segunda-feira, 1 de junho de 2015

MUITO CUIDADO COM AS PERDAS DESPERCEBIDAS


Que transtorno para nós quando perdemos alguma coisa, compromissos muitas vezes precisam ser adiados ou cancelados pela falta de tal objeto, essencial para o momento. O pior de tudo não é o fato da perda em si, isto é natural, pois coisas são perdidas a todo o momento por todos, mas sim quando temos a convicção de que o que perdemos estava o tempo todo dentro de casa. Alguns diante desta experiência, afirmam categoricamente: Eu não o perdi, ele está em algum lugar por aqui, tenho certeza, em algum momento o acharei. Mas a verdade é que o fato de termos a certeza de que o objeto está dentro da residência, não significa que não esteja perdido, até que esteja novamente alcançável e disponível. Até que se encontre, qual a diferença de algo que esteja perdido, mesmo que seja dentro da própria casa ou em qualquer outro lugar, o fato é que ele está perdido e ponto. A pior perda não é aquela visível, óbvia, aparente, mas aquela que não percebemos de imediato, pois os seus danos poderão ser irreparáveis.
Citei como introdução a perda de um objeto apenas para facilitar o entendimento daquilo que pretendo abordar mais adiante que está dentro do assunto em foco, porém muito mais importante e valioso do que qualquer que seja o objeto narrado inicialmente.  
Há alguns anos atrás, o simples fato de termos a nossa família dentro dos muros que delimitam a nossa propriedade, já era suficiente para ficarmos totalmente despreocupados, pois tínhamos a garantia de que estaríamos seguros. Com o advento da internet, whatsapp e CIA, as coisas mudaram, as pessoas acessam o mundo inteiro de dentro de suas casas. Confesso que não sei ainda o que é mais perigoso, se o mundo físico, real ou o mundo virtual, onde não conseguimos ver rostos, caráter e muitas outras coisas mais que são importantíssimas para obtermos um relacionamento confiável, ainda que não na sua totalidade, pois isto seria uma utopia. A verdade é que muitos estão despercebidos quanto à evolução do mundo e ainda creem que a sua família está a salvo dentro de sua casa. Ledo engano, muitos maridos, esposas e filhos vêm traçando um caminho extremamente perigoso que se originou a partir de seu próprio lar ao acessarem indevidamente as redes sociais. Poderia pontuar uma série de experiências amargas vividas por muitas famílias, tais como: Divórcio, adultério, inicialização na prostituição, uso de drogas lícitas e ilícitas, envolvimento com o tráfico de drogas, exposição moral, gravidez indesejada, bullying, abuso sexual, violência e até a própria morte. Fato é que existem famílias perdidas dentro de suas próprias casas.
A segunda perda despercebida que gostaria de abordar é em relação à vida espiritual, saindo da avaliação em grupo, no caso a família, partindo agora para o individual. Existe uma palavra que tem sido muito utilizada na atualidade que, particularmente, a cada dia venho tentando me desvincular dela, a palavra “evangélico”. Infelizmente hoje o termo “evangélico” se tornou, na prática, a banalização do cristianismo. Talvez você me questione o que isto tem a ver com o assunto? Diria sem medo de errar que existe uma grande multidão de “evangélicos” perdidos dentro da casa do Pai. A religião lhes dá uma falsa sensação de segurança.
Apesar da parábola do filho pródigo (Lc 15. 11-32) parecer dar ênfase ao filho caçula que saiu da casa de seu pai e gastou toda a sua herança, podemos aprender muito com a experiência do filho mais velho. O seu comportamento narrado nesta parábola demonstra nuances de seu caráter, de alguém, que apesar de estar dentro de casa, não conhecia verdadeiramente o seu Pai. Existe ainda um fator agravante nos chamados “evangélicos” de hoje, além de demonstrarem não conhecerem verdadeiramente ao Pai pelo seu testemunho, também vivem em desobediência a sua Palavra, algo que pelo menos este filho mais velho da parábola não fazia, apesar dele não conhecê-lo a fundo, o obedecia.
Levantei neste texto duas situações de perdas despercebidas, ou seja, aquelas que não conseguimos enxergá-las de imediato, que como narrei inicialmente são as mais perigosas pelo fato da grande probabilidade de não haver tempo suficiente para retornar, ou “se achar”.
Ainda falando acerca da parábola, na narrativa do Dr. Lucas, no versículo 17, ele diz que o filho mais novo, o pródigo, caiu em si, como se estivesse saído de um transe, acordou para a realidade espiritual e retornou para a casa do Pai.
Portanto este é o tempo de sairmos todos do transe, nós maridos, esposas, filhos e “evangélicos” e voltarmos urgentemente à casa do Pai, Ele está de braços abertos a receber a cada um de seus filhos que se perderam dentro de suas próprias casas, só tenhamos o cuidado de não abusarmos do tempo, porque como disse o profeta Isaías: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. (Is 55.6). O tempo se chama “hoje”.

Soli Deo Glória

Juvenal M. de Oliveira Netto 

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