, sofrimentos, angústias, solidão e muito mais, não obstante, no final de tudo chegará à conclusão de que valeu a pena pagar os “ônus” da vida. Jesus disse que no mundo passaríamos por aflições (ônus), mas que tivéssemos bom ânimo, pois assim como ele venceu, nós também venceríamos. Esta vitória significa, dentre tantas outras coisas, estar com ele no céu para toda a eternidade, o melhor de todos os bônus (Jo 16.33).

Juvenal Oliveira

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O ISAQUE NOSSO DE CADA DIA




Em se tratando de futebol, esporte predileto dos brasileiros, há quem afirme que ser vice numa competição é a mesma coisa que não ser nada, ou seja, o que importa é ser campeão e não apenas conseguir uma boa classificação. Esta filosofia, se é que se pode chamar assim, não é exclusividade dos amantes do futebol. Prosseguindo nesta mesma linha de pensamento, Deus também não admite que o homem o coloque em segundo lugar em sua vida.
Yahweh escolheu um homem para ser seu amigo íntimo e lhe fez muitas promessas, dentre elas a de ser pai de muitas nações (Gn 17.1-8). Só havia um pequeno obstáculo para que esta promessa se cumprisse, Abraão já tinha noventa e nove anos de idade e a sua esposa, também idosa, já havia encerrado o seu ciclo menstrual, quer dizer, humanamente impossível (Gn 18.11-14). Como todo o casal, ter um filho deveria ser o grande sonho da vida deles e apesar de toda a riqueza que possuíam não se sentiam plenamente realizados. Depois de um ano nasceu Isaque, primeiro fruto das inúmeras promessas concedidas àquele grande patriarca.  Finalmente a alegria havia chegado aquele lar (Gn 21.6).
Passado alguns anos, Abraão recebe uma ordem do Senhor que abalaria as suas estruturas. Ele pede em sacrifício aquele a quem mais amava, Isaque, o filho da promessa (Gn 22.1-2). Como assim Deus? Não foi o Senhor mesmo que me deu? O Senhor completou a nossa alegria para depois retirá-la? O que será da minha esposa, ela simplesmente vai morrer de tanto desgosto? Abraão tinha razões de sobra para fazer todas estas indagações. Mas, ele não fez nenhuma delas, obedeceu prontamente, crendo que o mesmo Deus que havia concedido Isaque, seria capaz de até mesmo ressuscitá-lo dentre os mortos (Gn 22.3-10; Hb 11.17-19). Que fé é esta minha gente! Que amor incondicional ao Eterno é este! Se Deus é onisciente porque será então que ele pediu tal prova a este homem, deixando-o chegar tão perto de concretizar o sacrifício de seu filho? Talvez quisesse estabelecer um padrão de relacionamento entre criatura e criador e escolheu como protótipo aquele que viria a ser considerado o pai da fé e de muitas nações. Aquele que diante de tantas virtudes que possuía, se destacou pelo amor demonstrado ao Senhor sobre todas as demais coisas.
Dentre todos os mandamentos da tábua de Moisés que regiam o povo em todo o período velho testamentário, Jesus os resume em dois, sendo o primeiro o seguinte: “... Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. (Mt 22.37).
Portanto, Deus nunca admitiu e jamais admitirá ficar em segundo plano na vida de alguém. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: Qual é o seu e o meu Isaque hoje? O que tem se tornado mais importante do que o próprio Deus em nossa vida? Seria um familiar; um relacionamento; o trabalho; estudos; um entretenimento qualquer, seja ele um esporte, internet, jogos de azar, programas televisivos, et.; ou até mesmo um ativismo religioso. Abraão nos deixa um grande testemunho de como devemos agir diante dos “Isaques” que surgem cotidianamente em nossas vidas, muitas vezes, com uma ajudazinha do inimigo de nossas almas. Devemos rebaixa-lo, retira-lo do trono, trono este que deve ser exclusividade do Altíssimo (Is 42.8; Mt 6.33; Gl 2.20; Fl 3.7-9; Tg 4.5).

Juvenal Oliveira