domingo, 24 de maio de 2015

O GRANDE DESAFIO DE VIVERMOS NO EQUILÍBRIO

      

 O ecossistema é a unidade principal de estudo da ecologia e pode ser definido como um sistema composto pelos seres vivos, o local onde eles vivem e todas as relações destes com o meio e entre si. Há um equilíbrio fantástico na natureza criada por Deus, tudo está interligado. O homem tem interagido com o seu habitat de forma danosa, desequilibrada, causando destruição e gerando um dos principais problemas ambientais da atualidade que, segundo os grandes cientistas, podem ser irreversíveis. Para a Física, o equilíbrio significa o estado de um corpo que se mantém sobre um apoio, sem se inclinar para nenhum dos lados, isto parece tão simples e óbvio, porém o homem parece tender mais para a figura de um pêndulo, ou seja, realizando movimento isócrono de vaivém, ora está numa extremidade, ora noutra. Enquanto que o desejo de Deus para todos nós, em todos os aspectos, em todas as áreas da vida, é o meio termo, o equilíbrio, demonstrado e ensinado por Ele em toda a sua criação. Em décadas passadas vivemos no Brasil o período chamado de “Ditadura Militar”, onde afirmavam que éramos cerceados de direitos considerados indispensáveis para o desenvolvimento de uma sociedade justa, que viesse a gerar uma alta qualidade de vida para todos, ou, pelo menos para a grande maioria dos seus indivíduos. Diziam que tudo era censurado e reprimido e isto parecia se refletir até na educação nos lares por pais altamente ríspidos e autoritários que não conseguiam dialogar com os seus filhos e que resolviam tudo na base do chicote. Clamou-se por mudanças e hoje, finalmente, saímos das garras daquela ditadura que parecia cruel, será mesmo? Tínhamos tudo para melhorarmos, crescermos, sairmos do subdesenvolvimento, alcançarmos patamares mais altos, evoluirmos, porém se optou por avançar demais, caminhando em direção ao outro extremo, o neoliberalismo. Hoje o que se define por democracia, na verdade, não seria uma anarquia? Onde não há limites, não se pode dizer
não a um filho, não há respeito, não se cumpre regras e normas. Tornamos-nos uma terra sem lei, onde os traficantes ostentam os seus fuzis livremente a luz do dia em meio às autoridades policiais impotentes, que se sentem engolidos pelo sistema altamente falido em que estão inseridos. Enquanto isto, observamos os cidadãos de bem deste país vivendo enclausurados nas suas residências dependendo cada vez mais de equipamentos de segurança que lhes dê uma maior garantia de sobrevivência. No mundo competitivo e consumista em que vivemos outro desafio para todos nós é mantermos o equilíbrio em relação a nossa vida financeira. Como viver sem avareza, sem o domínio do vil metal e ao mesmo tempo não ser irresponsável nos gastos orçamentários, não ser um esbanjador, enfim, um consumista compulsivo? Hoje muitos são os que administram as suas finanças de forma desequilibrada e pagam um alto preço por isto, mas este não é o desejo do Pai para todos nós, o seu desejo é sermos mordomos equilibrados (Sl 62.10b; Pv 30.8; Mt 6.24). Poderia escrever centenas de páginas sobre este assunto, falando sobre o equilíbrio nas diversas áreas da vida tais como, profissional, sentimental, etc., mas quero finalizar abordando a questão do equilíbrio na vida espiritual. Para isto terei que fazer subdivisões pela abrangência e importância do tema na principal área de nossas vidas. O primeiro aspecto que gostaria de abordar é o extremismo existente entre o conhecimento bíblico teórico e a devoção, ou a oração. Podemos identificar claramente estes grupos distintos nas diversas ramificações cristãs religiosas. O primeiro grupo extremista, afirma que os milagres cessaram, que é algo do passado apenas para que todos identificassem a Jesus como Deus e para defenderem as suas teses, mergulham fundo na “letra”. Este grupo se preocupa em extremo apenas com a teoria, com o conhecimento. Preocupa-se em utilizar palavras rebuscadas para impressionar aos seus ouvintes. Desprezam as reuniões mais longas de oração, as vigílias, não se preocupam em insistir na oração em busca de um milagre.
