terça-feira, 2 de junho de 2015

A VOZ DO CORAÇÃO



        Existe um som que nenhum homem é capaz de ouvi-lo, nem mesmo os ouvidos mais bem treinados dos melhores musicistas que já existiram seriam capazes de detectá-lo.
  O seu poder de alcance transcende a todos os demais sons, pois é capaz de ultrapassar o 1º céu; de transpor todas as galáxias existentes no 2º céu e ainda, chegar até o 3º céu, que é onde está localizada a morada do Altíssimo, o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
    Estava Ele num belo dia assentado sobre o seu alto e sublime trono envolto de um belo coral de anjos, querubins e serafins que entoavam a mais bela canção: “Santo, santo, Santo é o Deus Todo-Poderoso...” de repente chega aos seus ouvidos um som diferente.
   Ele ordena que a orquestra pare por alguns minutos para que possa ouvir melhor aquela nova melodia que acabava de chegar. Este som não lhe era estranho, já o ouvira outras vezes, porém não com tamanha intensidade. Era a voz do coração de uma pobre mulher atribulada de espírito, cansada de tanto ser humilhada por uma sociedade que a discriminava pelo fato de não poder gerar filhos. Já tinha feito de tudo, tomado todos os chás possíveis e indicados pelos melhores curandeiros da época, mas agora chegara à conclusão de que precisava mesmo de um milagre.
        Nesta sua luta insistente e incessante pela cura, não tinha mais forças, os seus lábios já não produziam som algum. Neste instante Ana se lembrou dos ensinamentos adquiridos desde a sua infância, de um Deus que é sensível ao som produzido, não apenas por lábios, ou pelas 69 cordas vocais existentes no corpo humano, mas por um coração sincero e contrito.
        Ela vai em direção ao santuário disposta a usar a sua última arma, a sua última estratégia, o seu último recurso. Põe-se de joelhos e começa a orar insistentemente, dos seus lábios sai um som incapaz de chegar ao seu destino. Ela continua, não se dá por vencida, apesar da exaustão física e mental e da perda da sua voz, ela agora só balbucia. O sacerdote Eli, erradamente, chega a classificá-la como uma bêbada, mas ela não se deixa abater, está determinada, concentrada, focada no seu objetivo. Ela consegue produzir um som diferente, som que sai do seu coração. O som produzido por ele rompe todas as barreiras existentes no universo e chega ao trono da graça e toca o coração do Pai.
           Seria impossível para Ele não fazer nada, não atender aquele apelo, pois teria de ir contra a sua natureza (sempre fiel – 2ªTm 2.13), os seus próprios ensinamentos, teria que quebrar as suas regras. Ele havia prometido que todo aquele que o buscasse de todo o seu coração, o encontraria (Dt 4.29; Jr 29.13; Sl 51.17). Ana o encontrou e como resultado deste encontro, obteve o seu milagre. Deus abriu a sua madre e ela deu a luz a um lindo bebê, que veio a se chamar Samuel, um dos maiores líderes de Israel no Velho Testamento, tendo sido profeta, sacerdote e juiz.
        Esta experiência vivida por Ana há tantos anos atrás não é algo preso ao passado, pelo contrário, pode se repetir hoje comigo e com você, pois o Senhor é imutável e estará sempre pronto a ouvir o som do nosso coração (Is 55.6).

Soli Deo Glória


Juvenal Mariano de Oliveira Netto

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