Mais nefasta que uma mentira é uma meia
verdade. A igreja cristã desde a sua origem tem lutado contra os falsos
ensinos. Uma mentira é logo rechaçada, mas, uma meia verdade pode enganar muita
gente. O apóstolo Paulo em suas cartas as igrejas, advertiu inúmeras vezes
sobre o perigo dos ensinos fraudulentos em relação ao evangelho de Cristo. (Gl.
1.8; Rm. 16.17-18; Fl. 3. 17-21; 1Tm. 1. 3-7, 6. 3-10).
Dentre tantos ensinos perniciosos no meio
cristão na atualidade está a chamada “Doutrina da Prosperidade”. Esta
doutrina ensina que todo cristão deve prosperar, dando ênfase ao
enriquecimento, ao acúmulo de bens e a busca por um estilo de vida com toda abastança.
Ensina ainda que aqueles que não conseguem ser bem-sucedidos é porque tem pouca
fé ou porque “semeiam pouco”, uma expressão utilizada para aqueles que não
contribuem com a sua igreja de maneira satisfatória, ou seja, quanto maior for
a contribuição, segundo eles, maiores serão as bênçãos recebidas. Este conceito
menospreza a salvação, deixando-a em segundo plano; pouco fala sobre a vida eterna
nos céus, o seu evangelho é terreno. Cita como exemplo alguns personagens
bíblicos que foram ricos para sustentar a sua tese. Os líderes deste movimento
procuram ostentar, vivendo um padrão de vida acima da média, a fim de persuadir
os seus fiéis.
Não existe fundamento algum para tal ensino. Toda
a base para o Cristianismo está estabelecida nos ensinamentos do próprio Cristo
e não em outros personagens por mais importantes e significativos que tenham
sido. O nosso mestre nasceu numa manjedoura, disse que não tinha onde reclinar
a sua cabeça, inclusive, este foi um dos motivos que levaram os judeus a o
rejeitarem, pois, eles esperavam um Messias cheio de pompa, assentado em um
trono terreno (Lc. 9.58). Ensinou que não deveríamos acumular riquezas neste
mundo, onde a traça, a ferrugem e os ladrões as consomem, mas, nos céus (Mt.
6.19-21). Contou uma parábola para os seus discípulos sobre um homem que vivera
em função de acumular riquezas e a advertência para ele foi a seguinte: “Louco!
esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” Jesus
sabe o perigo da busca desequilibrada por riquezas e a possibilidade do homem
se tornar avarento e escravo da mesma (Lc. 12. 13-20). Disse para um grupo de
publicanos que não deveriam pedir mais do que lhes estava ordenado, mas, que
deveriam se contentar com os seus soldos (Lc. 3. 13-14). Após o contato com um
jovem rico que não quis abrir mão de suas riquezas para segui-lo, alertou os
seus ouvintes do quanto é difícil um rico entrar no reino dos céus, pois, a
tendência humana é colocar o seu coração nas riquezas (Mt. 19. 16-30). Em
nenhum momento Jesus prometeu para aqueles que o seguissem, obter
enriquecimento milagroso, sem trabalhar honestamente e arduamente; Não prometeu
para os seus discípulos que usufruiriam “o melhor desta terra”, pelo contrário,
reagiu a uma multidão interesseira dizendo: “trabalhai, não pela comida que
perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos
dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo”.
Cristo veio a este mundo com único objetivo: Saldar
a nossa dívida, salvando a todos quanto o reconhecerem como senhor e salvador.
Reconduzir o homem perdido novamente a Deus e não simplesmente lhe oferecer
riquezas terrenas (Mt. 18.11; Jo. 3.17; Cl 2. 13-14; 1 Tm. 1.15; Hb. 9. 15).
Sendo assim, compreendemos que Cristo em nenhum
momento faz apologia a pobreza ou inibe as pessoas a prosperarem
financeiramente, entretanto, faz questão de enfatizar a busca pelo Reino de
Deus em primeiro lugar e, como consequência desta atitude, tudo o que for necessário para
termos uma vida digna, Ele nos dará (Mt 6. 33). A isto sim podemos
chamar de uma verdadeira vida próspera.
Soli Deo Glória!!!
Juvenal Mariano de Oliveira Netto
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