O segundo grupo tão extremista quanto o primeiro, desdenha do conhecimento bíblico aprofundado. A sua ênfase está na “profecia”, nas reuniões de consagração, nas subidas ao monte, nas revelações, nos sinais e prodígios. E a pergunta é: Quem está certo? Nenhum dos dois. Jesus repreende severamente os religiosos da época, chamados de Escribas e Fariseus, dizendo que eles estavam totalmente equivocados em suas crenças porque não conheciam as “ESCRITURAS” nem o “PODER DE DEUS” (Mt 22. 29). Precisamos conhecer profundamente a bíblia para não corrermos o risco de sermos enganados pelos falsos profetas, já que ela é a única profecia selada (Gl 1.8; Ap 22. 18-19), mas também não podemos ignorar, descartar a importância da busca a Deus através de uma vida de oração. O próprio Jesus nos incentiva a insistir na oração, prova disto está na parábola do juiz iníquo contada por Ele (Lc 18: 1-14). Lembrando sempre que a letra mata, mas o Espírito vivifica (2 Co 3.6). O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) e não a nossa oratória por mais eloquente que seja. Ainda falando sobre a questão da espiritualidade, vemos muitas pessoas que no afã de realizar a “Obra do Senhor”, perderam os seus familiares. Que triste realidade a de alguém que ganha muitas almas para o Reino de Deus e perde a sua própria família para o Diabo, isto porque caminharam por um caminho extremo. Sem contar que nem tudo que afirmam ser “Obra do Senhor”, o é realmente, ou não passa de um ativismo religioso. Para algumas pessoas fazer a “Obra do Senhor” não passa de uma simples terapia ocupacional e prova disto é que apesar de empregarem muita energia nas tarefas realizadas, não conseguimos visualizar os seus frutos, algo que realmente testificará acerca da verdadeira Obra do Senhor. Já outros se tornaram negligentes para com o seu chamado em detrimento de uma importância exagerada sobre os seus familiares. Reconhecem o peso da responsabilidade, que estão lidando com vidas, mas o ignoram, como um médico que, mesmo fazendo o seu juramento pós-faculdade de jamais se negar a tentar
salvar uma vida, depois de algum tempo, durante o exercício de sua profissão, o fazem sem o menor constrangimento. Qual é o desejo de Deus para este assunto em especial? O seu desejo é que estipulemos sim as prioridades, porém sem negligenciar nenhuma delas, vivendo o seu ministério, o seu chamado de forma equilibrada. Dentro ainda do subtema espiritualidade, existem pessoas que espiritualizam tudo, tudo é lançado na conta de Deus ou do Diabo. Querem viver como se fossem extraterrestres, distante da realidade do mundo. Acreditam em todos os modismos religiosos que surgem a cada momento, sem ao menos verificar a sua autenticidade na bíblia sagrada. Acreditam que para tudo deve haver uma resposta envolvendo o sobrenatural. São facilmente enganados pelos falsos profetas, pois se deixam levar simplesmente pela emoção. Para estas pessoas o que vale é o que se sente, a sua experiência ou a de outrem, vividas a cada momento. Todas as doenças existentes no mundo, para elas deve ter um fundo espiritual. A contraposto disto há aqueles que menosprezam o mundo espiritual, vivem como se o céu fosse aqui na terra. Estão preocupados apenas com o aqui e agora, debocham da realidade da batalha espiritual como se ela fosse apenas uma fantasia. Para estas pessoas, quase tudo “não tem nada a ver”, chegam a ser céticas e estão sempre avaliando tudo pela razão. Precisamos entender que, apesar de Deus exigir de todos nós a santidade, não seremos retirados do convívio daqueles que vivem em trevas, pelo contrário precisamos resplandecer como luzeiros. Há a necessidade de discernirmos e entendermos que existem enfermidades comuns do dia a dia, porém há também aquelas de ordem espiritual. Precisamos buscar o meio termo entre a fé e a razão. Paulo escrevendo ao Jovem Pastor Timóteo disse o seguinte: “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, amor e de moderação (equilíbrio)” (2Tm 1.7). O desejo de Deus para as nossas vidas, em todas as
áreas, sem exceção, é que vivamos equilibradamente, para isto precisaremos do Espírito Santo de Deus agindo e reinando em nós a fim de que o nosso pêndulo seja travado ao centro, longe das extremidades e experimentemos uma vida de equilíbrio no centro da vontade de Deus.

Soli Deo Glória 

Juvenal M. de Oliveira Netto

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