Por
muitos anos acreditei que o orgulho, a altivez de espírito, enfim, a
arrogância, fosse algo exclusivo dos ricos e poderosos. Com o passar do tempo e
já bem mais maduro, cheguei à conclusão de que estava totalmente equivocado. A
altivez e a arrogância são características inerentes aos seres humanos, talvez
pela ação danosa do pecado herdado do primeiro homem, independentemente de sua
condição social ou financeira, pois já tive o privilégio de conhecer e conviver
com pessoas, que apesar de serem ricas e influentes na sociedade, demonstravam
uma incrível humildade e simplicidade. Do mesmo modo conheci pessoas pobres,
carentes, desprovidas de todos os recursos indispensáveis para se viver com um
mínimo de dignidade e, nem por isso, deixaram de ser orgulhosas e prepotentes.
Deus
escolheu uma tribo chamada “Israel” para servir de modelo para os demais povos.
Eles foram educados, preparados para influenciarem o mundo, mas este povo tinha
dentre tantos outros defeitos, um que deixava irado o Criador. Por diversas
vezes Deus usava os seus profetas para advertir aquela tribo e uma das frases dele
que se tornou corriqueira no Antigo Testamento foi a seguinte: “Este povo é de
dura cerviz”, ou seja, de coração duro; que não se dobra facilmente parecia que
a coluna deles vivia engessada a todo o tempo a ponto de impedi-los de se
dobrarem, mesmo vivendo as piores experiências possíveis.
O
profeta Jeremias escreve um livro chamado de Lamentações. Este nome não se dá
por acaso, pois é a narrativa de lamentações de um povo sofrendo terrivelmente
o cativeiro babilônico por um período de aproximadamente 70 anos. Pelo poder do
exército inimigo na época, o de Nabucodonosor, seria quase impossível para
aquela tribo se libertar da escravidão e poder voltar a ter uma vida livre e
feliz.
Hoje,
apesar de o contexto ser totalmente diferente da época narrada, assim como
aquela tribo, existem multidões sofrendo horrores tais como: Miséria em todos
os aspectos, desde a social até a conceitual; aprisionamento dos mais variados
possíveis, desde um relacionamento problemático até ao uso indiscriminado de
entorpecentes; enfermidades de diversas origens, principalmente as chamadas
psicossomáticas, ou seja, doenças na alma e
ainda a presunção e a altivez que faz com que muitos não se dobrem e achem que
mesmo sozinhos poderão vencer as lutas do dia a dia.
.
O
profeta ao se deparar com a situação daquele povo começa a descrever os seus
lamentos, parece que na tentativa de mostrar para aquelas pessoas que existia
uma saída, talvez única. A verdade é que não existia uma solução mágica, sem
esforços ou mudanças, era preciso, primeiramente retirar o gesso das costas.
Precisavam reconhecer os seus erros e, em reconhecendo, se dobrarem diante
daquele que poderia mudar o quadro de suas vidas para sempre, o Senhor do
universo.
Jeremias
no versículo 29, do capítulo 3, trás uma solução simples para solucionar o
problema daquela Tribo e utiliza a seguinte expressão: “Ponha a boca no pó,
talvez ainda haja esperança”. O que ele queria dizer com esta expressão?
Em
primeiro lugar, aquelas pessoas precisavam reconhecer o seu estado de pequenez,
de impotência, de miserabilidade, de fragilidade e limitação. Precisavam
abandonar a arrogância, a presunção, a autossuficiência e a autoconfiança. Para
um homem, por a boca no pó, significa se dobrar totalmente até ao ponto de seus
lábios tocarem o solo e a sua coluna formar um ângulo convexo. É a figura da
criatura se rendendo totalmente ao criador.
Em
segundo lugar, ele afirma que fazendo isto, deve haver ainda uma esperança, ou
seja, há uma grande probabilidade de Deus intervir na situação, no problema, na
luta, no desafio, enfim, mudar a minha e a sua história, assim como fez com
Israel, dando-lhe uma segunda chance e permitindo-lhes voltar para a sua cidade
natal e recomeçarem as suas vidas livres da opressão e do cativeiro.
O
termo “dura cerviz” aparece na bíblia por volta de 18 vezes e a palavra “humilhar”
e suas derivações aparece cerca de 69 vezes. Para cada vez que Deus adverte o seu
povo de sua condição e causa, Ele ordena três vezes mais a se humilharem, como
condição básica de serem tocados e libertos.
Portanto
se as coisas estão difíceis, para não empregar a palavra “impossível”, sigamos
a orientação do profeta Jeremias e nos curvemos totalmente diante daquele que
tem poder para operar infinitamente mais do que tudo aquilo que pedimos ou
pensamos, segundo o poder que opera em nós, Cristo Jesus, pois, a luz da bíblia
não nos restará outra opção se não esta. ( Lc 14.11e 18.14; Ef 3.20)
Soli
Deo Glória
Juvenal
M. de Oliveira Netto
Nenhum comentário:
Postar um comentário